O envelhecimento da população brasileira é uma realidade incontestável. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em doze anos, passando de 14,1 milhões em 2010 para 22,2 milhões em 2022, representando 10,9% da população total.
Além disso, a população com 60 anos ou mais chegou a 32,1 milhões de pessoas em 2022, correspondendo a 15,8% da população do país.
Projeções indicam que essa tendência continuará nas próximas décadas. Estima-se que, em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do país serão idosos, totalizando aproximadamente 75,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
Esse crescimento significativo da população idosa evidencia a necessidade urgente de serviços especializados para atender a essa parcela da sociedade.
Nesse cenário, iniciativas como o Solary Ville, idealizada pela psicóloga Roberta M. Bombonatto e sua mãe, Jane Mendes, enfermeira, destacam-se ao oferecer residenciais premium para idosos, focados em atendimento humanizado e infraestrutura de alto padrão.
Neste Economia PR DRops, Roberta compartilha os desafios enfrentados na criação do Solary Ville, sua visão sobre o futuro dos serviços para idosos e as oportunidades do chamado “mercado prateado” no Brasil. Confira!
Como surgiu a ideia do Solary Ville e quais foram os principais desafios na sua implementação?
Roberta: A franquia de casas de repouso premium foi idealizada por mim, Roberta M. Bombonatto, psicóloga e pós-graduanda em gerontologia pelo Instituto Einstein SP, e por minha mãe, Jane Mendes, enfermeira. Tudo começou em 2015, por meio de um bate-papo. Falamos sobre atendimentos em instituições de longa permanência e o quanto os serviços oferecidos tinham falhas. Sem contar que na época, o conceito asilar era tratado com enorme tabu. Foi uma conversa que durou horas. Diante disso acabou plantando em minha vontade de entender sobre esse mercado e saber como esses idosos estavam sendo tratados e atendidos. Nós, na época, fizemos algumas visitas em casas de repouso em Curitiba e eu cheguei a conclusão que tinha muita demanda e faltava muita qualidade. Então não tinha um padrão de atendimento, não tinha um plano adequado para cada idoso e infelizmente eles eram tratados de uma forma que não mereciam. Diante disso, nós ficamos dois anos em desenvolvimento de um projeto com muito estudo, com viagem, com pesquisa de mercado e inauguramos nossa primeira unidade: a Solary Ville Centro para Idosas.
O conceito de residencial premium para idosos ainda enfrenta tabus no Brasil? Como você enxerga a evolução desse mercado?
Roberta: A evolução das casas de repouso para idosos no Brasil, reflete a transformação da sociedade e das políticas públicas no cuidado da terceira idade, especialmente nos últimos 50 anos. Diferente das últimas décadas, hoje as casas de repouso no Brasil têm um foco mais humanizado, bem diferente do que era lá atrás, como estabelecimentos oferecendo programas que promovem o envelhecimento ativo, como atividades físicas, cognitivas e culturais. Além disso, muitos lares, agora, oferecem opções de moradia mais personalizada, o que era um cenário muito diferente de poucos anos atrás. Contudo, ainda existem muitos desafios. Embora o Brasil tenha avançado bastante no atendimento aos idosos em casa de repouso nos últimos 10 anos, o sistema ainda enfrenta desafios relacionados à diversidade de oferta e à qualidade do cuidado em diversas regiões do país, além do famoso preconceito que ainda é existente.
O conceito inicial do Solary Ville surgiu com um viés familiar, a partir das necessidades do seu pai. Como essa experiência pessoal influenciou sua visão de negócio?
Roberta: Quando o meu pai necessitou de cuidados, nós já tínhamos a unidade Centro Para Idosas. E naquele momento eu pensei, já cuidamos de tantas idosas, porque não cuidar do meu pai também? E aí nós começamos um projeto para abrir a nossa unidade mista, que foi uma unidade bem desafiadora, pois nós começamos as obras e no mês seguinte veio a pandemia. Então foi um momento muito complicado, mas nós não desistimos, abrimos a unidade, meu pai foi nosso primeiro morador e hoje nós temos a experiência e trabalhamos com público feminino, masculino e casais também.
Quais são os principais diferenciais da franquia e qual perfil de franqueado vocês buscam?
Roberta: Nós temos muita experiência no ramo, o que torna o processo mais leve e seguro. Além do know how, entregamos ao nosso franqueado todos os materiais necessários, acompanhamento desde a busca inicial do imóvel até a conclusão da obra. E após a abertura da unidade, nós também realizamos um acompanhamento bem próximo, o que traz, de certa forma, uma segurança para quem escolhe fechar uma unidade Solary Ville.
Quais são os principais desafios e oportunidades do segmento de franquias voltadas para idosos no Brasil?
Roberta: Sem dúvida é o preconceito e a falta de informação. As pessoas sabem que o envelhecimento, as casas de repouso e o cuidado para com esse público está em alta e é um negócio do futuro, porém ainda tem grandes receios dos tabus e preconceitos.
O Brasil tem um número crescente de idosos e a longevidade está aumentando. Como você vê o futuro dos serviços voltados para essa população?
Roberto: Existe um mercado privado enorme chamado mercado prateado, que são serviços e produtos voltados ao envelhecimento. O número de casas de repousos privadas está aumentando diariamente, o que traz opções de cuidados para as pessoas. Porém, o estado também precisa se organizar para que todos os idosos possam ter a oportunidade de serem cuidados.
Quais são as metas do Solary Ville para os próximos anos?
Roberta: Acredito que atualmente nosso maior objetivo é crescer no mercado do envelhecimento, podendo mostrar o nosso trabalho, expandindo o nosso serviço para o sul do país. Vamos inaugurar uma franquia em Cascavel, hoje, 28 de março, e outra unidade em Curitiba, até o meio do ano.