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Além da técnica: o que você busca em um colaborador?

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Foto: Vlada Karpovich / Pexels

Tem circulado nas redes um vídeo que conta a história de um líder de uma grande marca que entregou uma nota de R$ 10 para dois colaboradores da sua empresa e pediu que fossem até à feira comprar bananas. Sem mais detalhes.

Um deles foi até o local, identificou que não tinha o produto, comunicou o chefe e devolveu o dinheiro. O outro também foi ao mesmo lugar, ao confirmar a falta o item solicitado, confirmou quais outras frutas estavam disponíveis, pediu sobre o prazo para entrega de nova remessa de bananas e salvou o número do feirante para manter contato sobre as entregas futuras da fruta. Voltou e informou tudo ao líder.

O vídeo trouxe esta situação para responder o questionamento de um dos colaboradores citados acima, que apesar do tempo de empresa, nunca havia sido promovido. Qual deles você acredita ser?

Sabemos que uma promoção dentro de uma organização é muito mais complexa do que analisar apenas um episódio como esse. Envolve o acompanhamento do desenvolvimento, das entregas, da performance e do contexto da empresa, entre outros fatores.

A finalidade deste artigo é pensar sobre a execução de uma atividade simples, pautada na capacidade de expressão e na iniciativa, e como isso se reflete no ambiente corporativo.

Segundo o Fórum Econômico Mundial (2023), sete das dez competências mais valorizadas para o futuro do trabalho estão diretamente relacionadas à comunicação, pensamento crítico e iniciativa.

Uma habilidade requisitada pelo mercado de trabalho é de articulação verbal: de ideias e soluções e como este colaborador evidencia as mesmas por meio da sua expressão. Abaixo, alguns exemplos:

  • fazer perguntas, mesmo que básicas, como as que envolvem “o que”, “quando”, “onde”, “como”, “porque”…
  • negociar: prazos, valores, quantidades…
  • elaborar respostas que deem continuidade à conversa, sempre que necessário;
  • saber fazer a devolutiva ao outro, neste caso, o líder, de como foi a execução da tarefa, o que foi feito…

São práticas que cabem em muitos contextos empresariais, e com frequência, integrantes da equipe não atingem esta performance, por baixa percepção de si, por não terem consciência de como fazem, por não conseguirem expressar o que desejam, tal como um dos colaboradores da história.

Esse cenário se transforma em defasagens nas entregas básicas da rotina do negócio, que poderiam ser minimizadas ou evitadas com uma comunicação humana mais efetiva. Não estamos falando de desempenho de alta complexidade, mas do desenvolvimento essencial de qualquer colaborador em uma atividade cotidiana.

Trata-se da capacidade de:

  • verbalizar com clareza e coerência o que é necessário;
  • ter a habilidade de fazer perguntas certas, de acordo com o contexto;
  • anotar/memorizar dados, informações para dar andamento à demanda;
  • conseguir explicar o que fez, como fez e quais são os próximos passos;
  • ter iniciativa e pensar no que pode ser feito, naquele cenário;
  • compreender o que faz e como isso é parte essencial do todo.

Para visualizar isso de forma mais objetiva, dados da última pesquisa GPTW (Great Place To Work – Melhores empresas para se trabalhar) trazem dois indicadores que reverberam a temática aqui apresentada:  o desenvolvimento/capacitação dos colaboradores como fator de prioridade das empresas, com 43,6% do desejo dos participantes da pesquisa e o foco na comunicação interna pautado como prioridade e representado por 29,9%.

Esbarramos em comportamentos, habilidades e atitudes quando olhamos para o desempenho das equipes nas organizações. Um colaborador mais consciente de suas potencialidades e dificuldades tende a ter uma conduta mais coerente com o seu desenvolvimento e com o cenário que a empresa vive.

O movimento por melhores performances pode, e deve, ser bilateral, ou seja, o colaborador deve buscar o seu, assim como a marca empregadora pode oferecer capacitações condizentes com sua atuação no mercado.

O olhar precisa ser panorâmico em prol da solução – tanto de quem executa, como de quem tem a estratégia – para fazer além do que foi solicitado e poder contribuir com a complexidade do processo que é o negócio.

Boas performances também estão sustentadas em uma entrega com consciência, contexto e visão ampliada do impacto daquilo que se faz.

E por falar em visão sistêmica, ainda preciso responder qual colaborador foi promovido?

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Jornalista especialista em mídias digitais, negociação empresarial e Comunicação e Expressão.

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