Pela primeira vez em sua história, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Paraná (AHK Paraná) tem uma mulher na diretoria regional.
A executiva Lourdes Manzanares assumiu o cargo em um momento simbólico, que reflete tanto sua trajetória de quase uma década junto ao Conselho da instituição quanto o cenário mais amplo de transformação no ambiente corporativo brasileiro: a crescente presença feminina em posições de liderança.
Segundo dados divulgados pelo LinkedIn em 2025, 32% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Embora o índice revele avanços em relação aos últimos anos, ele também evidencia os desafios persistentes para se alcançar a equidade nos espaços de decisão.
Para a nova diretora regional, o caminho está sendo construído com base no mérito, no diálogo e no reconhecimento de competências.
“Ser a primeira mulher a ocupar a diretoria da AHK Paraná tem um significado especial, não apenas pessoal, mas institucional. Representa o compromisso da Câmara com a valorização de profissionais qualificados, independentemente do gênero”, afirma Lourdes.
A indicação de Lourdes foi feita de forma unânime pelo Conselho, majoritariamente masculino, um sinal de mudança cultural.
“Fui convidada pelos próprios conselheiros a assumir a função, o que aceitei com a condição de contar com o apoio de todos. Isso mostra que estamos diante de uma nova mentalidade, com uma liderança baseada na experiência, na capacidade de gestão e no reconhecimento mútuo”, destaca.
O protagonismo feminino na AHK não se limita ao Paraná. Hoje, a vice-presidente executiva da AHK São Paulo, Barbara Konner, a embaixadora da Alemanha no Brasil, Betina Cadenbach e a cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Martina Hackelberg, estão à frente do fortalecimento das relações entre os dois países, um marco inédito no ecossistema bilateral.
A nova gestão da entidade alemã tem como foco a construção de um ambiente colaborativo, acessível e integrativo.
“Gosto de promover o diálogo direto e ideias que fluem com naturalidade. Acredito que isso fortalece o engajamento e o sentimento de pertencimento, e é essa cultura que quero fortalecer: próxima, integrativa e moderna”, explica Lourdes.
Essa abordagem dialoga com tendências de gestão que se consolidam em empresas brasileiras e alemãs. Muitas organizações associadas à AHK têm investido em programas de mentoria para mulheres, políticas de trabalho flexível e ações concretas de desenvolvimento de lideranças femininas em áreas técnicas, como engenharia e sustentabilidade.
“As empresas de origem alemã estão cada vez mais comprometidas com a diversidade. Essa transformação tem sido puxada por lideranças conscientes de que equipes plurais geram mais inovação e resultados sustentáveis”, pontua.
Apesar dos avanços, Lourdes destaca desafios estruturais e culturais ainda presentes na jornada de mulheres líderes, entre eles, a chamada “síndrome da impostora”.
“Mesmo quando estão altamente preparadas, muitas mulheres ainda duvidam do próprio merecimento. Por isso, é fundamental fortalecer redes de apoio, compartilhar experiências e incentivar o crescimento coletivo. Cada conquista individual é também uma conquista coletiva.”
A cultura alemã, marcada pela valorização da eficiência, planejamento e responsabilidade social, somada à flexibilidade e sensibilidade brasileira, tem criado um ecossistema empresarial propício à inclusão.
“A diversidade não é apenas uma pauta ética, mas uma estratégia de gestão moderna e eficaz”, ressalta.
A nova diretoria da AHK Paraná assume o compromisso de fortalecer a diversidade como um valor central nas relações empresariais. Isso inclui fomentar fóruns de debate, grupos de trabalho e iniciativas práticas voltadas à inclusão.
“Nossa responsabilidade como instituição é liderar pelo exemplo. Queremos inspirar empresas a adotar ações concretas, apoiar redes de colaboração e incentivar uma cultura organizacional mais representativa. Essa é uma missão coletiva e urgente,” finaliza Lourdes Manzanares.
