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OmniChat recebe maior aporte em IA da América Latina em meio a US$ 47 bi globais

Omnichat IA América Latina Economia PR
Foto: Divulgação

O mercado global de inteligência artificial manteve forte expansão no segundo trimestre de 2025. Segundo o relatório State of AI Q2’25, da CB Insights, empresas privadas de IA receberam US$ 47,3 bilhões em investimentos, o segundo maior volume trimestral já registrado. O período também marcou um recorde em operações de fusões e aquisições, com 177 transações, o dobro da média dos últimos cinco anos.

O estudo mostra ainda que 72% dos negócios em 2025 foram destinados a startups em estágio inicial, sobretudo nas áreas de IA generativa, agentes autônomos e aplicações de voz

Na distribuição geográfica, os Estados Unidos seguem líderes, com US$ 39,7 bilhões em aportes em 728 acordos no período, muito à frente de Europa e Ásia. Já a América Latina movimentou US$ 50 milhões em 17 operações, volume ainda modesto, mas que demonstra crescimento e maior atenção de investidores para a região.

Entre os destaques latino-americanos, aparece a OmniChat, startup curitibana voltada a vendas conversacionais. 

A empresa recebeu R$ 50 milhões (aproximadamente US$ 10 milhões) em rodada liderada por Quartzo Capital e Altitude Ventures, o maior aporte em IA da América Latina. 

Fundada em 2017 e liderada por Mauricio Trezub desde 2020, a plataforma gerenciou em 2024 cerca de 700 milhões de mensagens, incluindo 42 milhões de conversas de vendas que envolveram 24 milhões de consumidores e 30 mil vendedores.

A empresa projeta dobrar o volume de conversas de vendas até o fim de 2025, acompanhando a tendência global de crescimento do setor.

No Economia PR Drops, conversamos com o CEO Mauricio Trezub sobre os impactos do aporte, o avanço da IA generativa no varejo e os próximos passos da companhia. Confira:

A OmniChat recebeu o maior aporte em IA da América Latina no último trimestre, segundo o relatório State of AI Q2’25. Como esse investimento impactará a estratégia e os planos de crescimento da empresa?

Mauricio: O aporte de R$ 50 milhões representa um momento transformador para a OmniChat e fortalece nossa estratégia de expansão em três frentes principais. Primeiro, estamos acelerando o desenvolvimento de novas funcionalidades de IA generativa para nossa plataforma Whizz, permitindo que os agentes autônomos se tornem ainda mais eficientes na condução de jornadas completas de vendas. Segundo, este investimento nos permite expandir nossa atuação para além do varejo, com especialização da plataforma em verticais estratégicas como educação, por exemplo. Terceiro, vamos consolidar nossa liderança no mercado brasileiro enquanto lançamos as bases para uma futura expansão regional. Este aporte, liderado pela Quartzo Capital e Altitude Ventures, valida nossa visão de que o comércio conversacional representa o futuro das interações comerciais e nos posiciona como protagonistas nesta transformação.

A OmniChat registrou 42 milhões de conversas de vendas em 2024, com a meta de dobrar até o final de 2025. Quais são os principais desafios para atingir essa meta?

Mauricio: Para alcançar o dobro do volume de conversas esse ano, estamos escalando nossa infraestrutura tecnológica, mantendo a qualidade e personalização das interações – nossos agentes de IA precisam evoluir constantemente para lidar com volumes crescentes sem perder a capacidade de conduzir conversas humanizadas e efetivas. Também entendemos que precisamos continuar demonstrando ao mercado que o comércio conversacional não é apenas uma tendência passageira, mas uma transformação fundamental na forma como as empresas se relacionam com consumidores. Estamos confiantes que com o recente aporte e nossa equipe especializada continuaremos a consolidar nossa posição como líder em chat-commerce no Brasil.

Como a entrada de investidores como a Quartzo Capital influencia o desenvolvimento tecnológico, especialmente na inteligência artificial generativa aplicada à plataforma?

Mauricio: A entrada de investidores como a Quartzo Capital, que gerencia mais de R$ 1,4 bilhão em ativos e possui um histórico sólido com mais de 60 startups em seu portfólio, traz benefícios substanciais ao nosso desenvolvimento tecnológico. A expertise da Quartzo em escalar empresas de base tecnológica nos proporciona mentoria estratégica para otimizar nossos processos de desenvolvimento e implementação. O acesso ao ecossistema de empresas do portfólio da Quartzo abre oportunidades para parcerias tecnológicas e comerciais que potencializam nossa plataforma. O investimento está fundamentado na nossa capacidade de transformar tecnologia em eficiência operacional e aumento de receita para nossos clientes. Esta visão alinhada nos permite priorizar desenvolvimentos em IA que tragam resultados concretos e mensuráveis.

A OmniChat lançou recentemente o Whizz, um agente autônomo de IA para vendas. Como essa tecnologia difere dos chatbots tradicionais e quais benefícios ela traz para os clientes?

