O preço médio do metro quadrado dos terrenos em Curitiba dobrou no último ano. Em condomínio fechado, esse valor saltou de R$ 1.069,00 para R$ 3.003,00. Já quanto aos terrenos de rua, o salto foi de R$ 761,00 para R$ 1.547,00 o metro quadrado.
É o que mostra o mais recentemente levantamento realizado pela Brain Inteligência Estratégica, com base nos dados consolidados no terceiro trimestre de 2024 (setembro).
O estudo mostra ainda que o Volume Geral de Vendas (VGV) dos lançamentos em condomínios horizontais triplicou no 3º trimestre de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O VGV desses lançamentos em Curitiba pulou de R$ 71,6 milhões para R$ 236,8 milhões.
O curioso é que houve redução (de 26,2%) no número de lançamentos horizontais na capital paranaense em 2024, em relação a 2023: de 210 para 155 casas e terrenos em condomínio.
Ainda assim, as vendas desses imóveis cresceram 6,8%, chegando a 235 unidades comercializadas. Indicador que reafirma, assim, a valorização dos terrenos: lançou-se menos, a valores superiores do que no último ano e, ainda assim, vendeu-se mais.
Para o sócio e consultor da Brain, Guilherme Werner, um dos fatores que explicam a valorização do metro quadrado dos terrenos está na escassez de oferta desse tipo de imóvel.
“Curitiba é uma das capitais com maior preço médio do lote em condomínio fechado. Isso decorre de uma oferta pequena, ocasionada pela baixa disponibilidade de áreas e restrições na legislação”, afirma.
Werner fornece um dado que ilustra essa escassez: de 29 condomínios horizontais ativos na cidade, apenas cinco comportam mais de 100 lotes.
“Isso aumenta o preço do metro quadrado e, naturalmente, o VGV. Então, mesmo com a queda de lançamentos, o que foi lançado teve valores maiores”, observa.
Entre as empresas que trabalham com lançamentos horizontais, está a Canet Júnior, responsável pelo Neoville, região planejada com um milhão de metros quadrados, na região sul de Curitiba.
Em 2024, a incorporadora lançou dois condomínios fechados de terrenos, juntos, totalizando 115 lotes – o Paseo Santiago e o Paseo de Ávila – que mantêm ritmo acelerado de comercialização.
O Paseo Santiago, por exemplo, já está 94% vendido – 80% durante o lançamento. O Paseo de Ávila, mais recente, atingiu 60% de vendas logo na abertura – hoje, com 75% dos lotes comercializados.
Para a presidente da Canet Júnior, Jaqueline Milstein, a combinação de localização estratégica – o Neoville está a apenas 20 minutos do Centro – e qualidade de vida proporcionada pelos condomínios horizontais explica a valorização do metro quadrado e o êxito das vendas.
Destacam-se a proximidade com a natureza, a integração de áreas internas e externas, o acesso a ótimas opções de comércio, serviços e escolas dentro do próprio Neoville e a possibilidade de construir a casa do jeito que o morador deseja, tudo isso dentro de um espaço que oferece muita segurança.
A executiva também atribui o sucesso à inteligência embarcada no desenvolvimento imobiliários dos projetos. Anteriormente, os condomínios de lotes possuíam uma estrutura reduzida e, em geral, eram comercializados terrenos com áreas maiores, onde eram construídas casas com mais de 400 metros quadrados.
“Hoje, há uma nova percepção dessa oferta. Ou seja, os condomínios valorizam áreas de lazer que funcionam como uma extensão das moradias, permitindo a construção de casas menores. Morar bem passou a ser associado à qualidade de vida, proporcionada por espaços condominiais bem planejados e conceituados”, explica Jaqueline.
E o consumidor está propenso a pagar mais por esses atributos, afirma Werner.
“Como a oferta de condomínios horizontais é relativamente pequena, o consumidor tem absorvido o aumento no valor do metro quadrado, inclusive, para pagamento em prazos menores”, observa. Além disso, para 2025 há uma tendência de “migração” da preferência do consumidor, de condomínios verticais para horizontais.
Tal mudança é consequência sobretudo das condições de financiamento, que têm se tornado mais facilitadas para os empreendimentos horizontais. Ocorre que, nestes, o financiamento costuma ser promovido pelo próprio empreendedor.
Já nos verticais, o financiamento é dependente dos bancos, que estão limitando recursos para crédito imobiliário e elevando as taxas de juros.
“A classe média deverá impulsionar o mercado de condomínios horizontais em Curitiba nesse ano”, projeta Werner.
O Neoville, da Canet Júnior, está situado no bairro de Curitiba – a Cidade Industrial – com a quarta maior oferta de lançamentos horizontais: 140 unidades, ou 8,2% do total de lançamentos horizontais do município.
Xaxim, em primeiro (20,5% do total) e Umbará (terceiro, com 10,6%) são outros dois bairros da zona sul que figuram no topo do ranking. Apenas o bairro Santa Cândida, em segundo lugar na classificação (18%), está fora desse eixo da cidade.
Na avaliação do consultor da Brain, diante de oferta preponderante de apartamentos, as empresas do mercado imobiliário vislumbram no mercado de condomínios horizontais uma estratégia de crescimento, atraindo novos perfis de compradores, assim como diversificando a oferta de produtos para os seus já clientes.
Fator esse que reforça a percepção de tendência de expansão dos lançamentos de casas e terrenos nos próximos anos.