Curitiba está de volta ao radar dos grandes shows internacionais. É o que dizem os números: entre 2022 – retomada dos eventos pós-pandemia – e 2024, a capital paranaense recebeu mais de 50 shows internacionais. Bandas como Metallica, Coldplay e Imagine Dragons, e nomes como Paul McCartney e Bruno Mars abriram a nova era de shows na cidade.
Em 2025 o calendário de shows segue aquecido. Até o fechamento deste texto, Curitiba já recebeu 17 shows internacionais e 20 apresentações estão confirmadas ou em fase avançada de negociação.
O número supera em 54 % o recorde anterior, de 24 shows em 2019. São várias as razões por trás do retorno da capital paranaense ao topo da lista de cidades preferidas por produtores de eventos como esse.
Mais que tradição, Curitiba tem diferenciais práticos.
A começar pela logística, que é um ponto forte: o fácil acesso rodoviário facilita a montagem e desmontagem de estruturas, reduz custos operacionais e oferece segurança para equipes que vivem sob cronogramas apertados. Essa fluidez, aliada à boa infraestrutura urbana, dá segurança a produtores e investidores internacionais.
Essencial também foi o incentivo fiscal assinado em 2017 pelo então prefeito Rafael Greca, que reduziu a alíquota do ISS de 5% para 2% para eventos culturais e de entretenimento.
A medida impulsionou o setor sem comprometer a arrecadação: em 2024, o município registrou uma receita recorde de R$ 2,35 bilhões em ISS, representando um crescimento de 9,27% em relação ao ano anterior.
A expectativa é que a continuidade desse incentivo mantenha a cidade como destino estratégico para eventos de grande porte.
Outro atrativo importante é o perfil do público curitibano. Historicamente reconhecida por seu gosto cultural exigente, Curitiba é famosa por ser a cidade escolhida por muitas marcas para verdadeiros “testes de fogo” de mercado.
E isso faz diferença: significa maior chance de casa cheia, mesmo com ingressos mais caros — desde que o show seja bem posicionado e promovido, claro.
Soma-se a isso o fato de Curitiba possuir um dos melhores índices de qualidade urbana do país, o que impacta positivamente na experiência do público e reduz riscos operacionais, como atrasos causados por problemas típicos de grandes cidades.
Em comparação com grandes centros como São Paulo ou Rio de Janeiro, Curitiba oferece uma agenda menos saturada de eventos, o que amplia as chances de sucesso de um show internacional.
Nessa disputa por visibilidade e retorno financeiro, a capital paranaense se mostra cada vez mais competitiva. E os produtores notam: Linkin Park, por exemplo, trará a tour mundial “From Zero” para Curitiba em 2025, mas não passará pelo Rio de Janeiro nem Porto Alegre, destinos até então tradicionais de artistas gringos. Em tempo: a maior parte dos ingressos para o show já está esgotada, restando apenas alguns setores disponíveis para compra.
Além de fortalecer sua imagem como capital cultural, a cidade colherá os frutos econômicos de um setor em plena expansão no país: estimativas globais indicam que o mercado de turismo musical deve movimentar US$ 13,8 bilhões até 2032.
Gig Tripping: o impulso do turismo musical
O movimento “gig tripping” — quando turistas organizam suas viagens em torno de shows, turnês e festivais— segue em expansão em 2025, impulsionado por eventos que movimentam economias locais e mobilizam multidões de fãs.
Em 2024, por exemplo, o show gratuito de Madonna em Copacabana gerou cerca de R$ 290 milhões na economia carioca, e mesmo antes da confirmação de Lady Gaga no mesmo local, já houve aumento na busca por passagens para o Rio.
Em Curitiba, Olivia Rodrigo fez a rede hoteleira curitibana registrar quase 100% de ocupação, segundo relatório da Sindiprom, junto da Abrabar e Feturismo.
O crescimento do turismo musical é visto como tendência global: segundo o Business Traveller (2024), o setor deve movimentar US$ 13,8 bilhões até 2032, e empresas de turismo já se adaptam para atender essa demanda.
Além de buscar o espetáculo, esses viajantes querem experiências completas, o que inclui hospedagem, gastronomia, cultura e momentos memoráveis.
Essa é uma geração de fãs que transforma shows em verdadeiras peregrinações musicais, muitas vezes em busca de locais com identidade cultural forte – e Curitiba está cada vez mais no centro desse mapa.