A adoção de inteligência artificial (IA) pelas pequenas e médias empresas brasileiras está em um ponto de virada.
Embora mais de 75% das PMEs já utilizem algum tipo de IA, segundo dados da Zoox Smart Data, a aplicação prática ainda esbarra em barreiras como custo elevado, falta de conhecimento técnico e resistência cultural.
Nesse cenário, empresas como a startup curitibana Comunica.In apostam em soluções que colocam a inteligência artificial no centro da comunicação empresarial, com foco total em usabilidade, escalabilidade e custo compatível com a realidade das PMEs.
“As pequenas e médias empresas vivem hoje um paradoxo. Sabem que precisam da IA para se manterem competitivas, mas continuam enxergando a tecnologia como algo inacessível ou complexo demais. Mas elas têm uma vantagem: são mais ágeis, têm menos sistemas legados e podem colher resultados muito mais rapidamente com IA, desde que encontrem uma solução adaptada à sua realidade”, afirma Felipe Hotz, CEO e fundador da Comunica.In.
Com atuação em mais de 112 países e soluções que já impactaram mais de 1 milhão de colaboradores, a empresa desenvolveu o conceito de “superinteligência de comunicação”, um modelo de IA aplicada à comunicação interna, sem a necessidade de equipes de TI ou treinamentos longos, dispensando portais ou aplicativos próprios.
A ferramenta proposta pela startup transforma canais já utilizados pelos colaboradores, como WhatsApp, e-mail e Microsoft Teams, em uma infraestrutura inteligente capaz de responder dúvidas, automatizar processos e garantir que os colaboradores acessem rapidamente informações essenciais, democratizando o conhecimento organizacional.
De acordo com Hotz, o mercado tem sido dominado por soluções genéricas, caras e pouco adaptadas à realidade das PMEs.
Ele aponta como exemplos de soluções inacessíveis os planos corporativos do ChatGPT Enterprise (a US$60 por usuário ao mês) ou do Microsoft Copilot (a US$30 por usuário), que acabam afastando empresas menores da adoção por falta de alternativas viáveis.
Enquanto isso, a Comunica.In opera com valores até 40 vezes menores, justamente por ser específica para os desafios da comunicação corporativa, área sensível e frequentemente negligenciada nas PMEs.
Além da acessibilidade financeira, a empresa se destaca pela implementação rápida e sem dependência de um time técnico. O processo é concluído em até quatro semanas e parte de um mapeamento colaborativo com os próprios funcionários da empresa, que indicam os fluxos de informação mais relevantes.
A IA, então, é treinada com base nesse material, mantendo o tom de voz, o vocabulário específico e até expressões informais utilizadas pela organização. Essa personalização garante que a ferramenta não se sobreponha à cultura organizacional, mas a fortaleça, um diferencial especialmente relevante para empresas em expansão.
“Nossa filosofia é simples: sem novos apps para baixar, sem novos logins para lembrar, sem novos portais para aprender. A IA precisa funcionar no dia a dia, onde as pessoas já estão. Se um colaborador mandar uma dúvida pelo WhatsApp, ele recebe a resposta em segundos. A tecnologia tem que ser invisível, e justamente por isso, eficiente”, explica o CEO.
De acordo com dados da própria empresa, em clientes de médio porte, a ferramenta conseguiu elevar a taxa de leitura de comunicados internos a 92% (contra 23% com métodos tradicionais), economizar até 3,2 horas semanais por colaborador na busca por informações e reduzir em 68% o volume de perguntas repetitivas feitas a gestores ou ao RH, métricas especialmente sensíveis para negócios com times enxutos.
O impacto é significativo. Para uma empresa com 100 funcionários, isso representa cerca de 320 horas produtivas recuperadas por semana, o equivalente à produtividade de oito funcionários trabalhando em tempo integral.
Diferente do uso da IA em contextos criativos ou analíticos, o modelo da Comunica.In posiciona a inteligência artificial como infraestrutura operacional da empresa. Isso significa que ela passa a organizar, distribuir e tornar acessível o conhecimento crítico do negócio.
Esse aspecto é especialmente valioso para pequenas e médias empresas que não podem perder tempo, nem know-how.
Ao transformar processos não estruturados em rotinas automatizadas, a IA contribui diretamente para o ganho de eficiência, reduzindo ruídos operacionais, retrabalho e dependência de lideranças para decisões simples.
“Nosso foco não é substituir pessoas, mas dar a elas o poder de acessar rapidamente o conhecimento da empresa, onde e quando precisarem. A IA ajuda a preservar o capital intelectual e a manter a consistência organizacional, mesmo quando a empresa cresce ou passa por rotatividade”, destaca Hotz.
Embora grandes empresas como Savegnago e Bayer estejam entre os clientes da Comunica.In, os maiores impactos, segundo a empresa, têm sido observados em PMEs, que partem de processos informais ou manuais e, portanto, ganham velocidade e padronização com a estruturação proposta pela IA.
Um exemplo citado pelo CEO foi uma empresa com 200 funcionários que implementou a solução e conseguiu reduzir o tempo de onboarding de novos colaboradores de duas semanas para três dias e eliminou 80% das dúvidas operacionais junto ao RH, replicando os mesmos procedimentos entre unidades diferentes sem realizar treinamentos presenciais.
Somado a isso, a plataforma se conecta facilmente a sistemas já existentes, como CRMs, ERPs simplificados e até planilhas, transformando bases de dados pouco acessadas em interfaces inteligentes com respostas imediatas.
Um manual de procedimentos em PDF, por exemplo, pode ser convertido em um assistente automatizado que responde, via WhatsApp, qualquer dúvida relacionada a processos internos.
Além do produto em si, a Comunica.In vem estruturando uma frente estratégica dedicada exclusivamente às pequenas empresas.
A mais recente aposta é o programa “Knowledge Accelerator”, que visa mapear e organizar todo o conhecimento de uma PME em até quatro semanas, com foco em empresas com até 500 funcionários, sem necessidade de investimentos adicionais em infraestrutura tecnológica.
O objetivo é mostrar que a IA pode ser encarada como um ativo organizacional, capaz de sustentar o crescimento do negócio sem criar complexidade operacional.
“Queremos que a IA deixe de ser um diferencial e passe a ser o novo normal na comunicação corporativa. Não importa se você tem 50 ou 5 mil funcionários. Toda empresa merece ter uma inteligência que organize, proteja e distribua seu conhecimento”, conclui Hotz.