Por Erich Hüttner, CEO da VSH Partners.
Nos bastidores de uma operação de M&A, ou fusões e aquisições, não são raros os casos de empresas com bom faturamento, alta demanda e diferenciais de mercado que, simplesmente, travam na reta final da negociação. E o motivo quase sempre é o mesmo: ausência de governança.
Governança corporativa não é um adorno institucional, nem uma exigência para agradar investidores exigentes. Ela é, na prática, o fator determinante entre ser uma empresa pronta para ser comprada ou precisar recuar para reorganizar processos e estrutura antes de avançar.
Ainda hoje, encontramos negócios com alto potencial que operam com decisões completamente centralizadas, ausência de conselho consultivo, contratos sociais frágeis, conflitos não resolvidos entre sócios e, muitas vezes, sem qualquer histórico de relatórios financeiros auditáveis. Tudo isso mina a confiança de quem está do outro lado da mesa.
Em qualquer transação relevante, quem compra quer previsibilidade. Quer saber se aquilo que está sendo apresentado — em termos de resultados, projeções, modelo de negócio e time — é sustentável e replicável, mesmo com mudanças na liderança. A governança é o que transforma uma promessa em uma entrega confiável.
Empresas com boas práticas de governança demonstram maturidade, visão de longo prazo, capacidade de escalar com segurança e, sobretudo, menor dependência de pessoas específicas, inclusive do próprio fundador. Isso é um ativo estratégico. É o que permite que o investidor visualize o crescimento futuro com clareza.
Por outro lado, a ausência de governança aumenta o risco. E risco, em M&A, significa duas coisas: menor valuation ou desistência da negociação.
É por isso que, em muitas situações, uma empresa menor, com faturamento mais modesto, mas com estrutura sólida, conquista o investimento que uma empresa maior — desorganizada e vulnerável — deixa escapar.
Na VSH Partners, percebemos que investidores não compram apenas performance. Compram estrutura, processos, clareza e transparência. Compram a capacidade de uma empresa ser perene, confiável e bem gerida, mesmo em cenários adversos.
Governança não é custo. É o que acelera a liquidez de um negócio. É o passaporte para entrar no radar de compradores estratégicos, fundos de private equity e investidores institucionais.
Em tempos de capital mais seletivo e negociações cada vez mais criteriosas, a governança deixou de ser uma vantagem competitiva. Ela é o novo básico. E quem entende isso antes, sai na frente.
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