Os movimentos pelas fronteiras brasileiras em 2025 foram intensos, especialmente nas áreas de segurança pública, diplomacia, novos acordos, novas pontes e infraestruturas: muita coisa aconteceu. Para não escrever uma bíblia aqui, vou fazer um recorte para relembrar e refletir sobre alguns setores da economia do arco Sul da faixa de fronteira que tiveram bastante impacto neste ano.
A faixa de fronteira do Brasil é definida pela Constituição Federal (art. 20, §2º), regulamentada pela Lei nº 6.634/1979 e engloba cidades que estejam localizadas a até 150 km das divisas. Este espaço, ao longo dos anos, têm extrapolado seu desempenho de controle territorial de proteção nacional e se consolidado como um espaço estratégico para a economia nacional e regional.
Um dos principais vetores econômicos de 2025 foi o fortalecimento das fronteiras como corredores logísticos do comércio internacional. O desempenho do Porto Seco de Foz do Iguaçu simboliza essa tendência. A movimentação recorde de cargas e valores reforçou o papel da região como elo fundamental entre cadeias produtivas nacionais.
O lançamento da pedra fundamental do novo Porto Seco, que está sendo construído na cidade, e a inauguração da Ponte da Integração também reforçaram essa propensão. Mas esse trânsito têm sido intenso não somente em direção aos portos do Oceano Atlântico. As rotas pelo Oceano Pacífico também se expandiram neste ano. Porto Murtinho/MS (fronteira com Carmelo Peralta/PY), teve boa parte da obra da Ponte Bioceânica executada em 2025 e a inauguração deve ocorrer em 2026.
As diversas rotas bioceânicas para escoar a produção brasileira para a Ásia foram foco de discussões em diversos momentos, inclusive no evento II Simpósio Internacional sobre Rotas de Integração Sul-Americana, realizado em Foz do Iguaçu. O consenso que temos é de que o comércio com os países asiáticos se amplia a cada ano.
Em 2025, o Rio Grande do Sul consolidou sua posição como principal estado brasileiro na expansão dos free shops, as lojas francas de fronteira, um segmento que combina comércio, turismo e incentivos tributários para atrair consumidores tanto brasileiros quanto estrangeiros, especialmente vindos da Argentina e do Uruguai (no caso das lojas do RS).
Isso é muito interessante para uma região de fronteira que até pouco tempo atrás tinha sua economia baseada somente na produção agrícola e, com o tempo, induziu a expansão dos free shops.
Na região da Campanha Gaúcha, aliados ao turismo vinícola e ao ecoturismo, já formam demanda de hospedagem e outros atrativos, o que faz os setores locais pensarem em como impulsionar maior tempo de permanência do turista naquela região.
Além do RS, o Paraná também sente a expansão do segmento e cidades como Foz do Iguaçu, Guaíra e Barracão também têm sido palco de investimentos neste tipo de negócio.
O Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF) há anos acompanha essa expansão e, após a regulamentação, em 2018, ficou claro que, além de atrair compradores brasileiros e estrangeiros, esses empreendimentos impulsionaram cadeias locais de serviços, como hotelaria, alimentação e transporte e o incremento em atividades turísticas. Atualmente, há mais de 30 free shops em diferentes cidades gêmeas.
Falando em turismo, um relatório da ONU Turismo mostrou que o Brasil foi o país que registrou maior crescimento do turismo internacional no mundo em 2025. Foz do Iguaçu, mais uma vez, se destaca, principalmente por causa do seu principal atrativo, as Cataratas do Iguaçu.
Os dados divulgados no início de dezembro pela Urbia+Cataratas, concessionária responsável pela visitação turística no Parque Nacional do Iguaçu, mostram recorde histórico de visitação para um mês de novembro. Dos estrangeiros, as principais nacionalidades que visitaram as Cataratas em novembro foram os argentinos, alemães, paraguaios, estadunidenses, espanhóis, franceses, chineses, colombianos e italianos.
Neste ano a concessionária lançou novos passeios e experiências, como o Céu das Cataratas e o passeio de bicicleta dentro do PNI.
Outro setor com atuação econômica muito importante e uma extensa cadeia produtiva são as cooperativas agroindustriais, que exercem um papel estratégico na economia brasileira, especialmente no fortalecimento das exportações, ao organizar a produção, agregar valor aos produtos agropecuários e integrar pequenos, médios e grandes produtores às cadeias globais de comércio.
Essas cooperativas transformam commodities agrícolas em alimentos processados, carnes, óleos, lácteos e derivados com maior valor agregado, ampliando a competitividade do Brasil no exterior, e hoje respondem por parcela significativa das exportações de grãos e proteínas animais, reforçando o protagonismo do agronegócio brasileiro no comércio internacional.
Nesta esfera, a faixa de fronteira conta com robustas cooperativas agroindustriais. No Paraná, destacam-se Lar, C-Vale, Copacol, Coopavel e Frimesa. Em Santa Catarina, a Aurora Coop, na cidade de Chapecó, e no Rio Grande do Sul, a Cooperativa Central Gaúcha (CCGL).
E você, leitor da fronteira? Quais outros segmentos você observou a expansão em 2025? E quais as suas apostas para 2026?