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“O Paraná tem vocação para a inovação”, afirma Ratinho Junior

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Foto: Roberto Dziura Junior

Com um orçamento recorde de R$ 78,6 bilhões para este ano, o Estado avança em investimentos robustos que abrangem desde infraestrutura e habitação até tecnologia e inovação

Os investimentos expressivos em infraestrutura, educação e agricultura vêm alavancando a economia paranaense e atraindo grandes nomes nacionais e internacionais. 

Desde 2019, o Paraná já contabilizou mais de R$ 300 bilhões em investimentos privados, consolidando-se como um dos principais polos econômicos e tecnológicos do país.

Em uma entrevista exclusiva ao Economia PR Drops, o governador Ratinho Junior compartilhou insights sobre o planejamento estratégico e as conquistas recentes do Paraná. 

Ele destacou, ainda, o papel crescente do Paraná no cenário global, com avanços significativos em sustentabilidade e inovação. O Estado se posiciona como um modelo para boas práticas, com políticas públicas integradas que visam fomentar o desenvolvimento econômico e social nos próximos anos. Confira na íntegra a seguir:

O orçamento recorde de R$ 78,6 bilhões para 2024 inclui um investimento expressivo de R$ 6,3 bilhões. Quais são os principais projetos e setores que serão priorizados com esse recurso?

Ratinho Junior: Estamos dentro do maior ciclo de investimentos públicos da nossa história. Vamos manter os grandes volumes de recursos para infraestrutura, como a duplicação em concreto de todo o eixo central, de Guarapuava a Pitanga, a Ponte de Guaratuba, a duplicação de Matinhos a Pontal do Paraná, entre outras. Isso é fundamental para atrair novas empresas. Também vamos fortalecer áreas estratégicas, como a educação e a agricultura. No primeiro caso o desafio é manter o excelente nível que alcançamos, com a melhor educação do Brasil. Para isso estamos investindo em ampliação da rede de educação em tempo integral, compra de equipamentos, construção de novas escolas, substituição de todas as salas de aula de madeira, intercâmbios e kits escolares para os alunos. Na agricultura criamos uma espécie de Plano Safra estadual, o Fiagro, com juros bem abaixo do mercado para que os nossos agricultores continuem investindo, com expectativa de girar R$ 2 bilhões em movimentação. Além disso planejamos novos hospitais, Ambulatórios Médicos de Especialidades regionalizados, novo armamento para as polícias, a continuidade do Asfalto Novo, Vida Nova, que é o maior programa de pavimentação urbana do Brasil, além da orla de Pontal do Paraná, do Centro de Eventos em Curitiba e mais grandes projetos que devemos tirar do papel em 2025. Também vamos dar um gás no maior programa de habitação do Brasil, com mais de 100 mil famílias já atendidas. Fizemos a lição de casa nos primeiros anos de gestão e agora estamos conseguindo acelerar muito os investimentos.

O Paraná alcançou a marca de R$ 300 bilhões em investimentos privados desde 2019. Como o governo planeja manter esse ritmo e atrair novos investidores em 2025?

Ratinho Junior: É um número impressionante. A nossa meta era bem mais tímida e conseguimos ultrapassar. E são empresas do quilate da Electrolux, Nissin, Volkswagen, Renault, Ambev, Heineken, C.Vale, Lar, Agrária, Tirol, Sumitomo, LG, Audi, Votorantim, todas gigantes nacionais e internacionais. Isso acontece porque criamos uma marca Paraná, levamos ela para rodadas nacionais e internacionais e apresentamos o Estado como um polo gerador de empregos, com grande qualidade de vida, segurança, infraestrutura, um bom arcabouço tributário e segurança para investidores. Isso atrai os olhares. Nessa gestão alcançamos o posto de quarta maior economia do Brasil, nossas cidades chegaram nos maiores índices de desenvolvimento humano da história e o Paraná virou exemplo global de desenvolvimento sustentável em um relatório da OCDE, que reúne os países mais ricos do mundo. Tudo isso desperta interesse.

O Paraná conquistou o 3º lugar no Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID), um salto significativo em relação à última década. Quais políticas públicas foram determinantes para esse avanço?

Ratinho Junior: Além do terceiro lugar, o Paraná registrou o maior salto entre os estados, passou da 6ª para a 3ª posição no período de 2014 a 2024, tornando-se uma das três economias mais inovadoras do País. Esse avanço foi impulsionado por investimentos estratégicos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Temos a maior rede de universidades do Brasil, reconhecidas em diversos rankings internacionais. E elas vão executar o maior orçamento de sua história em 2025: R$ 3,6 bilhões. Investimos em startups, ambientes inovadores, parques tecnológicos, bolsas de pesquisa, arranjos acadêmicos, mestrados e doutorados, e em breve teremos a Fábrica de Ideias, transformando uma antiga fábrica de Curitiba em um dos maiores hubs de inovação da América Latina, inspirado em um exemplo de Portugal. O Estado ainda terá um hub de govtechs no Canal da Música. O espaço, que está sendo reformado, será dedicado à incubação e aceleração de startups. O Paraná tem unicórnios e municípios vocacionados para a inovação, facilitando essas conexões.

Há novos investimentos planejados para ampliar ainda mais o ecossistema de inovação no estado? Como as universidades e startups estão sendo integradas a essa estratégia?

Ratinho Junior:  Para 2025 vamos continuar a apoiar startups com a segunda fase do Anjo Inovador. Ao promover um incentivo financeiro a startups, a iniciativa permite que elas desenvolvam produtos, serviços e processos inovadores, pensando em solucionar problemas reais em diversas áreas, como saúde, educação, agricultura, gestão pública, cidades inteligentes, esportes e sustentabilidade. Até o final do edital, o Governo do Estado irá destinar mais de R$ 17 milhões para 68 empresas.

