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Carreiras: Rafael Mendes, do esporte ao topo das finanças

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rafael mendes carreira economiapr
Foto: Igor Albuquerque

Com menos de 30 anos, Rafael Mendes, jovem paranaense de destaque no mercado financeiro, construiu uma carreira sólida baseada em uma combinação de formação acadêmica e experiência esportiva. Formado em Business pela Emmanuel University, ele se especializou em investimentos com certificações como Ancord, CEA e CFP, além de cursos avançados na Université de Genève e Babson College. Atualmente, cursa mestrado em Investment Analysis no Reino Unido.

Como sócio da corretora Monte Bravo, Mendes desempenhou um papel crucial na expansão da empresa, ajudando a elevar os ativos sob assessoria de R$10 bilhões para R$40 bilhões. Ele é o criador da metodologia “Patrimônio Eterno”, voltada ao planejamento financeiro multigeracional, com foco na democratização de estratégias antes restritas a grandes fortunas.

Rafael também foi pioneiro no modelo “fee based” no Brasil, alinhando o sucesso do assessor financeiro ao dos clientes. Reconhecido por sua presença digital, foi eleito Top Voice no LinkedIn em 2023, onde tem influenciado líderes empresariais com práticas financeiras de longo prazo. Confira mais desta carreira:

O que te motivou a escolher a área de finanças?

Rafael: Quando você pensa em mercado financeiro, é provável que sua mente vá direto para investimentos. Esse é o erro. O foco deveria estar no investidor — em você. Finanças são sobre pessoas, sobre como você molda sua vida e utiliza as ferramentas certas para garantir um futuro próspero. Isso sempre me intrigou desde pequeno. Cresci em uma família com uma renda muito superior à média brasileira, mas que incrivelmente também nunca tinha dinheiro. Meus pais conheciam o conceito de juros compostos, mas nunca conseguiram aplicá-lo a favor deles. Como 99% dos brasileiros, eles falharam no planejamento patrimonial. Viviam correndo para fechar as contas, tomando crédito da forma errada e confiando cegamente sua aposentadoria no governo — um erro que qualquer pessoa racional sabe que é fatal. Como isso impactava diretamente minha vida, decidi desde cedo que eu não teria esse problema. Eu sempre olhei para o dinheiro como uma solução. Para ter dinheiro, aprendi a vender. Doces na escola para comprar meu lanche, pizzas pré-assadas para bancar meus treinos na adolescência — o que eu conseguisse vender para pagar meus sonhos, eu vendia. O campeonato de natação em Foz do Iguaçu era a desculpa perfeita para cruzar a fronteira e voltar com a van cheia de mercadorias do Paraguai. Na adolescência, eu era oficialmente sacoleiro. Te conto tudo isso porque, para mim — e para todos nós — dinheiro é liberdade. Liberdade para escolher como viver, onde morar, onde trabalhar. Dominar finanças é sobre viver a vida nos seus próprios termos, construindo suas próprias escolhas, explorando suas capacidades humanas. E não existe liberdade sem patrimônio.

Como sua formação na Emmanuel University influenciou sua abordagem profissional?

Rafael: Estudar nos EUA me fez principalmente enxergar novas perspectivas sobre a vida e o que representam os objetivos que traçamos. Então para responder essa pergunta eu tenho que dar um passo atrás. Você já estabeleceu um objetivo impossível, teve a coragem de tentar, deu tudo de si e, quando finalmente o alcançou, sentiu um vazio? Estudar nos Estados Unidos, em um momento, parecia inalcançável. Quando cheguei lá, causou um vazio. No Brasil, eu fazia duas faculdades — Direito na Unifil e Economia na UEL —, fazia estágio à tarde e treinava natação duas vezes por dia. Minha trajetória foi marcada por mudanças: estudei dois anos de economia e dois anos de direito, me transferi para os EUA e depois de mais três anos finalmente me formei em Business (adm).

Consegui minha bolsa acadêmica e esportiva e fui para a Emmanuel University. Atingi o que parecia impossível. E ainda assim, o vazio apareceu. Aquele lugar não era nem de longe o que eu havia idealizado. A vida tem essa peculiaridade — não importa o quanto você conquiste, a sensação de satisfação plena nunca vem. Mas a questão não é o que acontece com você, e sim como você responde a isso. Você pode se acomodar ou pode lutar.

