O “estado da arte” da geografia da fronteira oeste do Brasil são os biomas que a habitam: Pampa, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Amazônia. Segundo o Ministério de Relações Exteriores, os principais demarcadores das fronteiras brasileiras são: rios (50%), serras (25%), linhas geodésicas (20%) e lagos (5%).
O desenvolvimento da bioeconomia – produtos, processos e serviços sustentáveis, que equilibram o benefício econômico, social e biológico, são uma grande oportunidade de negócio para as populações e regiões fronteiriças.
Posso citar algumas das atividades possíveis, como o cultivo de espécies nativas com potencial medicinal, como ervas e plantas aromáticas, a aquicultura, o turismo ecológico, histórico e de contemplação, o uso de recursos biológicos locais para desenvolver produtos biotecnológicos, como biofármacos ou biocombustíveis, e a gastronomia, dentre outros.
É uma simbiose entre a economia local e a conservação da biodiversidade única dessas regiões.
Já existem iniciativas deste porte ao longo de toda a fronteira oeste, cada uma sendo organizada e estruturada junto aos setores competentes, e esse é um dos motivos pelos quais divulgar as regiões de fronteira têm sido fundamental para que o setor privado – em geral, o propulsor desses movimentos bioeconômicos, possam ter aportes públicos diversos, em políticas, legislações, infraestrutura e recursos públicos que viabilizem a bioeconomia nestes locais.
Foz do Iguaçu tem exemplos interessantes em bioeconomia. Um deles, gastronômico, refere-se à linha de sorvetes e picolés chamada “Sabores do Iguaçu”, desenvolvida pelo atrativo Parque das Aves em conjunto com a fábrica e sorveteria Oficina do sorvete.
Os ingredientes utilizados são da Mata Atlântica. As frutas são produzidas preferencialmente pela técnica da agrofloresta. Respeitam-se os ciclos das frutas, mantém-se espécies de árvores nativas e ainda favorece a criação de identidades gastronômicas das regiões, o que estimula o preparo de alimentos com ingredientes locais.
Outro exemplo, o “Céu das Cataratas”, é uma experiência turística ligada à astronomia nas Cataratas do Iguaçu. A experiência, em si, envolve observar o céu noturno a partir do atrativo, local de pouca poluição luminosa.
Por meio do astroturismo, há o contato com a natureza e com os ambientes conservados, o conhecimento sobre astronomia e culturas ancestrais.
Interessante observar estas iniciativas reais. Ilustram o que a geógrafa brasileira Bertha Becker (1930-2013) dizia, incansavelmente, ao longo de toda a sua trajetória: “A floresta precisa ter valor em pé”.
Por quase meio século ela dedicou-se aos estudos sobre a Amazônia e teorizava que o desenvolvimento da floresta passa pela sua preservação, de modo que os que tiram seu sustento a partir dos ambientes naturais tenham motivos para preservá-los.
Cinco biomas, fronteira com 10 países na América do Sul: imagine o potencial dessas fronteiras e de toda essa floresta, rios, serras e lagos preservados.