Pesquisar

Transporte Rodoviário de Cargas já sente os impactos de tarifaço norte-americano

setcepar trump economiapr
Foto: Divulgação

A entrada em vigor, no dia 6 de agosto, das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já está gerando efeitos concretos nas exportações nacionais e o setor de Transporte Rodoviário de Cargas no Paraná está entre os primeiros a sentir as consequências.

A medida, anunciada pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sobretaxas de até 50% sobre uma série de produtos brasileiros, impactando diretamente as operações logísticas e industriais em estados com forte vocação exportadora.

Embora o governo brasileiro siga buscando soluções diplomáticas, os prejuízos já começaram a se acumular. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que cerca de 4% das exportações brasileiras são diretamente afetadas pelas tarifas, e que setores estratégicos da economia vêm sendo pressionados.

Representantes da indústria, do agronegócio e da logística já pedem medidas emergenciais para mitigar o cenário.

No Paraná, os reflexos já são nítidos, segundo Silvio Kasnodzei, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (SETCEPAR).

“Tivemos relatos de embarcadores que anteciparam seus envios para julho, tentando fugir da tarifação”, afirma. O dirigente explica que o movimento afeta diversos segmentos da economia paranaense, especialmente o agronegócio, a indústria de base e o setor madeireiro, todos fortemente dependentes do comércio exterior. “Algumas empresas suspenderam a produção ou colocaram equipes em férias coletivas por não saberem como será a comercialização daqui para frente”, relata.

Mesmo sem cancelamentos formais de contratos até o momento, o setor já identifica paralisação de frotas e ociosidade em alguns terminais logísticos.

“Ninguém quer arriscar envio de mercadorias sem saber se haverá aceitação ou viabilidade econômica lá fora. É uma reação em cadeia que afeta portos, transportadoras e o próprio planejamento das empresas exportadoras”, pontua Kasnodzei.

O temor agora é com o desemprego em massa.

“Estamos falando de uma cadeia extensa, com milhares de trabalhadores no Paraná, onde todos dependem do fluxo de mercadorias. Se as exportações travam, essa engrenagem para junto”, alerta o presidente do SETCEPAR.

Além dos efeitos diretos nas exportações para os EUA, cresce o receio de que outros países aliados dos norte-americanos adotem medidas semelhantes, ampliando ainda mais o estrago.

“Conversamos com empresas que também exportam para outros destinos e há preocupação de que esses mercados, por pressão geopolítica, venham a impor barreiras ao Brasil”, explica.

Apesar da gravidade do momento, o setor segue articulado por meio de entidades como Sistema FETRANSPAR e NTC&Logística, que vêm atuando junto ao governo federal em fóruns e tratativas emergenciais.

“Acreditamos que a única saída viável seja a negociação. Não dá para aceitar que esse cenário se mantenha por muito tempo. Isso seria o caos não só para o transporte, mas para toda a economia brasileira”, reforça Kasnodzei.

O Paraná, além de exportar por Paranaguá, também escoa parte significativa de sua produção pelos portos de Santos (SP), Itapoá, São Francisco e Itajaí (SC). Com o tarifaço em vigor, o setor logístico no estado já observa um recuo de investimentos, aumento de custos e uma projeção preocupante de estagnação econômica.

“O transporte é a base que sustenta toda a circulação de riquezas do país. Não existe produto no mercado que não tenha passado, ao menos uma vez, por um caminhão. Se o setor para, o Brasil anda para trás”, conclui.

Compartilhe

Leia também

comercio maio junho economiapr

Comércio do PR tem maior crescimento do país entre maio e junho de 2025

reco planner economiapr

Startup integra IA e metodologia reconhecida para gestão de contas B2B

ecossistema inovacao economiapr

76% dos ecossistemas de inovação do PR já superaram o estágio inicial