Na Emmanuel, uma faculdade ultraconservadora apoiada pela igreja pentecostal, tornei-me representante estudantil. Lutei e conquistei melhorias de dentro do sistema. No time de natação, tomei a liderança. Nunca fui o melhor atleta, mas como capitão, conduzi o time a um feito inédito: pela primeira vez em 100 anos, a equipe chegou ao campeonato nacional.

Quando voltei ao Brasil, esperando construir uma carreira no mercado financeiro, encontrei o oposto do que sonhava. O modelo comissionado, cheio de conflitos de interesse, representava tudo o que eu considerava antiético e repudiava. O mesmo vazio me dominou.

E aí, o que você faz? Aceita ou muda as regras do jogo por dentro? E foi trazendo essas lições e esse entendimento sobre o que significava esse vazio que a experiência nos EUA me ajudou bastante.

O que é a metodologia “Patrimônio Eterno” e como ela surgiu?

Rafael: A metodologia “Patrimônio Eterno” é uma abordagem financeira proprietária que desenvolvi, focada na construção de um patrimônio perpétuo e multigeracional. Seu objetivo é garantir que a rentabilidade dos ativos seja suficiente para cobrir 100% do padrão de vida do cliente, sem a necessidade de tocar no principal, permitindo que o patrimônio seja preservado e, ao mesmo tempo, assegure uma fonte de renda constante para as gerações futuras. Essa metodologia surgiu como uma resposta direta à minha experiência pessoal, aprofundamento acadêmico e observação dos erros comuns de planejamento patrimonial que presenciei ao longo da minha carreira. Muitos brasileiros com alta renda conhecem os conceitos básicos de finanças, mas esse conhecimento é ineficaz sem uma metodologia clara para aplicação prática. Presos à rotina, vivem correndo para fechar as contas do mês e dependem de crédito bancário. Essa realidade, marcada pela ausência de estratégias de segurança e de um planejamento financeiro sustentável, foi a semente para o desenvolvimento do “Patrimônio Eterno”.

Ao longo da minha carreira, tanto internacional quanto no Brasil, percebi que o problema é uma falha estrutural comum a muitos investidores e famílias de alta renda. O modelo tradicional de acumulação de riqueza não está adequadamente alinhado às necessidades de preservação de patrimônio e legado, especialmente em um contexto econômico onde a confiança no governo e nos sistemas previdenciários é constantemente colocada à prova.

Com base na minha formação acadêmica em Economia e Direito, e nas certificações que obtive — como CFP®️, Ancord, CEA, FB100 — além da especialização em Investment Management pela Universidade de Genebra, criei um framework que integra diversas disciplinas financeiras: planejamento orçamentário, economia comportamental, gestão de risco, alavancagem imobiliária, estratégias de diferimento fiscal e, o mais importante, um planejamento sucessório robusto. Atualmente, a metodologia é aplicada de forma personalizada, levando em conta o perfil de cada investidor e suas metas de longo prazo, garantindo que o patrimônio cresça de maneira sustentável e segura. Com o desenvolvimento exponencial da inteligência artificial, acredito que em breve será possível escalar essa metodologia de forma ultra personalizada.

O “Patrimônio Eterno” se diferencia por não focar apenas na maximização de rentabilidade, mas em criar uma estrutura de investimentos resiliente, que protege e alavanca o patrimônio ao longo das gerações. A metodologia está alinhada ao conceito de liberdade financeira, onde o investidor não apenas conquista sua independência, mas se protege de percalços enquanto constroi um legado financeiro que sustenta o padrão de vida de seus descendentes. Ela é especialmente relevante em um cenário de incertezas, onde o planejamento de longo prazo é a chave para uma vida livre de preocupações financeiras.

Ao longo da minha experiência como assessor de investimentos, implementei e refinei essa metodologia, focando em oferecer soluções financeiras alinhadas com os interesses dos clientes, por meio do modelo fee-based. Este modelo garante que o assessor seja remunerado de forma justa e transparente, eliminando grande parte dos conflitos de interesse comuns no modelo comissionado.

