Quando Renata Cândido da Silva, técnica de enfermagem e servidora municipal hoje licenciada da Prefeitura de Arapongas, no norte do Paraná, decidiu desenvolver um simulador para humanizar e descomplicar o treinamento de profissionais da saúde em procedimentos de hemodiálise, jamais imaginou que um dia cruzaria o oceano para apresentar o seu negócio.
Pois ela acaba de desembarcar da Rússia, onde participou do Fórum de Empreendedorismo Feminino e teve a oportunidade de apresentar o seu produto e serviços a potenciais parceiros e investidores de 26 diferentes países.
Prestes a se graduar como enfermeira, a CEO da Ishá Simuladores usou um manequim de loja, com um mecanismo que imita a corrente sanguínea, para simular um paciente nos treinamentos.
O protótipo do braço da boneca Ishá (Eva em hebraico) foi desenvolvido com subsídio do Sebraetec, programa do Sebrae para apoiar ideias inovadoras.
Até então, a formação tradicional ocorria durante uma sessão real de hemodiálise, o que gerava exposição, insegurança e constrangimento de ambas as partes – profissional em treinamento e paciente.
Com a inovação, a capacitação foi reduzida de 90 para apenas 15 dias. Além de reduzir o tempo, a solução diminuiu o custo da formação e o sofrimento do paciente. Desde o início dos trabalhos, a startup já conseguiu captar aproximadamente R$ 300 mil em editais de inovação.
O convite para viajar à Rússia veio depois de a Ishá se destacar como finalista do concurso global para startups lideradas por mulheres do Brics em 2024 – Brics Women’s Startups Contest.
O objetivo da disputa é reconhecer e impulsionar startups lideradas por mulheres dos 11 países membros e demais parceiros do Brics, com foco em inovação e soluções para desafios atuais. A participação rendeu ao negócio a oportunidade de manter ativo um escritório virtual dentro da plataforma do bloco internacional.
Renata conta que, além de participar do fórum, sua equipe foi recebida pelo embaixador do Brasil e o diplomata brasileiro na Rússia, que disponibilizaram um tradutor e um carro oficial para conhecerem um parque tecnológico, onde a empreendedora iniciou tratativas para a compra de sangue artificial, necessária para colocar o simulador à venda no mercado.
Hoje, o projeto está dividido em duas frentes, no desenvolvimento de simuladores – que devem ser colocados à venda a partir de novembro deste ano – e nas capacitações dos profissionais da saúde.
“Abrimos muitos horizontes. Agora, vamos atrás de universidades brasileiras para iniciar uma ponte com a Rússia, pois lá existem fomentos para produtos da saúde. Estou muito feliz, pois atravessamos o oceano abrindo portas para investimentos e parcerias”, comemora.