Além disso, criamos nas universidades estaduais agências de inovação. Elas são responsáveis por conectar pesquisas e pesquisadores, olhar para a realidade do mercado e buscar soluções, além de promover produtos inovadores. O Governo do Estado também tem um Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime). A iniciativa é destinada a financiar pesquisadores de instituições de ensino superior para transformar pesquisas científicas em produtos mercadológicos.

Recentemente, grandes empresas como PremieRpet e Volkswagen anunciaram expansões significativas no Paraná. Como o governo está trabalhando para atrair pequenos e médios empresários para aproveitar essas oportunidades?

Ratinho Junior: É uma série de iniciativas. No ano passado, por exemplo, prorrogamos os benefícios fiscais do ICMS ao setor produtivo até 31 de dezembro de 2028. A medida beneficia setores como a agropecuária e indústria e busca manter a competitividade de mercado de diversos produtos paranaenses, além de viabilizar a sustentabilidade das políticas públicas e a manutenção do equilíbrio fiscal do Estado. Também estamos com o Descomplica Paraná e o Decreto de Baixo Risco, projetos que tiraram de mais de 700 segmentos a obrigação de processos burocráticos de licenciamento, o que está dentro da chamada Lei de Liberdade Econômica. E além disso temos o programa Paraná Competitivo, que oferece condições especiais para quem realizar investimentos e contratações no Estado. No Paraná nós somos aliados do setor produtivo.

A infraestrutura logística do Paraná tem sido um diferencial competitivo. Quais são os próximos investimentos ou melhorias planejadas para manter essa vantagem?

Ratinho Junior: O Paraná terá as melhores rodovias do Brasil daqui a alguns anos com o novo pacote de concessões. Estamos atraindo mais de R$ 60 bilhões em investimentos. Ninguém vai receber esse montante na América Latina nos próximos anos. Já leiloamos quatro lotes e os dois últimos serão em 2025. Apenas no Lote do Oeste, por exemplo, são mais de 460 quilômetros só de duplicações. Teremos nos próximos anos o Contorno Norte de Curitiba duplicado, uma nova pista na BR-277 na Serra do Mar, a duplicação entre Londrina e Curitiba, e muito mais.

Além disso, nos organizamos com um grande Banco de Projetos para tocar obras com investimentos próprios. Duplicamos a PR-445, a PR-317, revitalizamos em concreto toda a PRC-280, duplicamos trechos da PR-323, vamos duplicar a ligação central entre Guarapuava e Pitanga, duplicamos a Rodovia dos Minérios, e assinamos diversos convênios para levar pavimentação para regiões turísticas e cidades que ainda estavam isoladas.

E também temos o melhor porto do Brasil, premiado por cinco vezes seguidas pela Antaq pela qualidade da gestão. Em 2024 batemos recorde de movimentação, estamos regularizando todas as áreas ociosas e investindo na maior obra pública portuária do Brasil, o Moegão, que permitirá o descarregamento simultâneo de até 180 vagões em três linhas independentes, que totalizam 3,8 quilômetros de esteiras. Cada linha terá capacidade de movimentação de 2 mil toneladas de cargas por hora, agilizando muito o nosso fluxo logístico.

Quais são as metas econômicas e sociais do Paraná para os próximos anos, e como o governo está se preparando para alcançá-las?

Ratinho Junior: Superamos o PIB do Rio Grande do Sul duas vezes nos últimos três anos. E isso só aconteceu três vezes na história do Paraná. Agora queremos consolidar essa posição com o crescimento exponencial das nossas indústrias, do agronegócio e da balança comercial. Chegou o momento de consolidar essa posição, o que vai dar um novo peso para o Paraná nas discussões nacionais. Duas iniciativas vão ajudar o Estado a alcançar esse status: o Plano Safra estadual, garantindo fluxo e muitos investimentos no campo, e o Rota do Progresso, que é um pacote de R$ 2,5 bilhões em investimentos nos municípios que têm IDH abaixo da média estadual.

Como o senhor enxerga o papel do Paraná no contexto nacional e internacional nos próximos 10 anos?

Ratinho Junior: Com muito protagonismo. O Paraná cresce mais que países como Canadá, Portugal e México, tem taxa de desemprego mais baixa que Alemanha, França e Índia e nosso agronegócio dobra de tamanho de tempos em tempos. O Estado também tem o quarto menor índice de desigualdade de renda (Índice Gini) entre os estados brasileiros, o que é muito significativo. E estamos deixando a questão da infraestrutura e das políticas sociais muito bem encaminhadas, sempre com um olhar para o desenvolvimento sustentável. O Paraná já é um exemplo global e tem tudo para chegar no ano da Agenda 2030 da ONU como um polo difusor de boas práticas.

Quais são os principais desafios e as principais expectativas para 2025?

Ratinho Junior: Temos um grande desafio que é a economia nacional, com dólar muito alto e taxas de juros acima do esperado para conter a inflação. O país precisa de reformas estruturantes para avançar. Além disso, estamos lutando com o Cosud para que os estados do Sul e Sudeste tenham direito a um fundo constitucional e possam desenvolver mais políticas conjuntas, o que deve sair do papel nos próximos anos. Mas a expectativa, de modo geral, é muito boa. Estou muito focado em concretizar todos os projetos que iniciamos. Sempre digo que não passo um minuto do meu tempo em discussões que não levam a nada. Espero que esse período de paz perdure e que eu possa deixar como legado um novo Paraná.

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