No Brasil, a construção da Sociedade 5.0 está redefinindo o futuro ao integrar tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA) e big data, com um propósito claro: colocar o ser humano no centro das soluções. O resultado é um movimento que promove inovação, inclusão social e sustentabilidade, indo muito além da simples digitalização ou modernização industrial.
Essa nova era, alinhada ao crescimento do capitalismo consciente, favorece a criação de ecossistemas colaborativos entre empresas, governos e sociedade, capazes de potencializar habilidades humanas e gerar impactos sociais positivos.
Para sustentar essa transformação, organizações adotam uma cultura organizacional ambidestra, que equilibra eficiência no presente com inovação contínua para o futuro. Nesse cenário, iniciativas como a educação para as profissões do futuro e o uso de gamificação tornam-se fundamentais para ampliar engajamento, aprendizagem e adaptação em um mercado em constante mudança.
No Paraná, esse movimento é ainda mais expressivo: o estado lidera índices nacionais de sustentabilidade e fortalece sua posição como polo de inovação com políticas públicas estratégicas, como a criação da Secretaria de Inovação e Inteligência Artificial. Essa integração de tecnologia, sustentabilidade e propósito empresarial reforça um modelo de desenvolvimento mais justo, resiliente e próspero.
Para entender mais desse movimento, o Economia PR Drops conversou com Fábio Ban, agente do Capitalismo Consciente no Brasil, conselheiro independente e diretor de lifelong learnign na TrendsInnovation. Confira:
O que significa, na prática, integrar inteligências humanas e artificiais para construir a Sociedade 5.0?
Fábio: É a educação humana na utilização da Inteligência Artificial que potencializa as capacidades humanas para resoluções dos desafios globais. A Sociedade 5.0 é considerada uma sociedade super inteligente e super criativa exatamente por ter a capacidade de explorar o que tem de melhor do humano apoiadas por tecnologias que permitam exponencializar resultados de impactos positivos.
De que forma o capitalismo consciente se conecta com essa visão de um mundo mais justo, equitativo e sustentável?
Fábio: As relações econômicas é o que sustenta a nossa sobrevivência e geram a nossa prosperidade. Ainda que o sistema econômico predominante, o capitalismo nos proporcionou prosperidade em diversos aspectos, também gerou muitos efeitos colaterais. É preciso despertar a consciência e assumirmos novas perspectivas para transformar a cadeia de geração de valor e podermos avançarmos para um futuro mais sustentável. Se estamos passando por uma era de disrupções, não caberia também para o sistema econômico?
Quais são os principais desafios que você enxerga hoje para que empresas brasileiras adotem esse modelo mental?
Fábio: Educação é o ponto chave. A educação ainda segue os moldes da primeira era industrial. Precisamos mudar da educação para a indústria e desenvolver a educação para novas profissões. Outro ponto é a habilidade de ambidestria. As organizações precisam sim manter as melhorias operacionais do curto prazo, mas ao mesmo tempo precisam considerar tendências futuras e tecnologias emergentes. E um último ponto é repensar a sua atuação na cadeia de geração de valor. A competitividade não é mais entre negócios, mas entre ecossistemas.
Como a gamificação ajuda a despertar nas empresas a consciência para a Sociedade 5.0?
Fábio: Em uma era de tanta complexidade e incerteza, é muito difícil lidar com os desafios em ambientes estritamente formal. A gamificação proporciona um ambiente mais interativo e divertido, estimulando o aprendizado e estimulando a performance. Um exemplo é o game sobre empresas inovadoras. Se o seu time puder aprender através de um game como empresas mais inovadoras do mundo pensam seus modelos de negócio, o que você acredita que eles serão capazes de fazer para a sua empresa?
Como funciona a ambidestria organizacional na prática — e por que ela é crucial para empresas que querem prosperar na Sociedade 5.0?
Fábio: A sugestão é o 90/10. 90% atuando com os desafios presentes e de curto prazo. Outros 10% dedicados para o futuro, através de um ambiente de trocas de informações, análises de oportunidades e geração de insights. Não basta gerar inovações incrementais e melhorias operacionais em uma era em que o mundo se transforma 100% ao ano.
Que primeiros passos uma organização pode dar hoje para iniciar essa jornada de cultura consciente?
Fábio: Repensar o modelo de negócio e modelo de gestão. Um exemplo é verificar se é claro para todos os níveis da organização o propósito maior da empresa. Para isso basta perguntar “por que a missão da empresa é aquela que está escrita na parede da recepção. As empresas precisam revelar o verdadeiro propósito que gere o significado e sentido de causa para que a missão saia da parede e se transforme em ação. Outro é verificar o quão claro são as externalidades negativas do modelo de negócio. Falar em sustentabilidade e apoiar iniciativas socioambientais não é o suficiente se não tiver consciência sobre os efeitos colaterais que a empresa gera, sejam elas sociais, culturais ou ambientais.
Que papel os conselheiros e líderes empresariais devem assumir para acelerar essa transição?
Fábio: Mais do que nunca, conselheiros e líderes são os principais responsáveis pela transformação. Tudo depende de uma visão de longo prazo e de critérios muito bem estabelecidos para que a transição seja efetiva ao longo do tempo e continue se adaptando e se transformando para um futuro mais próspero e perene. Não basta uma boa gestão, é imperativo ir além, através de uma governança consistente com valores claros, diretrizes e políticas claras para que todos possam atuar de forma efetiva, seja pela transparência, equidade, responsabilidade e sustentabilidade.