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Como escolas públicas do PR formam campeãs nacionais em IA

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Foto: Divulgação

O Paraná se tornou um dos principais laboratórios educacionais do país quando o assunto é letramento digital. Desde 2020, a rede pública estadual vem implementando um modelo curricular que busca preparar estudantes para os desafios de um mundo cada vez mais tecnológico. 

A proposta vai além do ensino de informática: envolve a integração de habilidades como pensamento computacional, programação, robótica e uso de inteligência artificial ao processo de aprendizagem, ao mesmo tempo em que promove competências socioemocionais, como criatividade, colaboração e resolução de problemas.

Com quase 100% das escolas estaduais conectadas à internet, o projeto já impacta diretamente mais de 1,5 milhão de alunos e forma continuamente professores e multiplicadores para que a inovação seja incorporada ao dia a dia escolar.

Esse esforço já apresenta resultados concretos: duas alunas da rede estadual conquistaram medalha de ouro na primeira edição da Olimpíada Nacional de Inteligência Artificial (ONIA), um marco que simboliza o potencial transformador da democratização do acesso à tecnologia e reforça o papel do Paraná como referência nacional na implementação do letramento digital.

Para discutir a importância dessa conquista e os próximos passos para a educação tecnológica no Brasil, o Economia PR Drops conversou com Thais Pianucci, diretora-geral da Start by Alura, que analisa como o letramento digital tem mudado a experiência escolar e aberto novas perspectivas para estudantes e professores. Confira:

O que significa para a educação pública do Paraná essa conquista de duas estudantes na primeira edição da ONIA?

Thais: Essa conquista simboliza a consolidação de um modelo educacional inovador que o Paraná vem implementando em parceria com a Start by Alura. O ouro na Olimpíada Nacional de Inteligência Artificial comprova que, quando oferecemos formação docente de qualidade, metodologia estruturada e acesso a conteúdos de ponta, as escolas públicas não apenas acompanham a evolução tecnológica, mas também lideram esse movimento no país. É a validação de que o letramento digital e o pensamento computacional são, de fato, competências essenciais para o futuro.

Você percebe essa vitória como um indicativo do potencial dos jovens das escolas públicas em áreas tecnológicas? Por quê?

Thais: Sem dúvida. Essa vitória desmistifica que excelência em tecnologia está restrita a contextos privilegiados. O potencial dos estudantes da rede pública sempre existiu; o que faltava era acesso a oportunidades consistentes. Com a Start by Alura, conseguimos democratizar o ensino de tecnologia e inteligência artificial, oferecendo recursos e experiências de aprendizado que antes estavam concentrados em poucos espaços. O resultado mostra que talento é universal, mas as oportunidades precisam ser distribuídas de forma equalizada.

Pode falar um pouco sobre quem são essas alunas e o que essa conquista representa para outras estudantes da rede estadual?

Thais: São duas jovens de 17 anos, estudantes do Ensino Médio em escolas públicas distintas, que hoje se tornam símbolo de uma geração que redefine o que significa estudar em uma escola pública no Brasil. Essa medalha inspira milhares de meninas a enxergarem a tecnologia como um caminho real e promissor. Mais do que um prêmio, é uma mensagem para toda a rede: dedicação, acesso a metodologias adequadas e apoio institucional abrem portas para que qualquer estudante alcance o mais alto nível de excelência.

Como a parceria com a Start by Alura tem ajudado as escolas públicas do Paraná a implementar a BNCC de Computação de forma efetiva?

Thais: A parceria tem sido transformadora em múltiplos níveis. Primeiro, pela capacitação contínua e especializada de mais de 4 mil professores, que se tornam multiplicadores dentro de suas comunidades escolares. Depois, pelo conteúdo desenvolvido pela Start by Alura, totalmente alinhado à BNCC de Computação, que conecta teoria e prática em projetos aplicáveis ao cotidiano dos alunos. Além disso, o acompanhamento pedagógico garante ajustes baseados em dados e resultados. Não se trata apenas de oferecer uma plataforma, mas de estruturar uma metodologia completa que torna a inovação tecnológica parte do DNA das escolas.

Quais mudanças você percebe nas escolas e alunos desde que o letramento digital começou a ser implementado no estado?

Thais: As mudanças são visíveis, tanto no engajamento em sala de aula quanto no protagonismo dos estudantes. Observamos aumento significativo no interesse por projetos escolares, redução na evasão e melhoria no desempenho geral. Os alunos deixaram de ser consumidores passivos de tecnologia para se tornarem criadores ativos de soluções, desenvolvendo pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas. Já são mais de 2 milhões de projetos desenvolvidos em diferentes áreas, muitos propondo soluções criativas para questões locais. Os professores relatam turmas mais participativas e estudantes que conseguem estabelecer conexões mais profundas entre diferentes áreas do conhecimento.

Na sua opinião, qual é o papel da tecnologia na garantia do protagonismo dos estudantes no aprendizado?

Thais: Quando usada com propósito pedagógico, a tecnologia transforma fundamentalmente a relação do estudante com o conhecimento. Ela deixa de ser só uma ferramenta e se torna linguagem de expressão e criação. O pensamento computacional desenvolve habilidades de decomposição de problemas, reconhecimento de padrões e criação de soluções. Mais do que programar, os alunos aprendem a pensar, estruturar ideias e desenvolvem autonomia intelectual. É isso que fortalece o protagonismo estudantil.

Quais os principais obstáculos para democratizar o ensino de tecnologia em diferentes regiões do Paraná e do Brasil?

Thais: Enfrentamos três desafios principais: infraestrutura, formação docente e integração curricular. A infraestrutura digital vem avançando, mas ainda é desigual. No Paraná, por exemplo, a maioria das escolas estaduais já contam com laboratórios de informática. Na formação inicial de professores, é necessário incorporar mais fortemente as competências digitais. E ainda há o desafio de inserir novos conteúdos em uma grade curricular já sobrecarregada. Superamos esses obstáculos com investimento contínuo em formação, adaptação de metodologias para diferentes realidades e evidências concretas do impacto positivo no aprendizado geral dos estudantes.

Na sua visão, o que seria necessário para o Brasil se tornar uma referência em educação digital?

Thais: O Brasil tem potencial para se tornar protagonista global. Para isso, é fundamental uma estratégia nacional que una: investimento consistente em infraestrutura tecnológica, formação massiva de professores, implementação da BNCC de Computação em todo o território, e parcerias sólidas entre governo, setor privado e sociedade civil. A experiência no Paraná mostra que, quando esses elementos se alinham, os resultados aparecem rapidamente. Escalar esse modelo nacionalmente é o que pode colocar o Brasil na vanguarda mundial da educação digital.

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