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Trinta anos e 30% do PIB: presença e simplicidade constroem negócios

PIB Simplicidade negócios Economia PR
Foto: Georgia P. Hansen

Sorriso no rosto e olhar atento: era bonito vê-lo atendendo as pessoas. Estar em contato com seus clientes, parceiros, colegas e amigos configurava um dos seus alimentos diários. Uma satisfação verdadeira.

Mesmo aposentado, fazia questão de atuar todos os dias, de forma incansável. Fechar o estabelecimento para férias? Nem pensar. Ele dizia que o espaço precisava estar disponível para atender a clientela.

Além de demonstrar um senso de sobrevivência, seu comportamento retrata a realidade dos pequenos empresários brasileiros. Os negócios das micro e pequenas empresas representam 30% do PIB nacional, segundo o Sebrae, e desempenham um papel fundamental na economia do país.

Funcionários na cozinha, no balcão e fornecedores mantinham o pequeno restaurante ativo em uma cidade de 368 mil habitantes, no oeste do Paraná.

Dados do Sebrae/PR apontam que 65% dos postos de trabalho criados no estado vêm das micro e pequenas empresas — o que significa 55,2 mil oportunidades dentro de um saldo de 84 mil novas vagas (considerando os cinco primeiros meses de 2025).

Atualmente, o Paraná conta com mais de 1,8 milhão de empresas ativas, segundo dados do governo estadual.

O Paraná foi a sua referência na vida empreendedora. Veio de Santa Catarina ainda jovem, somente com quarta série, e atuou em diferentes segmentos até fixar morada no ramo alimentício. Sempre com raciocínio rápido para cálculos e experiência em negociação, sua “graduação” foi a prática da venda.

Comida caseira no buffet; queijo, salame e pimenta feitos na casa à disposição no balcão. Tudo muito simples, com a essência de quem conquistou o que tem com muitas horas atrás de um balcão. Lá se foram praticamente 30 anos só neste último negócio.

Ele fez parte de uma geração que enxerga na rotina incansável de trabalho a própria recompensa. Não cabe aqui juízo de valor, mas a descrição de um personagem real que fez muito por si e pelos outros.

Fala-se tanto de inovação e de novas técnicas para evolução dos negócios, quando a essência está em quem nunca perdeu o olhar para o outro (ele dizia que o segredo estava no atendimento) — aquele que se conecta de forma genuína e que, muitas vezes, transforma a aproximação em amizade.

E, por falar em amigos, foram muitos. Os que passaram, os que ficaram, os que encerraram ciclos, os que fizeram história, os que criaram raízes e deram frutos — e ainda aqueles que vieram apenas para ensinar algo (bom ou ruim). Fato é que ele confiava demais nas pessoas. Isso revelava a pureza do seu coração, de uma essência rara.

E o que pulsava foi, aos poucos, desacelerando.

No dia 31 de dezembro de 2024, “adormeceu como um passarinho”, disse o médico. Deixou afeto, amor e um legado de entrega, honestidade e muitos amigos (fez até no hospital, onde passou seus últimos dias — mesmo em uma cama “comercializava” e convidava as pessoas para visitarem seu restaurante). Era natural e gentil, até diante da dor.

Este cara foi meu pai. Meu grande orgulho e minha saudade diária.

O seu negócio continua vivo, agora sob o olhar da nova geração, que participou ativamente desta história.

Ao reviver tanto por estas linhas, as lágrimas são presença.

Deixo o desejo de um ano próspero e saudável para tantos negócios, com a sensação de que é possível diante da presença da dedicação e do amor pelo que faz.

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Jornalista especialista em mídias digitais, negociação empresarial e Comunicação e Expressão.

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