O Economia PR segue com sua série especial sobre o empreendedorismo feminino, trazendo histórias que não apenas inspiram, mas também nos convidam a refletir sobre coragem, resiliência e o poder de transformar desafios em possibilidades.
A entrevista de hoje é com Adriana Vasconcellos Dandolini, uma mulher que transborda força e sensibilidade. Advogada com mais de uma década de experiência, mestre pela Unioeste, mãe, professora, palestrante e ativista pelos direitos das mulheres, Adriana é a definição de alguém que encontrou no empreendedorismo uma forma de liberdade e expressão.
Sua trajetória é marcada por lutas e superações: desde conquistar o respeito em um mercado predominantemente masculino até equilibrar os pratos – que, como ela mesma diz, às vezes caem – entre a maternidade e os negócios.
Adriana compartilhou como sua intuição, dedicação e amor pelo que faz moldaram não apenas sua carreira, mas também sua visão de mundo. Empreender, como ela nos mostra, é mais do que abrir um negócio; é um ato de coragem, de construir caminhos e de inspirar outras mulheres a também darem seus passos. Confira:
O que te levou a empreender?
Adriana: Eu sempre priorizei a liberdade em minhas decisões e sempre procurei seguir minha intuição nos negócios. Empreender me permite utilizar essas e outras habilidades no meu contexto profissional, sendo mais realizada a partir disso. A possibilidade de inovar também me atrai bastante no contexto do empreendedorismo: adoro pensar em novas formas de atuar e novas perspectivas para meu negócio.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou e como os superou?
Adriana: Primeiro, como mulher e muito jovem, no início da carreira (aos 23 anos), eu sentia dificuldade de ser vista com respeito e confiança pelos novos clientes e colegas de profissão. Fui modificando essa situação a partir de muito estudo e atuação ética e profissional na minha área e assim fui consolidando meu trabalho e atuação como referência na minha profissão. Depois, quando me tornei mãe. O desafio de conciliar a maternidade e minha carreira foi algo que eu sequer havia pensado que seria tão desafiador. Nasce um filho, nasce uma mãe… e uma culpa. Sempre senti que estava em débito com alguma área da minha vida: com minha filha; com meus negócios; com meus clientes. É impossível estar presente em todos esses “papéis” ao mesmo tempo. Mas depois de muita estratégia (e terapia) consegui encontrar um equilíbrio para tudo isso. A maternidade e o empreendedorismo são um eterno equilíbrio de pratos. Às vezes, alguns deles vão cair e está tudo bem. Ninguém é perfeito.
Como seu negócio inova e causa impacto positivo?
Adriana: Minha atuação na área preventiva não é uma grande novidade no mercado, mas meu atendimento exclusivo e personalizado, atento às necessidades específicas dos meus clientes, sim. Eu desenvolvi minha própria metodologia, desde o atendimento inicial até a entrega, que preza sempre pelo “encantamento”. Na minha profissão sempre existiu a vaidade de se falar “difícil” e isso não faz mais sentido aos clientes que atendo. A linguagem acessível e a atuação a partir de uma experiência completa, estratégica e com soluções personalizadas tem trazido bons resultados. O impacto positivo fica por conta da redução dos riscos e dos prejuízos que meus clientes possam ter com demandas judiciais. Isso significa mais que financeiro, mas sim a própria saúde mental e tranquilidade na atuação desses profissionais.
Como você enxerga o mercado para mulheres empreendedoras no Brasil?
Adriana: É um mercado vasto e tem muita oportunidade para mulheres. Ele também pode ser uma alternativa na conciliação de múltiplas tarefas. No caso das mães, empreender é muitas vezes uma “saída”. Como a maioria absorve o trabalho doméstico e de cuidado dos filhos, a flexibilidade de horários e jornada pode ser uma “alternativa” para uma carreira. Para algumas mulheres pode ser uma oportunidade, para outras talvez seja a única opção. Como uma mulher privilegiada, preciso reconhecer isso.
Que mudanças no mercado você acredita que irão beneficiar as mulheres empreendedoras nos próximos anos?
Adriana: O fomento de políticas públicas que atuem com programas de capacitação, mentorias especializadas e linhas de crédito com condições diferenciadas, por exemplo, poderão ajudar a eliminar barreiras que historicamente dificultaram o acesso das mulheres ao empreendedorismo. Além disso, as ferramentas de e-commerce, marketing digital e redes sociais têm facilitado a entrada e o crescimento de negócios liderados por mulheres, além de torná-los mais competitivos. Quanto mais protagonismo feminino alcançarmos nesses espaços, mais teremos a oportunidade de crescer.
Que habilidades você acha que são subestimadas, mas essenciais para empreender?
Adriana: Acredito que as mulheres possuem uma capacidade nata de lidar com diversas tarefas ao mesmo tempo e isto é uma habilidade essencial no mundo do empreendedorismo. No mundo empreendedor, frequentemente é preciso gerenciar múltiplas responsabilidades, desde questões operacionais até o planejamento estratégico e relacionamento com clientes. Essa capacidade de “multitasking” muitas vezes vem acompanhada de outras características que as mulheres trazem ao empreender, como: empatia, adaptabilidade, resiliência, organização, planejamento, etc. Jamais subestime a capacidade de uma mulher empreendedora nessas habilidades. Ainda mais, se ela for mãe.
Qual é o maior objetivo que você ainda quer alcançar?
Adriana: Particularmente, meu maior objetivo é criar um negócio que seja não apenas financeiramente bem-sucedido, mas também sustentável e impactante, servindo como referência e inspiração para outras mulheres.
Que conselho você daria para mulheres que querem começar a empreender?
Adriana: Comece hoje. Apenas comece. Às vezes pode estar esperando que tudo esteja perfeito, que a economia melhore, que você esteja mais motivada, que você tenha mais tempo. E isso não vai acontecer. Muita gente que eu conheço e tem sucesso não estava no “cenário perfeito”, mas teve bons resultados. A decisão mais importante é começar. “Se der medo, vai com medo mesmo.”