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Empreendedores do futuro: a aposta do PR no Ensino Fundamental

Empreendedorismo Ensino Fundamental Economia PR
Foto: Divulgação / Colégio Anglo-Americano

No Brasil, a educação empreendedora avança de forma consistente. Desde 2013, o Sebrae atua em parceria com redes públicas por meio do Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE), que inclui o Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). O programa é aplicado ao Ensino Fundamental com conteúdos práticos e carga horária ampliada.

Esse movimento acompanha uma tendência global. Países líderes, como Finlândia e Estônia, tratam o empreendedorismo como parte central da formação básica.

A Finlândia aparece como número um em educação empreendedora no relatório GEM 2021/2022 e integra criatividade, autonomia e iniciativa ao currículo desde 2009.

A Estônia desenvolve, há 25 anos, programas de empresas estudantis, e pesquisas mostram que formações longas são decisivas para impactar escolhas e comportamento.

Esses exemplos mostram que o Brasil avança, mas também evidenciam o potencial existente quando políticas públicas são contínuas e articuladas com o ecossistema de inovação.

Paraná: referência emergente na educação empreendedora

Nesse cenário, o Paraná se destaca ao incluir oficialmente o empreendedorismo como componente curricular do Ensino Fundamental. A Secretaria Estadual de Educação (SEED) oferta a disciplina a cerca de 29 mil alunos dos 8º e 9º anos em escolas de tempo integral e como ampliação de jornada em outras 130 turmas da rede estadual.

O objetivo é desenvolver o comportamento empreendedor, alinhado às competências da BNCC e às demandas do futuro do trabalho. Enquanto o tema ainda engatinha em muitas redes brasileiras, o Paraná avança com uma política mais estruturada, contínua e territorialmente ampla.

Entre as iniciativas de destaque está a Maratona de Empreendedorismo Jovem 2025, promovida pela Associação Cactus. A ação mobiliza 180 cidades, 490 escolas e 1.403 estudantes e representa uma escala rara em programas de inovação no Ensino Fundamental.

O estado começa a consolidar um modelo próprio, que dialoga com sua vocação econômica em tecnologia, indústria e serviços.

Do colégio para o palco internacional

Na rede privada, o movimento ganha outra camada. Iniciativas complementares aceleram o que a rede pública vem estruturando. No Colégio Anglo, em Foz do Iguaçu, o PitchDay aproxima alunos de avaliadores internacionais, incluindo professores de Harvard.

A experiência amplia o horizonte de crianças e adolescentes que estão apenas começando a explorar o mundo da inovação.

Foi nesse ambiente que Eliza Raicik e Isabela Fritzen, ambas do 6º ano, apresentaram, ao lado das colegas Laura e Manuela, em inglês o pitch de um site criado para apoiar crianças com TEA.

Para Eliza, a experiência misturou desafio e descoberta.

“Foi bom e bem estranho, pois falar em inglês é bem diferente. O mais legal foi preparar o banner, e o mais difícil foi a fala.”

Isabela destaca o impacto de participar de um evento com tantos temas relevantes.

“Foi um grande desafio que foi superado com muita preparação. Também foi emocionante participar de um evento tão encorajador e estar no meio de tantas pessoas com objetivos de aprender, buscar, explorar e liderar. A parte mais legal foi interagir com tantas pessoas diferentes e a mais difícil também, apresentar em público. Mas conseguimos em grupo.”

Foto: Divulgação / Colégio Anglo-Americano

O olhar das famílias

As mães acompanharam o processo de perto e observaram mudanças significativas. Deborah Raicik viu a filha mergulhar no projeto.

“A Eliza se empenhou muito. Estava bem animada. Fez pesquisas, foi atrás de ideias e inovações. Foi uma experiência muito boa, pois ela viu um mundo fora da bolha. Precisou pensar num problema e encontrar uma solução.”

Noelle Fritzen destaca o desenvolvimento pessoal da filha.

“Minha filha se envolveu de forma entusiasmada, apesar dos desafios. Foi um excelente aprendizado. O projeto contribuiu com a oportunidade de crescer em habilidades como pesquisadora, oratória, coragem e iniciativa.”

Mais que negócios: uma mudança de mentalidade

Para o professor Bily, responsável pelo projeto, é essencial desmistificar o ensino do empreendedorismo.

“O foco é o comportamento empreendedor. A criança deixa de perguntar ‘o que eu vou ser quando crescer?’ e passa a pensar ‘que problemas eu quero resolver no mundo?’”

Ele explica que o projeto combina teoria e prática. As atividades incluem dinâmicas de criatividade, identificação de problemas reais, pesquisa de mercado, definição de público-alvo, proposta de valor, prototipagem e planejamento financeiro. Todo esse processo culmina em apresentações profissionais.

O PitchDay, especialmente com avaliadores de Harvard, funciona como um incentivo que amplia a autoconfiança e o senso de propósito dos alunos.

Construindo futuros possíveis

Os aprendizados vão muito além da sala de aula. Eliza percebe o impacto prático.

“Vai me ajudar já ter uma noção de como ter meu próprio negócio.”

Isabela também enxerga valor para o futuro.

“O projeto estimulou habilidades de iniciativa, liderança, oratória e principalmente nos encorajou a acreditar em nós mesmas.”

O Anglo pretende ampliar parcerias internacionais e estuda criar uma incubadora estudantil para apoiar projetos após o PitchDay. Na rede pública, o Paraná fortalece práticas que estimulam pensamento crítico, protagonismo juvenil e capacidade de inovação, habilidades necessárias em mercados em transformação.

Enquanto isso, Eliza, Isabela e milhares de estudantes descobrem que o futuro não é algo a ser esperado. É algo a ser construído, um pitch de cada vez.

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Editora-chefe do Economia PR. Fundadora da BASIS Comunicação. Community Manager. Acelerada Camila Renaux. Consultoria em Comunicação Estratégica. Prêmio Sangue Bom de Jornalismo (SINDIJOR PR 2014)

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