Nos últimos anos, as práticas de ESG têm ganhado espaço no mercado, sendo relevantes para as empresas e o meio ambiente. No setor têxtil, conhecido pelo alto nível de poluição, a busca por soluções sustentáveis ajuda a reduzir impactos ambientais e atender à demanda crescente por produtos sustentáveis. Empresas que adotam essas práticas não apenas reduzem seu impacto, mas também se destacam no mercado.
A Alto Giro, marca de moda fitness e beachwear de Maringá, segue essa tendência. A empresa trouxe da China para o Brasil o uso de polímero reciclado em suas sacolas, que combina materiais reciclados e polímeros com foco na durabilidade e redução do impacto ambiental. O objetivo é criar produtos reutilizáveis, prolongando o ciclo de vida do material em comparação com o plástico tradicional.
A tecnologia aplicada pela Alto Giro busca atender às necessidades funcionais e estéticas dos consumidores. Essa abordagem une sustentabilidade e moda, colocando a empresa em destaque em um setor que ainda busca soluções mais sustentáveis.
Para saber mais dessa iniciativa, o Economia PR Drops conversou com Edson Recco Filho, diretor da Alto Giro. Confira:
Qual a importância do ESG para a indústria têxtil?
Edson: A integração do ESG na indústria têxtil é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável em um setor com um dos maiores impactos ambientais e sociais. O ESG não só ajuda a reduzir os danos ambientais, como também melhora as condições de trabalho e aumenta a transparência nos processos de fabricação. No contexto da indústria têxtil, isso significa promover práticas responsáveis desde a previsão de vendas, escolha dos materiais até a produção e distribuição. A adoção dessas diretrizes fortalece a reputação da marca, contribui para a fidelização dos consumidores, abre oportunidades de inovação e principalmente coopera com o ambiente onde vivemos. Empresas que lideram em ESG estão um passo à frente e mais preparadas para os desafios futuros.
Como a conscientização ambiental dos consumidores está moldando as decisões de compra no setor de moda fitness e beachwear?
Edson: Não só os consumidores de moda fitness e beachwear, mas a população de forma geral está cada vez mais consciente de seu impacto ambiental. Isso está transformando o comportamento de compra, com uma demanda crescente por produtos que tenham menor impacto ambiental, sejam feitos com materiais recicláveis ou biodegradáveis, e que promovam um ciclo de vida mais sustentável. Na Alto Giro, percebemos que nossos clientes não apenas buscam por inovação e design, mas também querem saber a origem dos materiais e as práticas da empresa em relação ao meio ambiente. Essa conscientização faz com que tomemos decisões mais responsáveis em toda a cadeia produtiva, desde o desenvolvimento de tecidos até a escolha de fornecedores que compartilham dos mesmos valores de sustentabilidade.
Como a Alto Giro integra a sustentabilidade em seu modelo de negócios?
Edson: Na Alto Giro, a sustentabilidade é uma parte essencial do nosso DNA. Incorporamos práticas sustentáveis em diversas áreas do nosso modelo de negócios, buscando sempre minimizar o impacto ambiental e promover um ciclo de produção consciente. Um dos nossos maiores avanços foi a redução de 98% do uso de papel internamente e a eliminação completa de copos plásticos. Todos os novos colaboradores recebem um kit com copo e caneca de café feitos de fibra de coco, incentivando o uso diário de materiais reutilizáveis e reduzindo a produção de resíduos descartáveis. Nossas sacolas também refletem esse compromisso: são feitas de uma combinação de materiais reciclados e polímeros avançados, que aumentam sua durabilidade e reduzem o impacto ambiental. Esses polímeros são leves e resistentes, projetados para serem reutilizáveis, o que prolonga a vida útil das sacolas em comparação com os plásticos tradicionais. Além disso, a produção desses materiais consome menos energia, o que resulta em uma emissão menor de carbono. Há vários anos, criamos uma outra marca que atua em sinergia com a Alto Giro para reaproveitar matéria-prima excedente. Após o ciclo de um ano, tecidos, linhas e outros materiais que não foram utilizados na fabricação das coleções principais são transformados em novas peças dessa marca, reduzindo a quase zero o desperdício de materiais têxteis. Essa iniciativa nos permite aproveitar ao máximo cada recurso, fechando o ciclo produtivo e reforçando nosso compromisso com a economia circular. Além de nossas iniciativas internas, todos os nossos parceiros e fornecedores precisam estar alinhados com práticas sustentáveis. Acreditamos que a sustentabilidade não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma estratégia de longo prazo que fortalece a nossa marca, agrega valor aos nossos produtos e reflete nosso compromisso com o futuro do planeta e das próximas gerações.
Quais são os principais desafios que a indústria têxtil enfrenta em relação à sustentabilidade?
Edson: Um dos maiores desafios enfrentados pela indústria têxtil é equilibrar a sustentabilidade com a eficiência e os custos operacionais. Produzir de forma sustentável geralmente envolve maiores investimentos iniciais, o que pode impactar diretamente os preços e a competitividade no mercado. Além disso, a transformação de toda a cadeia produtiva para se adequar às práticas ESG, desde os fornecedores até os distribuidores, exige tempo e recursos. Outro grande desafio é a conscientização dos consumidores em relação ao consumo responsável e ao ciclo de vida dos produtos. A educação e o engajamento do público sobre esses temas são essenciais para o sucesso das práticas sustentáveis no setor.
Quais tendências você acredita que impactarão o setor têxtil em termos de práticas sustentáveis?
Edson: O setor têxtil será fortemente impactado por inovações tecnológicas que promovam práticas sustentáveis. Entre as principais tendências, destaco o desenvolvimento de novos materiais ecológicos, como tecidos biodegradáveis ou feitos a partir de fontes renováveis, como o bioplástico. A economia circular também está ganhando força, com as empresas buscando formas de reutilizar resíduos e produtos pós-consumo, reduzindo o descarte e promovendo a reciclagem. Outro ponto importante é a transparência e rastreabilidade de toda a cadeia de produção, onde o consumidor poderá saber exatamente de onde vem e como foi feito o produto que está comprando. Isso impulsiona a adoção de tecnologias para monitorar e garantir práticas sustentáveis ao longo da cadeia produtiva.