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Depois de ter ideia recusada, ele fundou a GrowinCo, o “AirBnb das indústrias”

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Foto: Divulgação

De acordo com o Relatório Global de Cultura de 2024 da O.C. Tanner, cerca de 35% dos gestores relatam que os líderes seniores minimizam ou rejeitam suas ideias. As razões variam, mas os principais motivos são falta de confiança, resistência a mudanças, medo de falhar e falta de recursos. Esse último caso foi o que aconteceu com Raphael Traticoski, o que o motivou a fundar a GrowinCo, o “Airbnb das indústrias”.

Com escritórios em Curitiba, Chicago e Amsterdã, a startup opera em mercados no Brasil, nas Américas e na Europa, contando com uma equipe de 33 colaboradores. Atualmente, a GrowinCo apoia mais de 17 mil indústrias na utilização de suas capacidades ociosas e no lançamento de novos produtos, movimentando US$1,5 bilhões em GMV (Volume Bruto de Mercadoria) nos últimos 12 meses, com previsão de alcançar US$2 bilhões até o final do ano.

Para saber mais sobre a startup, o Economia PR Drops conversou com Raphael, que compartilha os desafios, conquistas e próximos passos da GrowinCo. Confira:

Como surgiu o insight para a criação da GrowinCo?

Raphael: Eu e Alejandro, dois dos três fundadores da GrowinCo, trabalhávamos em cargos de alta gerência na Mondelez, uma gigante do setor de alimentos, quando identificamos uma grande dificuldade: a empresa enfrentava muitos desafios para encontrar fornecedores qualificados e negociar com eles de maneira eficiente. Apresentamos, então, a ideia de um marketplace que conectasse fábricas com capacidade ociosa a outras indústrias ou marcas que precisassem produzir rapidamente. Embora a gestão da Mondelez tenha achado a proposta interessante, naquele momento, não havia recursos disponíveis para desenvolver a solução. Decidi não desistir da ideia. Pelo contrário, resolvi sair da Mondelez e me dedicar ao projeto. Três anos depois, Alejandro, que participou da concepção inicial, também se juntou ao time de co-fundadores. Hoje, cinco anos após a fundação da GrowinCo, apoiamos mais de 17 mil indústrias a utilizarem suas capacidades ociosas e lançarem novos produtos no mercado.

Quais são as soluções oferecidas e seus diferenciais?

Raphael: Uma plataforma de comanufatura para a indústria CPG. Conhecida como o Airbnb da indústria, a plataforma se destaca por conectar fábricas que tenham ociosidade com marcas que precisam terceirizar a produção. As possibilidades não param por aí, além da comanufatura, a GrowinCo. também apoia na busca por fornecedores que consigam apoiar em projetos de redução de custo, desenvolvimento de novos produtos e co-packing. Todos esses processos podem ser geridos numa plataforma de software as a service (SaaS). As empresas que desejam lançar novos produtos conseguem encontrar parceiros adequados para suas demandas, sejam elas de linhas de produção, ingredientes ou embalagem. A conexão pode ser feita através do lançamento de um projeto onde a marca comunica o ecossistema GrowinCo. qual problema precisa resolver, e a partir dessa ação poderá gerir e os possíveis parceiros. Todo o processo de avaliação de capacidades, assinatura de NDA e comunicação acontece na plataforma. Para fornecedores, a plataforma funciona como uma vitrine virtual, onde eles podem divulgar linhas de produção ou outras capacidades e assim serem encontrados por marcas, convidados para projetos. Anualmente, são mais de 500 projetos postados na plataforma e atualmente mais de 17.000 indústrias utilizam a GrowinCo. para otimizar processos de supply chain. A implementação de IA no matchmaking de parcerias é a grande aposta da startup para simplificar ainda mais o processo de terceirização da produção.

Quais foram os maiores desafios na criação do marketplace da GrowinCo.?

Raphael: A terceirização de capacidades ociosas é um problema complexo. As empresas que buscam terceirizar precisam encontrar parceiros que atendam a padrões rigorosos de qualidade, segurança alimentar e boas práticas de manufatura, semelhantes aos que possuem em suas próprias operações. No entanto, o cenário brasileiro apresenta desafios. Inicialmente, nosso desafio era que a maioria das fábricas fosse concebida para produzir seus próprios produtos e, por isso, a terceirização era vista como uma atividade secundária. A falta de um ecossistema maduro de terceirização dificultava a criação de relacionamentos de longo prazo e a implementação de modelos de manufatura colaborativa. Ao longo dos anos, temos trabalhado em promover o desenvolvimento de melhores práticas e educar o mercado sobre os benefícios dessa abordagem, incentivando as empresas a verem a terceirização como uma nova oportunidade de negócio e a construírem parcerias estratégicas com seus comanufaturadores.

Como vocês veem o papel da GrowinCo. na construção de um ecossistema mais colaborativo e eficiente entre as indústrias?

Raphael: O setor brasileiro de indústria pode se beneficiar de startups como a GrowinCo. para diminuir cada vez mais a ociosidade da indústria e movimentar a economia. O mercado de bens de consumo terceiriza cerca de 5% de toda sua produção. Aproximadamente 1 trilhão de dólares é gerado anualmente em receita através da terceirização da produção de alimentos, bebidas, cosméticos, cuidados bucais, cuidados para casa e petcare, sendo os EUA o maior mercado. A comanufatura, não só vem como uma solução para otimizar recursos produtivos, mas também como forte aliado do ESG. A terceirização da produção evita que novas plantas industriais sejam construídas desnecessariamente e fomenta o compartilhamento de tecnologia e inovação. A GrowinCo fomenta no Brasil essa relação produtiva que ainda tem pouca expressividade no território, apoiando na divulgação de capacidades e enfatizando o potencial de geração de receita das mesmas. Existe um ganha ganha para quem aluga e para quem disponibiliza.

Como foi o processo de expansão da GrowinCo. para as Américas e Europa?

Raphael: Inicialmente, a expansão aconteceu de forma natural. Nossos principais clientes são multinacionais, que têm unidades de negócio em diversas partes do mundo. Começamos atendendo as unidades do Brasil e estas nos indicaram para BUs de outros continentes. A partir desse ponto inicial nosso time focou esforços em buscar parceiros para atender demandas pontuais dos clientes e posteriormente dedicamos recursos internos para a busca ativa por novos clientes, nos mercados da américa latina e américa do norte. Já o modelo de expansão para Europa, hoje acontece por meio de parcerias estratégicas.

Quais os próximos passos da empresa?

Raphael: Com planos ambiciosos de dobrar seu faturamento até o fim de 2024, a empresa que já conta com 30% das 40 maiores marcas F&B em seu portfólio, foca em projetos inovadores como uso de IA para otimizar a plataforma, para conquistar uma fatia maior do mercado. Embora seu mercado principal ainda seja a América Latina, a plataforma agora tem sua mira voltada para uma expansão global, especialmente na América do Norte onde a comanufatura já é uma prática extremamente desenvolvida.

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