Assim, a metodologia “Patrimônio Eterno” reflete minha crença de que a verdadeira liberdade financeira não está em simplesmente acumular riqueza, mas em criar um sistema que assegure a criação, manutenção e perpetuidade desse patrimônio, oferecendo segurança financeira para as gerações futuras enquanto mantém o padrão de vida do presente.

Como você aplica economia comportamental e gestão de risco nessa metodologia?

Rafael: Eu ouço o investidor. Cada um tem uma história: de onde veio, onde está, como vem construindo seu patrimônio e, principalmente, onde quer chegar. Entender o lado pessoal e profissional é o primeiro passo para enxergar não só suas metas, mas também os obstáculos que ele nem sabe que existem. O primeiro passo é identificar o que te limita. Seus vieses comportamentais estão influenciando suas escolhas financeiras, mesmo que você não perceba. Talvez sejam simples de corrigir, ou tão profundos que podem levar anos para serem ajustados. A verdade é que muitos desistem no meio do caminho, porque melhorar exige esforço. Nem todos estão dispostos a fazer isso. Conhecer o investidor também me permite mapear as fragilidades de segurança patrimonial. Quais buracos precisam ser cobertos? Quais otimizações podem ser implementadas? O mercado financeiro está cheio de ferramentas e instrumentos acessíveis a qualquer um. Mas e daí? Ter as ferramentas certas é inútil se você não souber como, onde e quando usá-las. Não é sobre inventar algo novo, é sobre saber aplicar corretamente o que já existe. Seu sucesso financeiro não se resume a criar o melhor portfólio de investimentos. O verdadeiro desafio é lidar com o seu próprio comportamento. No mercado financeiro, pouco se fala sobre isso. Mesmo no meu mestrado de Investment Analysis no Reino Unido, o curso de Economia Comportamental não faz parte da grade convencional. Mas eu participo como ouvinte convidado e, com uma perspectiva acadêmica e empírica, fica claro: dinheiro não é lógico. Nunca foi. São emoções disfarçadas de racionalidade. Você tem dois caminhos: evoluir, enfrentar o desconforto e colher resultados excelentes, ou delegar e aceitar resultados medíocres. A escolha é sua. Mas é sempre bom lembrar: crescer é desconfortável, e a verdadeira pergunta é se você está disposto a pagar o preço.

Quais foram os desafios de implementar o modelo “fee based” no Brasil?

Rafael: O primeiro passo foi reconhecer minha própria incompetência. O segundo, encarar diferentes aspectos da falta de conhecimento dos investidores. A maioria deles comete um erro básico: espera que o assessor de investimentos seja um conselheiro, quando, na prática, ele é apenas um distribuidor de produtos. Por mais que o assessor traga produtos supostamente alinhados ao perfil e às necessidades do cliente, nem ele nem o cliente compreendem ao certo como isso pode impactar a descorrelação entre classes de ativos e o risco-retorno da carteira a longo prazo. O que você vê como “oportunidades de investimento” geralmente é o que você quer ouvir, não o que realmente precisa. Quanto mais eu estudava, percebia que o cliente, na maioria das vezes, escolhia o caminho errado. A primeira vez que um assessor percebe que seu verdadeiro valor para o cliente se resume a ser um bom vendedor de produtos financeiros, ele entende que não conseguirá migrar para o modelo de fee fixo. Apenas aqueles que geram valor real na construção patrimonial do cliente conseguem fazer essa transição com sucesso. Quando o investidor analisa o custo de um assessor, ele normalmente está preso ao modelo comissionado. Se a única pergunta que ele faz é “quanto vou pagar?”, já começou errado. O foco deveria ser “quanto posso ganhar com o modelo de taxa fixa?”. Mas muitos deixam a lógica de lado. Além disso, o investidor médio não sabe diferenciar um profissional qualificado de um desqualificado. Para ele, as certificações do mercado financeiro ainda são como hieróglifos. A cultura no Brasil está enraizada em “oportunidades de investimento”, quando o que deveria ser considerado é o básico: pelo menos 80% do retorno de uma carteira vem de uma construção sólida e disciplinada das classes de ativos. Mas poucos percebem isso.

