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Empreendedor: xoxo, capenga, manco, anêmico, frágil e inconsistente

Empreendedor xoxo Economia PR
Foto: Poike / Getty Images

Nos últimos anos, a discussão sobre saúde mental no ambiente de trabalho ganhou força. Um exemplo foi o reconhecimento oficial do burnout como doença ocupacional em 2022.

Dados do INSS revelam um crescimento alarmante no número de afastamentos relacionados a transtornos ansiosos: só no ano passado, foram concedidos 128.905 benefícios por incapacidade, categoria que inclui ansiedade generalizada e transtorno do pânico. 

Esses números, por si só, revelam uma crise silenciosa que se desenrola em diversos contextos profissionais, inclusive no empreendedorismo.

Paradoxalmente, nunca se produziu tanto. 

Os avanços tecnológicos, a hiperconectividade e a pressão por performance elevaram a produtividade a patamares inéditos, mas às custas de um custo humano elevado. 

Exemplo disso foi o surgimento de um conceito ainda menos estudado, mas cada vez mais presente: o burnon

Esse termo se refere a uma dedicação excessiva e obsessiva ao trabalho, levando ao rompimento de relações pessoais e ao abandono de momentos de lazer. O indivíduo em estado de burnon não reconhece seus limites e acredita que tudo o que faz ainda é insuficiente (alô, Síndrome do Impostor).

Se o burnout já representa uma urgência de saúde pública e trabalhista, o burnon adiciona um novo desafio: o da autopercepção.

O profissional que sofre desse fenômeno nem sempre reconhece que precisa de ajuda, pois, diferentemente do burnout, onde o esgotamento se torna evidente, no burnon o ciclo de exaustão se retroalimenta, sustentado pela cultura da alta performance e pela autoexigência sem fim.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da consultoria KPMG indicam que, para cada dólar investido em saúde mental, há um retorno de quatro dólares, refletindo em redução de custos com afastamentos e aumento da eficiência dos colaboradores.

Além disso, uma pesquisa da Harvard Business Review aponta que o retorno sobre o investimento (ROI) em programas de saúde mental é de R$ 3,68 para toda a equipe e de R$ 6,30 para os gestores.

Reconhecendo esses benefícios, 61% das organizações planejam ampliar os investimentos em bem-estar nos próximos anos, promovendo iniciativas como terapia subsidiada, flexibilização de horários e treinamentos para gestores lidarem com a sobrecarga emocional de suas equipes.

Mas… E quando não há suporte corporativo?

Empreendedores enfrentam uma realidade ainda mais desafiadora. Sem esses programas de benefícios ou simplesmente uma rede de apoio estruturada, eles muitas vezes lidam sozinhos com os impactos do burnout e do burnon.

Nesse contexto, algumas medidas são fundamentais:

  1. Autogestão do tempo: criar limites claros entre vida pessoal e profissional é essencial. Horários definidos para descanso e lazer ajudam a evitar a exaustão constante.
  2. Construção de redes de apoio: conectar-se com outros empreendedores pode ser uma forma de trocar experiências e encontrar suporte emocional e profissional.
  3. Investimento em saúde mental: buscar terapia ou grupos de apoio pode ser um passo importante para evitar o colapso. Há diversas iniciativas acessíveis, inclusive para autônomos.
  4. Revisão de expectativas: entender que o crescimento não precisa acontecer às custas da própria saúde é essencial. Metas realistas e pausas programadas fazem toda a diferença.

O esgotamento profissional não é apenas um problema de quem está inserido no ambiente corporativo, mas também de quem empreende. 

A produtividade só é sustentável quando acompanhada de equilíbrio.

É hora de rever prioridades e lembrar que, antes de sermos profissionais, somos pessoas.

O custo de ignorar essa realidade pode ser alto demais – para indivíduos, negócios e para toda a economia.

P.S: Para quem não entendeu a referência do título, busque por “Renata Vasconcelos” no Youtube e o meme aparece.

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Jornalista, Community Manager e Editora-chefe do Economia PR

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