O Brasil tem visto um movimento crescente de empresas familiares buscando profissionalização e acesso ao mercado de capitais como forma de viabilizar sua expansão.
Porém, o acesso a recursos financeiros ainda representa um dos maiores desafios, uma vez que entender as opções disponíveis e se preparar adequadamente pode fazer a diferença entre o crescimento sustentável e a estagnação.
Com esse pano de fundo, no último dia 24, o LIDE Paraná promoveu mais um Business Dinner com o tema “Mercado de capitais e o desafio para empresas familiares”, reunindo empresários e especialistas em Curitiba.
O encontro contou com a participação de Dov Gilvanci Levi, especialista em Gestão de Portfólios Globais e Investimentos e finanças Corportivas e CEO da Gennesys, reconhecido por sua atuação em planejamento tributário e sucessório, e de José Olympio Pereira, presidente do Banco J. Safra, que compartilharam experiências práticas e estratégias para preservar e multiplicar o patrimônio em um cenário econômico e político global marcado por incertezas.
Durante sua participação, Dov Gilvanci Levi trouxe reflexões importantes sobre como as mudanças normativas têm impacto direto no processo sucessório patrimonial, e alertou para a urgência de um planejamento responsável.
“Planejar garante segurança fiscal e econômica para a família e os herdeiros, além de permitir uma gestão supervisionada e responsável do patrimônio”, completou.
José Olympio Pereira, presidente do Banco J. Safra, apresentou um panorama detalhado do mercado financeiro brasileiro, destacando tendências e oportunidades para empresas que buscam crescimento por meio do mercado de capitais. Um dos principais pontos abordados foi o crescimento do mercado de dívida privada.
“Mesmo empresas menores estão acessando esse mercado, o que antes era restrito a grandes corporações”, explicou.
Nos últimos anos, o país vem registrando um avanço significativo na emissão de títulos como debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA).
A emissão desses papéis já ultrapassa os R$ 250 bilhões ao ano. Segundo Olympio, esses instrumentos têm se mostrado extremamente atrativos, principalmente por oferecerem isenções fiscais e juros competitivos.
“Esses títulos criaram uma nova classe de ativos que atraiu muito o investidor pessoa física, justamente porque são isentos de imposto”, destacou.
“Quando a taxa de juros começou a subir, esses investimentos incentivados passaram a ter um desenvolvimento enorme. Em 12 meses, saímos de R$ 55 bilhões para R$ 250 bilhões em emissões.”
Olympio também analisou a retomada dos IPOs no país e apontou os fundos de private equity como boas alternativas para empresas em fase de crescimento. Além disso, reforçou a importância de governança corporativa para empresas familiares que desejam acessar o mercado de capitais.
“Não apenas os gastos pessoais, mas todo o patrimônio familiar precisa ser devidamente segregado. Quanto antes isso for feito, melhor”, afirmou, citando um exemplo provocador: “Um quadro de Van Gogh na sala da diretoria pode valer milhões, mas não gera lucro nem imposto. Se não for removido antes da abertura de capital, esse valor será simplesmente incorporado pela empresa sem qualquer contrapartida”.
O evento deixou uma mensagem clara: empresas familiares que almejam acessar o mercado de capitais precisam se antecipar, investir em governança, transparência e estrutura jurídica, e escolher o melhor modelo de captação de acordo com o estágio de maturidade do negócio.
“O LIDE reforça seu compromisso em fomentar esse tipo de debate estratégico, oferecendo aos empresários conteúdo de alto nível e conexões que podem transformar o futuro de seus negócios”, concluiu Heloísa Garrett, presidente do LIDE Paraná.