Mauricio: O Whizz representa uma evolução significativa em relação aos chatbots tradicionais em três aspectos fundamentais. Primeiro, enquanto chatbots convencionais seguem fluxos predefinidos e mais limitados, nossos agentes autônomos utilizam IA generativa para conduzir conversas naturais e adaptativas, sem roteiros rígidos e com tom de voz dos clientes. Segundo, o Whizz tem capacidade de compreensão contextual avançada, conseguindo interpretar as intenções do cliente mesmo quando expressas de formas variadas ou com linguagem coloquial. Terceiro, nossos agentes podem executar ações complexas como recomendar produtos baseados no perfil do cliente, adicionar itens ao carrinho, calcular frete, gerar links de pagamento e muito mais. Além disso, o Whizz Copilot é uma solução desenvolvida para acelerar o trabalho dos vendedores humanos. Ele atua como um copiloto de produtividade, ajudando no resumo e transcrição de áudios, sugestão de respostas e até mesmo na busca de produtos por imagem, o que torna o processo de venda assistida mais rápido, consultivo e eficiente. Assim, conseguimos unir o melhor dos dois mundos: agentes autônomos que vendem de ponta a ponta e ferramentas que potencializam os times de vendas.

Quais são as principais integrações da OmniChat com plataformas de e-commerce e como estas contribuem para otimizar a experiência do consumidor?

Mauricio: A OmniChat desenvolveu integrações nativas com as principais plataformas de e-commerce do Brasil, incluindo VTEX, Magento, Linx, Shopify e Dito. Estas integrações são fundamentais para otimizar a experiência do consumidor, permitindo que os agentes de IA acessem em tempo real todo o catálogo de produtos, estoque e informações de preços, garantindo recomendações precisas e atualizadas. Além disso, possibilitam uma jornada de compra sem fricção, onde o cliente pode selecionar produtos, adicionar ao carrinho e finalizar o pagamento sem sair da conversa no WhatsApp. Também unificam os dados do cliente entre os canais, criando uma experiência verdadeiramente omnichannel onde o histórico de compras, preferências e interações anteriores são considerados nas recomendações. Para as empresas, estas integrações representam implementação rápida e tempo recorde para começar a vender via canais conversacionais, além de oferecerem uma plataforma completa de analytics que proporciona insights valiosos sobre performance, comportamento do consumidor e oportunidades de otimização.

Com a transformação via canais conversacionais crescendo, qual o impacto disso para grandes grupos varejistas versus marcas digitais emergentes?

Mauricio: A transformação via canais conversacionais está criando impactos distintos, mas igualmente significativos tanto para grandes varejistas quanto para marcas digitais em ascensão. Para as grandes empresas, como Decathlon, L’Oreal e Natura  – que já utilizam nossa plataforma -, o principal benefício está na capacidade de escalar o atendimento personalizado sem aumentar proporcionalmente os custos operacionais. Nossa tecnologia permite que estas empresas ofereçam experiências consistentes e de alta qualidade por meio de milhares de interações simultâneas, algo impossível no modelo tradicional. Já para as marcas digitais emergentes, os canais conversacionais representam um equalizador competitivo. Com investimentos relativamente modestos, estas empresas podem oferecer experiências de atendimento e vendas comparáveis ou superiores às de grandes players. Em ambos os casos, observamos que as conversas estão convertendo 7x mais que o e-commerce tradicional. E essa mesma lógica também se aplica para outros setores além do varejo. No educacional, por exemplo, vemos o comércio conversacional transformando toda a jornada do estudante: desde o primeiro contato para tirar dúvidas sobre cursos, passando pela matrícula, até o suporte durante o ciclo acadêmico. É uma forma de tornar a experiência mais consultiva, rápida e personalizada — exatamente o que esse público já espera em outros segmentos.

Estamos vendo uma competição crescente de novas plataformas como ChatGPT e TikTok no ecommerce. De que forma a OmniChat enxerga esses novos concorrentes e a mudança da jornada de compra para um início em conversas com IA ou redes sociais?

Mauricio: Enxergamos essas novas plataformas não como concorrentes diretos, mas sim catalisadores de uma transformação fundamental no comércio digital que valida nossa visão. O TikTok e outras plataformas similares estão redefinindo a descoberta de produtos por meio de conteúdo curto e curadoria algorítmica, enquanto interfaces conversacionais como ChatGPT estão normalizando a interação com IA como ponto de entrada para diversas jornadas, incluindo compras. Esta transformação confirma nossa tese de que o futuro do comércio é conversacional, contextual e personalizado. Quando a jornada de compra começa em uma conversa com IA ou em uma rede social sem busca tradicional, todo o funil se transforma: a descoberta torna-se mais natural e menos transacional, a consideração mais contextual e assistida, e a decisão mais confiante e informada.

Quais os próximos passos da OmniChat? 

Mauricio: Para os próximos meses, queremos escalar nossa operação com o Whizz e tornar a plataforma essencial para os modelos de negócio de cada cliente. Atualmente, todas as marcas que fazem parte do nosso portfólio já utilizam a solução em alguma escala. De todo modo, temos uma boa margem de expansão para que os clientes utilizem diversos modelos de venda customizada e de forma autônoma – principalmente em horários além do comercial, quando vendedores humanos não atuam. Um destaque importante é nossa entrada no setor educacional, onde vemos um enorme potencial de impacto. Assim como no varejo, acreditamos que a jornada do aluno pode ser transformada pela IA conversacional: desde o primeiro contato para tirar dúvidas sobre cursos, até a matrícula e o suporte durante todo o ciclo acadêmico. Nosso objetivo é ajudar as instituições a oferecerem uma experiência mais consultiva, rápida e personalizada para estudantes. Daqui alguns meses, o brasileiro estará muito mais integrado a esta forma de comprar via plataformas conversacionais e vai gostar da interação com agentes de IA generativa. 

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