Por Bruno Lage, administrador com MBA em Finanças (FGV); atuou em grandes bancos e family offices e, em Curitiba, cofundou a Catálise com Marcelo Aoki
A forma como as empresas acessam capital no Brasil está mudando. Em um cenário de juros ainda elevados, crédito bancário concentrado e maior exigência por eficiência financeira, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) surgem como uma resposta inteligente e estratégica para empresas que precisam de liquidez com controle de risco.
Mais do que uma alternativa de financiamento, os FIDCs estão se tornando uma ferramenta de gestão, capaz de conectar diretamente o setor produtivo ao mercado de capitais.
Ao estruturar um FIDC, a empresa consegue antecipar valores a receber, sejam de vendas parceladas, contratos de prestação de serviços ou outras formas de crédito.
Assim, utilizam esse capital para investir, crescer ou equilibrar o fluxo de caixa. Em vez de esperar 60, 90 ou 120 dias para receber, a companhia acessa esses recursos com previsibilidade, fortalecendo sua posição no curto prazo. Isso reduz a necessidade de recorrer a capital de giro bancário, que costuma ter custos mais altos e prazos menos flexíveis.
Além da liquidez, os FIDCs permitem maior controle sobre riscos. Ao estruturar um fundo é possível estabelecer mecanismos de proteção como cotas subordinadas, garantias e critérios de elegibilidade de crédito. Esses elementos ajudam a proteger os investidores e a originadora, tornando a operação mais confiável.
Não à toa, os grandes investidores institucionais têm aumentado sua exposição à classe, com exigências cada vez mais rigorosas de transparência e gestão de risco.
Outro benefício pouco discutido é a eficiência operacional que os FIDCs impõem às empresas. Para manter a qualidade dos recebíveis e atender aos critérios dos cotistas e gestores, é necessário investir em processos, controles e tecnologia. Isso eleva o nível da operação como um todo.
A empresa passa a monitorar melhor sua carteira, aperfeiçoar sua cobrança e estabelecer rotinas, o que também impacta positivamente na saúde financeira.
O crescimento desse mercado tem respaldo em dados oficiais, como temos falado aqui. E, nos bastidores desse crescimento, há uma transformação silenciosa. Empresas de médio porte, que antes viam o mercado de capitais como algo distante, hoje começam a explorar os FIDCs como alternativa concreta para ampliar sua capacidade de financiamento.
Isso exige uma curva de aprendizado, mas também abre um caminho promissor para quem deseja autonomia financeira e acesso a recursos em condicões competitivas.
Claro que nem toda empresa está pronta para esse modelo. É preciso ter carteira consistente, histórico confiável e foco em governança. Com estrutura adequada e um parceiro experiente, o FIDC pode ser um instrumento poderoso para empresas que desejam crescer sem depender exclusivamente do crédito tradicional.
Na Catálise, temos visto de perto esse movimento. Os FIDCs são uma ponte segura e escalável entre empresas com potencial e investidores que buscam retorno qualificado.
Quando bem estruturados, são uma via de mão dupla que gera valor para todos. Vem com a gente!