Por Raphael Cordeiro, diretor de investimentos da Zelen Family Office
“Gold is money. Everything else is credit.” A frase cunhada pelo lendário banqueiro John P. Morgan em 1912 está mais atual do que nunca. Entretanto, o momento pelo qual passamos nos dá a impressão de que a festa já passou da metade.
Vou tentar explicar o que quero dizer. Em 2021, iniciamos recomendações de ouro para nossos clientes com portfólios offshore, algo que nunca havíamos feito antes. A expansão monetária no pós-pandemia foi enorme e, em seguida, veio o arresto dos recursos financeiros pertencentes ao governo e aos cidadãos russos ao redor do mundo.
Foi um acontecimento muito impactante e que deixou os países “não amigos” da OTAN em alerta.
Estas duas situações nos levaram a manter posição no metal dourado. Até o final de 2022, o ouro praticamente não se valorizou. Porém, desde então, acumula alta de 130%, superando com folga os extraordinários 70% de retorno apresentados pelo índice S&P 500 no mesmo período. Um movimento de alta muito relevante, que foi observado também no preço da prata.
No entanto, parece que o movimento de alta foi longe demais e talvez seja hora de o investidor realizar parte dos lucros. No longo prazo, o ouro e a prata apresentam retornos bem inferiores ao do mercado de ações internacionais, afinal, eles não geram juros ou dividendos como o mercado de renda fixa e de ações.
Ouro não gera “filhotes” e não traz vantagens econômicas para a sociedade, logo, espera-se que essas commodities metálicas não subam para sempre. Em algum momento o dinheiro precisa voltar a circular na economia para incentivar os investimentos.
Além disso, parece que a forte expansão monetária observada no pós-covid começou a retrair. Nos últimos dois anos, o total de ativos do Federal Reserve recuou em cerca de US$ 2 trilhões, e o M2 — agregado monetário que inclui o dinheiro em espécie, saldos em conta e depósitos de curto prazo — segue com crescimento contido, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
Ou seja, parece um bom momento para o investidor que fez posições em ouro ou prata, começar a avaliar reduzir suas posições em metais nos portfólios internacionais.