Estruturar uma franquia é uma tarefa complexa para todo empreendedor que mergulha nesse universo. Exige um planejamento estratégico sólido, que abrange o modelo de negócio, critérios para escolha do ponto, seleção minuciosa de franqueados e suporte contínuo.
Somado a isso, é fundamental que o franqueador estabeleça princípios e valores claros, que sirvam como um guia para a atuação de cada unidade durante a expansão da marca.
Muitas vezes, a operação de uma loja pode parecer tão simples quanto seguir um manual. Porém, o varejo é dinâmico e muda de forma recorrente, principalmente quando se considera a praça, o cliente e o comportamento de consumo.
Como esse cenário vivo não está totalmente nos manuais, o que sustenta a operação é o discernimento do franqueado, ancorado na cultura da empresa. Logo, é preciso que o guia operacional seja uma base, e não uma prisão.
O manual é essencial para manter a identidade, garantir um padrão e proteger a marca. O problema acontece quando ele é utilizado de forma rígida e engessada, prejudicando a operação e sufocando boas ideias dos franqueados.
A proposta é que ele oriente, em vez de limitar as iniciativas das unidades, que precisam estar preparadas para os imprevistos que surgirão e exigirão decisões rápidas. É exatamente aí, onde a cartilha não chega, que os valores da marca devem entrar em ação.
Situações, como um cliente insatisfeito que pede algo fora do protocolo ou um colaborador com dificuldades, são momentos em que esclarecem por que os valores e o propósito da marca devem orientar as escolhas do franqueado.
Uma franquia que capacita seus parceiros a agir com base nesses pilares cria um diferencial competitivo, demonstrando empatia com seus consumidores e fortalecendo a reputação da empresa.
Nesse sentido, o franqueador deve treinar seu franqueado para compreender o “porquê” por trás de cada regra do manual. Promover espaços de troca em convenções, fóruns ou canais diretos para discutir exceções é uma iniciativa poderosa.
Ela gera abertura e liberdade para que os franqueados possam inovar e criar estratégias para casos adversos, sempre alinhados à essência do negócio.
O manual orienta, mas quem faz a diferença é o toque humano, guiado por uma cultura forte. O futuro do franchising está em formar empreendedores capazes de pensar e agir com base nos princípios da marca, e não apenas repetir cegamente os processos.
O objetivo é que os franqueados entendam a alma do negócio, com alinhamentos e propósitos guiados por uma inteligência prática, flexível e, acima de tudo, fiel aos valores da empresa.