Durante uma viagem de trabalho, logo após o café da manhã no hotel, meu amigo — profissional que me acompanhava nesse compromisso — sentiu uma dor repentina no peito. O desconforto foi forte o suficiente para ele verbalizar (algo inédito, até então).
A princípio, o sintoma passou. Seguimos para o nosso compromisso de trabalho, sem novas manifestações.
Esse episódio aconteceu durante a produção de um material institucional no Paraná, em abril deste ano. (Além desta coluna, também produzo entrevistas e roteiros para vídeos). E poderia ter acontecido com você, comigo, com qualquer um de nós.
A dor física é um sinal latente. E os cuidados com o corpo, muitas vezes, ficam para depois, diante dos inúmeros desafios que o empresário enfrenta diariamente: trabalho incansável com a equipe, questões logísticas, demandas financeiras, atendimento ao cliente, monitoramento de vendas…
Tudo se intensifica quando o negócio depende da presença física do proprietário para funcionar. O mantra que acompanha muitos é: “Se eu sair ou me ausentar, o negócio não anda.” Sabemos que, em muitos casos, “é o olho do dono que engorda o gado”. A presença do gestor, aliada à sua percepção estratégica, faz mesmo a diferença.
Contudo, quando olhamos para a ausência de pausas (férias para quê?), para as longas jornadas de trabalho, a alimentação desregulada (comida rápida, alimentos pobres em nutrientes, excesso de açúcar e álcool), somadas à falta de atividade física regular, percebemos que o corpo e a mente gritam.
A condição ideal — se é que ela existe —está longe de ser um exercício simples. Mas é necessário, se pensarmos na longevidade da vida pessoal e profissional.
Mas voltando ao coração, quando ele sinaliza algo de errado surgem dois pensamentos na cabeça de nós mortais: problemas físicos (obstrução de veias, alterações na frequência cardíaca) ou questões emocionais, como a ansiedade — que também pode gerar dor no peito, em casos mais graves.
A ansiedade, por exemplo, já afeta mais de 18 milhões de brasileiros, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). No mundo empresarial, ela se disfarça de produtividade, mas muitas vezes esconde esgotamento.
Já as doenças cardiovasculares causam 400 mil mortes por ano no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia – sendo que 80% dos casos poderiam ser evitados com exames preventivos. O cenário se agrava entre os homens, que, culturalmente, tendem a resistir em buscar ajuda médica.
Este recorte é apenas um alerta para lembrar que o empresário adoecido traz reflexos para a equipe e para o negócio. A fadiga emocional e física compromete a clareza, a execução e o planejamento – só para citar alguns pontos.
Não espere o peito sinalizar para agir.