Vivemos uma era em que a atenção – escassa e disputada – tornou-se a moeda mais valiosa, e o streaming está no centro dessa corrida. No Brasil, segundo a Academia Internacional de Cinema (AIC), o país lidera a América Latina com 137 plataformas de streaming, que oferecem acesso a mais de 139 mil filmes e 32 mil séries.
Esse crescimento evidencia não apenas a diversidade de conteúdo disponível, mas também a intensidade com que consumimos cultura e entretenimento no ambiente digital.
Paralelamente, de acordo com a Brasscom, o setor de data centers movimentou US$ 2,07 bilhões em 2024, com projeção de atingir US$ 3,5 bilhões até 2029, um reflexo direto da necessidade de infraestrutura para sustentar a escalada do tráfego de vídeo e serviços sob demanda.
Nesse contexto, o streaming não representa apenas uma nova forma de consumo, mas também um vetor que redefine as expectativas sobre infraestrutura digital, redes e arquitetura tecnológica.
Um exemplo desse movimento pode ser observado no crescimento do número de operadoras de telecomunicações que lançam plataformas próprias de streaming e TV.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), essas iniciativas podem alcançar até 20 milhões de clientes no Brasil. O volume equivalente ao auge da TV por assinatura registrado em meados da década passada.
Além disso, de acordo com o IBGE, em 2024 cerca de 43,4% dos lares com TV no país já tinham acesso a algum serviço de streaming, enquanto a TV por assinatura perdeu espaço e caiu para 24,3% dos domicílios.
Algumas soluções disponíveis no mercado já trazem uma integração entre streaming e TV, sem a necessidade de instalação de equipamentos, reunindo um catálogo de mais de 30 mil horas de conteúdo sob demanda.
Além disso, esses serviços permitem até oito perfis por conta e quatro acessos simultâneos com controle parental no perfil infantil, o que amplia a personalização da experiência.
Esse modelo ilustra como a infraestrutura tecnológica, composta por conectividade digital, sistemas de entrega de conteúdo, gestão de assinaturas e integração de serviços, tornou-se essencial para sustentar a economia da atenção.
Cada avanço desse tipo amplia a pressão sobre as redes e desafia as operadoras a inovarem continuamente.
Nesse cenário, soluções como edge computing se tornam estratégicas ao aproximar o processamento do usuário e reduzir atrasos, enquanto a inteligência artificial aplicada à gestão de rede viabiliza a previsão de picos de demanda e a correção proativa de falhas.
A integração por meio de APIs também é fundamental para garantir que diferentes serviços funcionem de forma fluida, ao mesmo tempo em que a segurança cibernética ganha relevância diante da crescente exposição a ataques e fraudes no ambiente digital.
Ao mesmo tempo, o streaming deixa de ser apenas uma alternativa de entretenimento e passa a ocupar espaço em áreas como educação, saúde, comunicação corporativa e comércio digital.
Essa expansão demonstra como a economia da atenção está diretamente ligada à economia da tecnologia, em que a infraestrutura digital não é coadjuvante, mas sim o alicerce que possibilita experiências cada vez mais conectadas, seguras e personalizadas.