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Raquel Alvares: “Precisamos de coragem para mostrar que nossas ideias têm valor”

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Foto: Divulgação

Hoje, Economia PR estreia uma série especial que celebra o empreendedorismo feminino, trazendo histórias de mulheres que ousaram desafiar o status quo e construir seus próprios caminhos.

Nossa primeira entrevistada é Raquel Alvares, uma mulher de coragem que, além de fundadora da Raquel Alvares Finanças Ltda., é mãe do Lucca, de 4 anos, esposa da Cris e uma das poucas vozes LGBTQIA+ no universo das finanças, um setor ainda dominado por homens.

Sua trajetória é marcada pela determinação em transformar desafios em oportunidade de impacto e empatia. Atendendo clientes remotamente por todo o país, Raquel não apenas orienta finanças — ela inspira outras mulheres a conquistarem independência financeira e a acreditarem no próprio valor.

Em nosso bate-papo, ela compartilha a força que a impulsionou, superando preconceitos e mostrando que, com empatia e autenticidade, é possível alcançar e transformar vidas.

Leia na íntegra:

O que te levou a empreender?

Raquel: Nasci em uma família empreendedora, mas, durante os anos de faculdade, decidi explorar caminhos diferentes. Trabalhei no comércio local e fiz questão de ter experiências como CLT em outras áreas que não envolviam os negócios da família. Ainda assim, a veia empreendedora sempre esteve ali, latente. Após a graduação, recebi o convite para atuar na empresa familiar fundada pelo meu avô. Por 13 anos, me dediquei a empreender para a família, mesmo que ainda não fosse para o meu próprio CNPJ. Essa experiência foi o que despertou a vontade de dar um passo a mais, criar minha própria empresa e definir o ritmo e o estilo de trabalho que refletissem minha visão.

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou e como os superou?

Raquel: Os desafios são o verdadeiro tempero da vida empreendedora. Seria ingênuo dizer que eles simplesmente passam; na verdade, eles só mudam de forma e intensidade. Como uma mulher lésbica e empreendedora na área de finanças, construir autoridade foi um desafio ainda maior em um setor historicamente dominado por homens. Ser uma mulher e também parte da comunidade LGBTQIA+ orientando sobre finanças representa uma quebra de paradigma. Isso é algo que vejo refletido diretamente no meu público, especialmente no Instagram, onde a maioria é feminina. Superar esses obstáculos exigiu não só estudo e entrega, mas também uma comunicação empática e transparente, voltada às necessidades e desafios de mulheres que buscam autonomia financeira.

Como seu negócio inova e causa impacto positivo?

Raquel: Desde o início, meu objetivo sempre foi trabalhar com a realidade financeira do brasileiro. Em vez de prometer soluções rápidas ou comparações irreais, busco entender as particularidades de cada cliente, sua história e suas necessidades específicas. Minha função como consultora é olhar além dos números e identificar o formato de atendimento mais adequado para cada situação. Esse nível de atendimento personalizado é raro em um mercado que, em grande parte, se volta para cursos online e pacotes padronizados. Eu busco algo diferente: qualidade e um atendimento humano, que não perde de vista que, do outro lado da tela, há pessoas com histórias únicas. O impacto positivo do trabalho se reflete ao longo dos anos. Quando o cliente se envolve de verdade no projeto e faz acontecer — porque, sim, o sucesso depende também do compromisso dele —, ele colhe frutos cada vez maiores na qualidade de vida e nas escolhas financeiras. A recompensa é vê-los tomando decisões mais inteligentes e seguras no futuro.

Como você enxerga o mercado para mulheres empreendedoras no Brasil?

