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21º Latinoware aborda tecnologia como direito social

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Foto: Kiko Sierich - Arquivo Latinoware

De 27 a 29 de novembro, o Itaipu Parquetec será palco da 21ª edição do Latinoware – Congresso Latino-americano de Software Livre e Tecnologias Abertas.

O evento é um dos maiores de software livre do mundo, organizado pela ITAIPU Binacional e Fundação Parque Tecnológico Itaipu – Brasil e oportuniza momentos de debate e troca de conhecimento sobre a evolução das tecnologias abertas e suas aplicações.

O Latinoware que volta a ser realizado no formato 100% presencial, está com as inscrições abertas, de forma gratuita, no site do evento: latinoware.org; e deve contar com 3 mil participantes que terão a oportunidade de assistir a mais de 100 palestras ministradas por especialistas de referência nacional e internacional, bem como poderão participar de minicursos, oficinas e o tradicional Hackathon.


Um dos temas que será abordado é o uso da Inteligência Artificial na educação. A palestrante é Débora Garofalo, que tem experiência de 19 anos como professora da rede pública de ensino de São Paulo, está entre as top 10 do Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação, tendo sido colocada entre os 10 melhores professores do mundo.

“Vou explorar os desafios que essa tecnologia apresenta, como a necessidade de garantir a ética no uso de IA, a personalização do aprendizado e a formação dos educadores para lidar com essas novas ferramentas. Além disso, discutirei as oportunidades que a Inteligência Artificial oferece, como a possibilidade de adaptar conteúdos às necessidades específicas de cada aluno, melhorar a eficiência administrativa nas instituições e criar experiências de aprendizado mais envolventes e interativas. Vou compartilhar exemplos práticos de como a IA já está sendo aplicada em salas de aula, destacando casos de sucesso e inovações que estão fazendo a diferença. Quero promover um diálogo sobre como todos nós, educadores, alunos e gestores, podemos colaborar para aproveitar o potencial da IA e enfrentar os desafios que ela traz. Estou ansiosa para ver as reações e o engajamento do público nessa discussão tão relevante!”, afirma Débora.

A palestrante, que quando atuou na rede municipal de ensino idealizou e implementou o trabalho de Robótica com Sucata, que ficou conhecido nacional e internacionalmente e atualmente é uma política pública brasileira, aponta que o acesso à tecnologia como objeto de conhecimento e ferramenta de ensino na educação é um dos desafios mais críticos em termos de desigualdade no país, e que a tecnologia e a robótica podem desempenhar um papel fundamental na redução dessa discrepância, especialmente por meio de iniciativas que alcancem crianças de classes mais baixas.

“O trabalho com a tecnologia e com a robótica com sucata tem um potencial transformador significativo, que não só ajuda a reduzir a desigualdade de acesso, mas também empodera as crianças, proporcionando-lhes as habilidades e conhecimentos necessários para um presente mais ético, crítico e responsivo. Primeiramente, a robótica com sucata democratiza o acesso ao conhecimento. Utilizando materiais recicláveis e objetos do dia a dia, conseguimos levar conteúdos de forma significativa para comunidades que, muitas vezes, não têm acesso a recursos educacionais adequados. As crianças têm a oportunidade de aprender sobre ciência e tecnologia de forma prática, criando seus próprios projetos e experimentos, o que torna o aprendizado mais acessível e divertido, incentiva a curiosidade e a inovação, abrindo portas para novas oportunidades e ainda promovendo uma consciência ambiental. Ao integrar a robótica com sucata nas escolas, também capacito os educadores dessas comunidades, oferecendo formação e recursos que os ajudam a utilizar essas ferramentas de forma eficaz”, explica.


Débora destaca ainda a importância de oportunidades que eventos com o Latinoware tem de criar um ambiente propício para o aprendizado e a troca de experiências.

“Eventos como este desempenham um papel crucial na democratização do uso da tecnologia em diversos segmentos, principalmente por ter em sua essência o software livre e tecnologias abertas que todos podem remixar, compartilhar e alimentar a comunidade. Para os estudantes, essa é uma chance única de acessar conhecimentos técnicos que muitas vezes não são abordados nas salas de aula. Além disso, a Latinoware passa uma visão clara dos diversos caminhos que podemos trilhar nos diferentes segmentos. Conhecer histórias de profissionais que já passaram pelas etapas que estamos enfrentando nos motiva e nos ajuda a visualizar as possibilidades que temos à frente”, completa.

A palestrante Isabela Gonçalves, que vai participar do evento pela segunda vez, tem como missão tornar a tecnologia um direito social. A jovem que cresceu em uma comunidade de Campinas/SP, atua pela inclusão de meninas e mulheres negras na tecnologia.

Esse trabalho começou com a criação de um movimento de chamar a indústria que fica próxima às escolas públicas, para contribuir com tecnologia e patrocínio, para que as estudantes criassem soluções por meio da tecnologia.

“O acesso e investimento em tecnologia é uma possibilidade de mudar a perspectiva dessas meninas. Tecnologia não é papo de futuro, é papo de agora. É preciso olhar para a periferia como perspectiva de inovação para o país, e por uma série de fatores é por iniciativa das mulheres que tudo acontece na comunidade. Então sairmos do papel de usuárias da tecnologia para assumir um papel de protagonismo na criação de soluções é uma forma de construir caminhos sustentáveis de transformação. Lutamos para que a tecnologia seja um direito social, assim como saúde e educação e essa discussão é que traremos para o evento”, conta.


A palestrante aponta ainda a importância de discussões em torno do assunto, como as promovidas pelo Latinoware, para olharmos para o ser humano que está por trás do desenvolvimento da tecnologia.

“É um momento de observar a perspectiva de que o machismo e racismo existem sim na tecnologia, quando a IA gera imagens de pessoas negras em situações de pobreza e violência sem darmos comandos específicos e o mesmo não acontece com a geração de imagens de pessoas brancas. Então é uma oportunidade de lembrarmos do ponto inicial das coisas. A tecnologia foi feita por pessoas que carregam seus estigmas, e nós debatemos sobretudo sobre pessoas e entender o que elas estão pensando para o mundo. O Latinoware vai na raiz, a gente vê a contradição que é onde moram as soluções”, afirma.

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