Como você vê a inovação transformando o mercado financeiro?

Rafael: A inovação no mercado financeiro não é sobre criar algo totalmente novo, mas sobre fazer melhor o que já existe. Se todas as grandes ideias já foram realizadas, a diferença está em como você as executa. Torne o design mais eficiente, crie uma história de marca única, entregue um serviço impecável. A inovação está em torná-lo mais acessível, mais rápido, mais barato, ou talvez mais exclusivo e premium. Faça isso de forma mais simples, ou personalizada. Seja para um público menor e nichado, ou para uma audiência global. A transformação acontece quando você pega o que já existe e eleva ao extremo. Automatize, otimize, adicione tecnologia ou crie soluções com propósito. O mercado financeiro está pronto para aqueles que conseguem enxergar além do óbvio e adaptar o que já foi feito — mas de forma superior.

Como sua mentalidade esportiva ajudou na sua carreira?

Rafael: Quando você passa anos superando novos limiares de dor, saindo diariamente da sua zona de conforto, você começa a entender o que realmente significa ultrapassar limites. E não me refiro apenas à dor física, mas à verdadeira batalha — a batalha mental. Superar limites é o que define sucesso, tanto no esporte quanto na vida profissional. Se você quer alcançar algo maior, a pergunta é: está disposto a sair da sua zona de conforto e a encarar o desconforto diário? No esporte de alto rendimento, como na natação, não existem atalhos. Cada milésimo de segundo ganho na água é fruto de esforço, repetição e uma busca implacável pelo aprimoramento. Essa experiência moldou minha visão profissional: o desenvolvimento verdadeiro não acontece sem preparação rigorosa, análise crítica e melhoria contínua. Cada reunião, negociação ou decisão é uma oportunidade para aprender e melhorar. Sempre que terminava uma prova de natação, independentemente do resultado, minha pergunta ao técnico era sempre a mesma: “O que podemos melhorar para a próxima?” Essa mentalidade de nunca se contentar, de sempre se preparar para a próxima etapa, é algo que trouxe para o meu trabalho. Porque eu sei que as verdadeiras vitórias vêm quando você enfrenta seus erros de frente e os usa como combustível para evoluir.

Se você não está preparado para sacrificar o presente em nome de um futuro de sucesso, já perdeu antes mesmo de começar. A mentalidade esportiva me ensinou que resultados excepcionais são para aqueles que se recusam a aceitar a mediocridade. Para aqueles que fazem o que os outros não estão dispostos a fazer e enxergam cada desafio como uma oportunidade de superar seus próprios limites.

No meu mestrado, sou questionado: “Você já tem uma carreira consolidada, por que está aqui?” Talvez você também esteja em um ponto da carreira em que se pergunta: “Já conquistei tanto, por que continuar?” A resposta é simples: porque você precisa ser melhor. Porque você quer ser melhor. Essa mentalidade se aplica a todos os aspectos da minha vida. Seja como assessor, marido, atleta ou sócio da empresa onde atuo, minha abordagem é a mesma: humildade, vontade de melhorar e uma disciplina inabalável. Não há sucesso sem dor. E repito o que disse: a única pergunta que você precisa fazer é se está disposto a pagar o preço.

Quais são seus próximos passos na sua carreira?

Rafael: Não saber exatamente onde quero chegar é mais importante do que qualquer meta fixa. Ou Focar em um futuro rígido pode ser limitante. Acredito que o sucesso não está em perseguir um destino final, mas em me adaptar durante a jornada, aproveitando as realidades e oportunidades que surgem pelo caminho. Prefiro estar sempre em evolução, ajustando meu curso, aprimorando minhas habilidades e garantindo que não estou indo para o lugar errado. Além disso, não sou de compartilhar meus planos, costumo compartilhar minhas conquistas.

Que conselho você daria para jovens profissionais que estão começando na área?

Rafael: Seja inflexível com sua integridade e adaptável em suas estratégias. Questione o status quo, mas não espere que o caminho seja fácil. O sucesso vem de quem desafia o convencional, assume riscos calculados e mantém um foco implacável na excelência. Não busque validação — busque impacto.

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Jornalista, Community Manager e Editora-chefe do Economia PR

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