Raquel: Vejo o mercado para mulheres empreendedoras no Brasil com um potencial enorme, especialmente agora que as consumidoras estão cada vez mais conscientes e exigentes quanto à qualidade dos serviços e produtos que consomem. A mulher carrega consigo uma capacidade incrível, que por muitos anos foi reprimida e, em muitos setores, ainda enfrenta barreiras para se expressar plenamente. Esse processo de libertação e valorização do nosso jeito único de fazer as coisas ainda tem muito espaço para crescer. Trabalhei por 13 anos no setor de construção civil, em uma fábrica onde, muitas vezes, eu era a única mulher em meio a 30 homens. Essa experiência me ensinou que precisamos de coragem para ocupar espaços e mostrar que nossas ideias têm valor. Acredito que, quanto mais mulheres empreendedoras tiverem visibilidade e apoio, mais o mercado verá a força transformadora que temos a oferecer, impulsionando tanto a inovação quanto o impacto social.

Que mudanças no mercado você acredita que irão beneficiar as mulheres empreendedoras nos próximos anos?

Raquel: Acredito que o mercado está se transformando de forma a favorecer cada vez mais a inclusão e a quebra dos padrões que nos foram impostos como “certos” por tantos anos. O futuro será de mulheres que conseguirem empreender com criatividade, autenticidade e coragem, pois essas qualidades são as que mais se destacam. Quando uma mulher empreende de forma genuína, ela já se diferencia da maioria, pois a autenticidade é algo que sempre chama a atenção. Além disso, percebo que, quanto mais acompanho o mercado, mais vejo o quanto há de espaço para evoluir em áreas como gestão, flexibilidade e comunicação. Mulheres têm uma capacidade incrível de se adaptar e desenvolver habilidades nessas áreas, algo essencial para o crescimento das empresas. Acredito que a flexibilidade para lidar com mudanças e a capacidade de comunicação eficaz serão características que muitas mulheres empreendedoras dominarão nos próximos anos, gerando um impacto positivo e transformador no mercado.

Que habilidades você acha que são subestimadas, mas essenciais para empreender?

Raquel: Existem muitas habilidades essenciais que muitas vezes são subestimadas, e a organização financeira é uma delas. Ser uma pessoa organizada financeiramente é crucial para o sucesso do seu empreendimento. Muitos veem a parte financeira como “chata” ou secundária, mas, para mim, é a coluna vertebral do negócio. É com ela que você fará a gestão do todo, desde o fluxo de caixa até os investimentos para o crescimento. Outra habilidade indispensável é a comunicação. Seja com clientes, fornecedores ou com seu time interno, a boa comunicação é um pilar do sucesso. A capacidade de resolver problemas de forma eficiente e assertiva, ou seja, as famosas soft skills, são fundamentais para que a empresária consiga navegar pelos desafios da jornada empreendedora.

Qual é o maior objetivo que você ainda quer alcançar?

Raquel: Um só objetivo? (risos). Os objetivos são os combustíveis diários que nos movem. Tenho tanto os de curto prazo, como nossas próximas viagens ao longo do ano, quanto os de longo prazo, como a conquista da Liberdade Financeira. Esse é o grande objetivo: O momento em que você colhe os frutos da sua renda passiva, as contas do mês estão pagas sem precisar depender do seu trabalho diário. Quando isso acontecer, o trabalho vai ter um peso completamente diferente. Ele será algo leve, 2 vezes por semana, só para manter a mente ativa e continuar ajudando as pessoas a melhorarem sua vida financeira


Que conselho você daria para mulheres que querem começar a empreender?

Raquel: Para mulheres que desejam começar a empreender, o primeiro conselho é começar de forma organizada. Separe o dinheiro do CPF do CNPJ, crie uma estrutura financeira clara e não tenha pressa para retirar lucro nos primeiros meses. Mantenha os pés no chão, tenha um capital de giro preparado para o começo e, sempre que possível, mantenha seu emprego atual enquanto ainda sente a estabilidade do novo empreendimento. Uma empresa precisa de tempo para amadurecer, e poucos empresários se organizam dessa forma desde o início. Por isso, é comum o alto índice de falência nos três primeiros anos de operação. Preparação e paciência são essenciais para o sucesso no empreendedorismo.

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