De acordo com o DataSebrae, o Brasil fechou o ano passado com 10,1 milhões de mulheres empresárias, representando 33,9% dos empregadores brasileiros. A maior parcela do empreendedorismo feminino começa pela necessidade, segundo levantamento do Instituto Rede de Mulheres Empreendedoras. Ou seja: nem sempre há preparo necessário para isso. Por essa razão, iniciativas como o Hangar Mulheres visam capacitar mulheres que estão pensando em começar ou maturar um negócio.
O programa chega à segunda edição e visa impulsionar o empreendedorismo feminino, oferecendo suporte financeiro e estratégico para mulheres empreendedoras, promovendo a igualdade de gênero no ecossistema de negócios. A iniciativa vai disponibilizar aporte financeiro por projeto selecionado, além de uma série de capacitações por meio de uma trilha empreendedora exclusiva, mentorias com especialistas e networking com os principais ecossistemas de inovação do mercado. A expectativa é preparar empreendedoras para, consequentemente, aumentar a taxa de sobrevivência e performance das startups.
Para saber mais sobre o Hangar Mulheres, o Economia PR Drops conversou com a Diretora administrativo-financeira do Itaipu Parquetec, Clerione Herther, uma das organizações responsáveis pela iniciativa. Leia abaixo:
Qual é o objetivo do Hangar Mulheres e por que ele foi criado?
Clerione: O Hangar Mulheres foi criado a partir de uma parceria entre o Itaipu Parquetec, Ministério das Mulheres e Itaipu Binacional, com o propósito de promover o empreendedorismo feminino no Brasil. O programa tem como principal objetivo capacitar mulheres em diferentes estágios de maturidade dos negócios, oferecendo trilhas empreendedoras, aporte financeiro, mentorias com analistas de negócios e acesso à infraestrutura completa do parque tecnológico, proporcionando às participantes o apoio necessário para impulsionar suas iniciativas e gerar impacto positivo. Acreditamos que, ao empreender, as mulheres não apenas transformam suas próprias vidas, mas também contribuem significativamente para a economia do país. Nosso objetivo é fornecer as plataformas e ferramentas necessárias para que elas tenham a oportunidade de realizar seus sonhos empreendedores, se destacarem no mundo dos negócios e promoverem um país com mais igualdade de gênero.
Como foi o resultado da primeira edição do programa?
Clerione: A primeira edição do Hangar Mulheres foi um verdadeiro sucesso! O programa foi lançado na 12ª edição do Festival RME (2023), o maior evento de empreendedorismo feminino do Brasil, e teve uma adesão incrível. Com recorde histórico de inscrições no Parque, recebemos 185 candidaturas de todo o país, abrangendo temas como turismo, saúde, meio ambiente e muito mais. Dentre essas, 80 mulheres foram selecionadas para participar da trilha empreendedora, onde passaram por dois meses intensivos de capacitação com especialistas do mercado. Concluímos a jornada com um Demoday, onde 15 finalistas apresentaram suas soluções inovadoras para uma banca avaliadora. No final, incubamos as cinco vencedoras, que agora têm a chance de desenvolver ainda mais seus projetos com o apoio do programa. Estamos muito felizes com os resultados e ansiosas para impactar ainda mais mulheres na próxima edição.
Como será a dinâmica da edição deste ano?
Clerione: Na primeira edição, superamos nossas expectativas com os resultados e retornos do programa. Por isso, esta nova edição, aprimoramos o Hangar Mulheres ainda mais. A primeira mudança é na trilha empreendedora. Nessa nova edição, teremos duas formas de capacitação: uma voltada para mulheres que têm apenas uma ideia e desejam transformá-la em negócio, e outra para empreendedoras que já estão em um estágio mais avançado e prontas para acelerar suas startups. Essas trilhas estão sendo estruturadas com a colaboração de grandes parceiros especialistas e renomados no mercado. Além disso, aumentamos o valor do aporte financeiro de R$ 30 mil para R$ 50 mil, oferecendo ainda mais suporte às participantes. Mantemos a dinâmica de seleção do Demoday da outra edição, mas agora com a mais projetos selecionados para incubação e aceleração, totalizando 8, dos quais 5 serão destinados à aceleração e 3 à fase de ideação.
Como as interessadas podem se inscrever para a segunda edição e quais os critérios para a participação?
Clerione: Os critérios para fazer parte do Hangar Mulheres são simples: basta ter uma ideia inovadora e o sonho de empreender que nós ajudamos com o restante do processo. Para as empreendedoras que já possuem uma startup e buscam aceleração, o caminho é o mesmo. Basta acessar o link oficial para saber mais sobre o programa, seguir o edital e preencher o formulário para a trilha de ideação ou de aceleração. As inscrições ficam abertas até dia 30/11/2024.
De que forma o Hangar Mulheres tem fortalecido o empreendedorismo feminino na região?
Clerione: Embora o programa tenha abrangência nacional, com edital 100% online, consideramos muito a sua importância na região, dado o cenário local com poucos programas voltados ao empreendedorismo feminino. Um dos nossos objetivos com o Hangar Mulheres é ser um catalisador do empreendedorismo feminino no ecossistema, incentivar que mais iniciativas como essas surgem e mais mulheres estejam preparadas para empreender. Por meio de capacitação e mentorias oferecidas por especialistas do Itaipu Parquetec, as empreendedoras recebem suporte estratégico para desenvolver e escalar seus negócios. Além disso, ao serem integradas ao ecossistema de inovação do Parque, elas têm acesso a uma rede de contatos e infraestrutura de ponta. Esse conjunto de ações cria um ambiente único que promove o crescimento sustentável e inovador das mulheres empreendedoras na região.
Quais são os maiores desafios das mulheres empreendedoras em Foz do Iguaçu?
Clerione: Os desafios das mulheres empreendedoras em Foz do Iguaçu até certo ponto acompanham os dados sobre empreendedorismo feminino no Brasil. Segundo a pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil em 2022, feita pelo Sebrae, houve um recorde de mulheres donas de empresas, 10,3 milhões, o que corresponde a 34,4% dos empreendedores. Os números são muito positivos e a tendência é que continue crescendo. Por outro lado, diariamente, elas passam por grandes desafios em busca do sucesso, como por exemplo: desigualdade salarial em comparação com os homens, dificuldades para liderar uma família e equipe de trabalho ao mesmo tempo, e falta de confiança são alguns problemas comuns.
Quais são as expectativas para o futuro do Hangar Mulheres?
Clerione: As expectativas para o futuro do programa é permanecer como um meio propulsor do empreendedorismo feminino e continuar fortalecendo esta rede entre as mulheres empreendedoras nacionalmente, sobretudo, para aquelas que buscam alternativas e meios de inovar em seus negócios. Promovendo cada vez mais a capacitação em áreas como tecnologia, gestão, mercado e financeiro, viabilizando o desenvolvimento, e como consequência contribuir na expansão de empreendimentos e startups cada vez mais lideradas por grandes mulheres empreendedoras.