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O negócio da preservação e da valorização da cultura local

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Foto: Divulgação

Conservar a história e a cultura da região trinacional do Iguaçu e difundir a arte e os artistas locais por meio do turismo de experiência é um dos grandes feitos da “Alma Iguassu”, iniciativa da turismóloga e empreendedora Jurema Fernandes, de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.

O primeiro projeto, lançado em 2022, é a Vila Alma Iguassu, um meio de hospedagem no estilo bangalô construído em uma área tranquila de Foz do Iguaçu, próxima à Avenida das Cataratas, que dá acesso aos principais atrativos.

O local tem como proposta oferecer uma acomodação que proporcione conexão total com a cultura local. Para isso, há anos Jurema busca conhecer artistas locais e pesquisa mobiliários, objetos decorativos, aromas, plantas e outros elementos naturais da região para compor as 6 casas, disponíveis para locação pelo Airbnb. 

Quando se abre a porta da Casa Laranja, por exemplo, um grande quadro com a pintura do pôr do sol nas Cataratas pode ser contemplado. Nos demais cômodos, estão itens como cestaria indígena, rendas, objetos decorativos e móveis recuperados localmente.

Cada casa apresenta uma obra de arte com um símbolo local: Borboleta 88, ipê rosa, pôr do sol nas Cataratas, onça pintada e a árvore pau-brasil. As casas fazem parte dos espaços privativos, mas há também a área comum: a vila, composta por locais que podem ser compartilhados. 

“Sempre pensei na composição do ambiente como um todo: do paisagismo e jardinagem, prioritariamente com espécies da Mata Atlântica, à parte construtiva, cujos elementos visuais e outros sensoriais conectam o hóspede com a regionalidade. Somos um único destino turístico, o destino Iguassu, com as devidas singularidades culturais. Assim, não tem como dissociar o enriquecimento cultural sem ter peças do Paraguai e da Argentina”, explicou Jurema. 

Montar esse arsenal cultural não é simples e as cidades/microrregiões que fazem parte da fronteira não tem grandes museus que abriguem esses objetos que são símbolos da região.

Ainda falta, inclusive, a identificação desses artefatos que são representações culturais dos ancestrais, dos migrantes e de toda a historicidade do lugar.

Desta forma, Jurema também conta que aos poucos foi agrupando e identificando estas expressões. A experiência em turismo – ela atua há 24 anos na área –  e intensos trabalhos de pesquisa por meio de livros e outros materiais bibliográficos, o contato com artistas e artesãos locais, visitas a associações e aldeias são realizados a todo tempo.

“É um trabalho que me instiga a mostrar cada vez mais este universo”. 

Em relação à Alma Iguassu, as Casinhas são o primeiro desdobramento de um projeto maior, que englobará outras iniciativas.

“Sempre no sentido de enriquecer a experiência local, de conservar as diversas culturas e povos. Felizmente temos ótimas avaliações, e vamos expandir”.

Realmente, tanto no Google quanto na Plataforma Tripadvisor, as análises são muito positivas. Em janeiro deste ano, por exemplo, uma turista deixou o seguinte comentário:

“Assim como o nome, Alma Iguassu nos trouxe leveza para nosso interior. Tornou nossa viagem a Foz única e espetacular. A grandiosidade mora nos detalhes e cada detalhe da decoração, do jardim, da banheira, das cores fizeram desse início de nosso ano: inesquecível! Retornaremos com certeza, Foz e Alma Iguassu são conexões entre o coração e a natureza!”. 

Do público que se hospeda no local, em média 70% são brasileiros e 30% estrangeiros. Assim, a Alma Iguassu conecta pessoas de diferentes partes do mundo à arte e à cultura locais. Sobre isso, Jurema ainda destaca:

“Um fato curioso que observamos tem sido a procura por pessoas locais, hóspedes de Foz do Iguaçu e de cidades próximas, como Medianeira e Cascavel, e que de fato desconhecem a nossa força cultural. Estamos conseguindo, aos poucos, mostrar toda essa riqueza por meio da Alma Iguassu”.

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Jornalista, Doutora em desenvolvimento regional e Pós doutoranda em políticas públicas e desenvolvimento.

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