O papel de um bom líder vem sendo ressignificado. Os conceitos de “chefe” e “líder” já estão bem distintos e distantes. Um não quer dizer o outro. Uma boa liderança é aquela que inspira, que busca o melhor para colaboradores, zela pela transparência e inteligência emocional. Liderar não é apontar o melhor caminho, mas desbrava-lo. Na verdade, é abrir o caminho para que os demais possam percorrê-lo.
Isso já foi entendido. Mas o que vem a seguir? Com tantas mudanças e um mundo corporativo cada vez mais dinâmico, cabe ao líder não apenas orientar no tempo presente, mas antever o futuro.
Para saber o que esperar desse novo tempo, o Economia PR Drops conversou com Antonella Satyro, CEO da Líderes que Curam T&D. Além disso, Antonella é mentora de líderes e CEOs, advisor de Inovação & Future Skills, investidora anjo, Board Member, TEDx e Keynote Speaker, Palestrante, autora do livro “Líderes que Curam” e Linkedin Top Voice. Confira na íntegra abaixo:
Quais são os diferentes estilos de liderança que você observa em líderes de sucesso e como eles impactam suas equipes?
Antonella: Nos líderes do futuro, observamos uma diversidade de estilos de liderança que impactam profundamente suas equipes. Alguns adotam uma abordagem mais diretiva, estabelecendo metas claras e acompanhando de perto o trabalho de seus liderados. Outros preferem um estilo mais participativo, envolvendo a equipe nas decisões e valorizando a colaboração. Há também aqueles que cultivam um ambiente de confiança e empatia, priorizando o desenvolvimento pessoal e o bem-estar de seus colaboradores. Porém, vale ressaltar dois segredos dos grandes líderes em relação aos diferentes estilos de liderança:
- O líder do futuro combina todos esses estilos
- O líder que cura e que é estratégico vê com clareza e consciência qual estilo ou posicionamento utilizar em cada situação para maximizar a motivação, o engajamento e a melhor performance da sua equipe.
Para as lideranças que combinam esses dois segredos, o índice de bem-estar se torna 2,19 superior; a experiência do cliente aumenta 1,47 vezes; a performance ESG em 1,76 e a rentabilidade da empresa aumenta em quase 5 vezes (Humanizadas, 2022).
Quais são os maiores desafios que os líderes enfrentam atualmente e como superá-los?
Antonella: Atualmente, os maiores desafios enfrentados pelos líderes incluem a necessidade de se adaptar rapidamente a um mercado em constante transformação, lidar com a diversidade da força de trabalho e fomentar a inovação em um ambiente cada vez mais competitivo. Também vale ressaltar um desafio bastante profundo, se não o mais difícil que temos enfrentado nas empresas: 60% das pessoas emocionalmente desengajadas (State of Global Workplace, 2022); +30% de demissões voluntárias em 2023 (FIRJAN, 2023); síndrome de burnout que acomete 30% dos trabalhadores brasileiros (Associação Nacional de Medicina do Trabalho – Anamt – 2023). Para superá-los, os líderes do futuro (e que curam) investem em uma comunicação transparente, na construção de relacionamentos sólidos, no empoderamento de suas equipes e na construção de ambientes emocionalmente seguros, estimulando a autonomia e a criatividade para construir equipes motivadas, engajadas e de melhor performance.
Como os líderes podem fomentar uma cultura de inovação dentro de suas organizações?
Antonella: A liderança humanizada desempenha um papel crucial na criação de uma cultura organizacional propícia à inovação. Esses líderes incentivam em primeiro lugar a experimentação, a troca de ideias e a aprendizagem contínua, estabelecendo um ambiente psicologicamente seguro, no qual os colaboradores sentem-se confortáveis para assumir riscos e compartilhar suas perspectivas. Líderes que curam também investem em processos e frameworks que possibilitam que a inovação seja prática como por exemplo, gerando sprints de inovação para que as pessoas possam e tenham tempo para dedicar para isso (do contrário pouquíssimos colaboradores gerarão por si mesmos) e outro exemplo legal de citar é trazer o diagrama de Harvard da inovação que classifica as ideias em 3 estágios: core, adjacente e transformacional para gerar brainstormings ou brainwritings coletivos focando no problema e em potenciais soluções.
Quais são as habilidades que você considera essenciais para os líderes do futuro e como elas podem ser desenvolvidas?
Antonella: As habilidades essenciais para os líderes que curam incluem a empatia, a agilidade em lidar com a mudança, a habilidade de inspirar e engajar equipes diversas, uma mentalidade voltada para o desenvolvimento das pessoas, pensamento analítico e estratégico para colocar mudanças, planos, processos e resultados em ação. Essas competências podem ser desenvolvidas por meio de programas de mentoria, coaching e oportunidades de aprendizagem contínua.
O que a inspirou a escrever “Líderes que Curam” e qual a mensagem central que você deseja transmitir com este livro?
Antonella: Minha obra “Líderes que Curam” foi inspirada pela convicção de que a liderança é muito mais do que apenas atingir metas e resultados. Ela deve ser enraizada na compreensão das necessidades humanas, na construção de relacionamentos significativos e no cultivo de um ambiente que permita que as pessoas floresçam. Aliar 3 pilares fundamentais: pessoas, processos e resultados é a cura que precisamos nas organizações. A mensagem central deste livro é a de que líderes emocionalmente inteligentes, que cuidam de suas equipes, que têm processos sólidos pautados no desenvolvimento real e genuíno aliados aos objetivos estratégicos das organizações, criam empresas mais resilientes, inovadoras e humanizadas, além de trazer quase 5 vezes mais resultados como foi citado anteriormente.
Como você define a liderança humanizada e quais são os seus principais pilares?
Antonella: A liderança humanizada é definida por três pilares essenciais: a valorização do ser humano, a promoção do bem-estar e a construção de uma cultura de propósito compartilhado. Esses líderes colocam as pessoas no centro de suas prioridades, fomentando o desenvolvimento pessoal, a autonomia e a conexão entre a vida profissional e pessoal.
Por que a humanização na liderança é crucial no ambiente corporativo atual?
Antonella: A humanização na liderança é crucial no ambiente corporativo atual, pois possibilita que as organizações atraiam, desenvolvam e retenham talentos altamente engajados, inovadores e dedicados. Além disso, essa abordagem inspira maior confiança, colaboração e responsabilidade compartilhada, permitindo que as equipes enfrentem os desafios de forma resiliente e alinhada com os objetivos estratégicos da empresa.