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Fim de ano, consumo e comparações: um convite à consciência para empresas familiares

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Foto: Divulgação

O final do ano costuma acender luzes — nas cidades, nas casas e, sobretudo, dentro das famílias. É uma época marcada por campanhas publicitárias agressivas, viagens exibidas nas redes sociais, vitrines que pedem urgência e um bombardeio silencioso de comparações.

Para empresas familiares, esse período pode ser duplamente desafiador: além de gerir o negócio em meio à sazonalidade e às pressões do mercado, também é preciso cuidar do que acontece dentro de casa.

O consumo cresce, as expectativas se elevam e a exposição digital intensifica a sensação de que sempre falta algo — seja um destino melhor, um presente mais caro, uma experiência mais parecida com a do “vizinho virtual”.

Mas há algo essencial que precisa ser lembrado, agora mais do que nunca:

Cada família é única — e precisa viver de acordo com seus próprios valores, não com as expectativas invisíveis do mercado ou do Instagram. A comparação social acaba provocando sensação de inadequação, ansiedade e frustração.

Ninguém posta boletos atrasados, discussões internas, cansaço ou dúvidas pessoais. O que chega ao feed é o recorte mais polido, editado e luminoso da vida.

Para famílias empresárias, isso pode gerar:

  • sensação de que o patrimônio deveria ser maior;
  • pressão para fazer viagens mais caras porque “todo mundo vai”;
  • cobrança interna para oferecer experiências extravagantes aos filhos;
  • necessidade de aparentar perfeição — estética, financeira, emocional e empresarial.

Só que viver segundo padrões impostos por vozes externas — do algoritmo, do setor, do mercado ou da cultura do consumo — significa renunciar à própria identidade familiar.

Há um movimento quase automático nesta época: comprar, viajar, postar, registrar, comparar.

Mas famílias empresárias têm uma responsabilidade ainda maior: pensar no longo prazo, nas raízes, nos valores que sustentam a geração atual e moldarão as próximas.

Por isso, o final do ano pode — e deve — ser um tempo de pausa inteligente:

  • Vigiar necessidades: o que está faltando de verdade?
    É atenção? Diálogo? Tempo? Descanso? Parceria?
  • Avaliar o que pode ser melhorado:
    onde erramos? onde exageramos? o que queremos fazer diferente?
  • Ajustar rotas:
    Há hábitos que precisamos encerrar? Decisões que precisam ser revistas?
  • Manter o que está alinhado:
    Quais práticas fortalecem nossa identidade? Quais tradições nos unem?

O mais importante: não há modelo universal de vida familiar bem-sucedida. Não há “caminho certo” que sirva para todas as casas.


E não há algoritmo capaz de decidir o que é melhor para cada família.

Se há um presente precioso nesta época do ano, é este: a oportunidade de retomar o essencial e viver de acordo com quem realmente somos.

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Advogada especialista em direito patrimonial e empresas familiares.

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