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Evento mostra que inovação é o passaporte para o futuro

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Foto: Gelson Bampi

Com o objetivo de fortalecer o papel de Curitiba e do Paraná como referências em inovação no cenário global, o evento “Conectando Curitiba ao Mundo: oportunidades e estratégias para a internacionalização da Inovação” reuniu especialistas, empresários, representantes de ecossistemas internacionais e instituições de ensino para discutir os caminhos que podem ampliar a presença do Brasil no mapa da inovação mundial.

A iniciativa, organizada pelo Senai Paraná em parceria com a Fiep, o Sebrae/PR e a Fundação Araucária, ocorreu ao longo de um dia inteiro — das 8h30 às 19h — no Parque Tecnológico da Indústria, e contou com debates estratégicos, apresentações de cases e oportunidades de networking.

Mais do que um encontro, o evento se consolidou como um espaço de articulação entre quem cria, quem empreende e quem transforma inovação em resultado concreto.

Na abertura, Fabiano Scheer Hainosz, gerente sênior de Tecnologia e Inovação do Senai Paraná, destacou que a inovação é um pilar essencial do desenvolvimento econômico e social, e um dos principais indicadores de competitividade de uma nação.

“O investimento em inovação é um indicador fundamental do quanto uma nação valoriza o seu desenvolvimento. No Brasil, aplicamos pouco mais de 1% do PIB em inovação, enquanto países como Coreia do Sul e Israel chegam próximos de 5%, e os Estados Unidos a cerca de 3%. Não se trata apenas do tamanho do PIB, mas da prioridade que cada país dá à inovação como estratégia de crescimento industrial, social e econômico”, afirmou.

Segundo ele, o Senai Paraná tem atuado para consolidar um ecossistema que conecta empresas, universidades e governos em torno de soluções de impacto.

“Estar em Curitiba — cidade reconhecida pela sua vocação inovadora — e dentro do Parque Tecnológico da Indústria reforça esse propósito. A inovação é o que nos move e o que vai nos permitir virar o jogo em um cenário transformado por tecnologias como a inteligência artificial e a computação quântica”, disse.

Com essa reflexão, o evento abriu espaço para o primeiro painel, que trouxe uma perspectiva prática sobre como a internacionalização dos ecossistemas de inovação pode ser construída por meio da colaboração e da integração regional.

O painel “Internacionalização da rede de Inovação em Curitiba” reuniu Dario Paixão, Esteban Cassin, Anara Wisnievski e Douglas Alves Santos. A conversa mostrou que a internacionalização da inovação depende tanto da criação de redes colaborativas quanto do fortalecimento das relações entre cidades e países.

Diretamente de Buenos Aires, Esteban Cassin, do Parque de Inovação e membro da Associação Mundial de Parques Científicos e Tecnológicos (IASP), ressaltou a força da integração latino-americana.

“Criar comunidade é essencial, tanto em nosso território quanto em nível regional. A integração entre Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai é fundamental para o avanço conjunto da inovação. Queremos facilitar tanto a entrada de empresas argentinas no Brasil quanto a expansão de empresas brasileiras na Argentina”, afirmou.

Na sequência, Anara Wisnievski destacou que a internacionalização exige uma compreensão mútua entre ecossistemas.

“Para que Curitiba tenha uma projeção internacional mais forte, precisamos conhecer melhor as ações que estão sendo desenvolvidas em outros lugares e alinhar essas iniciativas com o que já fazemos aqui. Criar um ecossistema com alcance internacional é um desafio grande, mas o de Curitiba vem trilhando esse caminho com bons resultados.”

O presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Dario Paixão, reforçou que a cidade vem se estruturando estrategicamente para isso.

“Com o Invest Curitiba e a nova Rede de Internacionalização, estamos abrindo caminhos permanentes para atrair investidores, fortalecer parcerias e apoiar empresas que desejam expandir além das fronteiras.”

Encerrando o painel, Douglas Alves Santos lembrou que a inovação precisa se apoiar na proteção do conhecimento.

“Trabalhar com propriedade intelectual é transformar conhecimento em valor para a sociedade. Em Curitiba, identificamos um potencial expressivo no campo do desenho industrial, e nosso objetivo é fortalecer esse ecossistema, aproximando a inovação da aplicação prática.”

As discussões reforçaram que a internacionalização é um processo coletivo, que depende tanto da cooperação entre instituições quanto da formação de pessoas preparadas para atuar globalmente.

O painel “Internacionalização na prática acadêmica” reuniu Joubert Machado, Larissa Tanaka Onuki e Jairo Müller Wolf, destacando o papel da educação como motor de transformação e aproximação entre culturas e mercados.

O coordenador de graduação do UniSenai, Joubert, destacou que a internacionalização está no DNA da instituição.

“Preparar nossos estudantes para compreender e atuar em um mercado cada vez mais conectado e competitivo é o nosso compromisso”.

Larissa Tanaka Onuki, docente na instituição, por sua vez, destacou que essa vivência começa cedo e vai muito além dos intercâmbios tradicionais.

“Nossos alunos vivenciam isso desde cedo. Muitas das jornadas de aprendizagem dentro da universidade são realizadas em parceria com multinacionais, o que já proporciona uma primeira experiência de internacionalização — mesmo em português, com executivos locais. Isso se expande ainda mais por meio dos intercâmbios, como o caso recente da Bosch, em que estudantes estão na Áustria aprendendo e também contribuindo com seus conhecimentos.”

Representando a multinacional, Jairo Müller Wolf, da Bosch, apresentou dois depoimentos de alunos do UniSenai que atualmente fazem estágio na Áustria e reforçou o impacto dessas experiências.

“Essa troca é uma via de mão dupla — nossos profissionais aprendem com os jovens talentos brasileiros, e eles, por sua vez, vivenciam a cultura e a tecnologia de uma organização global. É assim que construímos, juntos, um ambiente de inovação com alcance real.”

O painel mostrou que a internacionalização acadêmica não é apenas um objetivo institucional, mas um processo de formação integral, que conecta conhecimento, prática e experiência global.

No painel “A Internacionalização vista por quem viveu”, empresários e empreendedores compartilharam trajetórias, conquistas e desafios enfrentados ao expandir seus negócios para o exterior. Participaram Cauê Marinho, Luiz Antônio Rolim de Moura, Rafael Citadella Daron, Raphael Batta e Raphael Traticoski.

Para Luiz Antônio Rolim de Moura, do Sebrae, o aprendizado pela experiência é insubstituível.

“O ser humano aprende pelo exemplo — pelas boas práticas e pela empatia com aquilo que dá certo. Os cases apresentados mostraram que a internacionalização é possível, especialmente quando há conexão com instituições que ajudam a transformar oportunidades em resultados concretos.”

Cauê Marinho, da Kinebot, startup que integra a Aceleradora Habitat Senai, relatou a expansão da empresa, hoje presente em 30 países, entre eles Arábia Saudita, Egito e Singapura.

“A experiência mostrou que, quando se tem uma solução sólida e inovadora, o alcance global é totalmente possível.”

Raphael Traticoski, da Growing, trouxe uma reflexão sobre estratégia e foco.

“Atuamos em 11 países e aprendemos que abrir muitos mercados ao mesmo tempo pode ser um erro. É melhor focar em um ou dois mercados estratégicos e investir neles.”

No painel “Mapeando possibilidades: oportunidades de expansão internacional”, Yasmin Bonilha, Higor de Menezes e Vinicius Mello trouxeram reflexões sobre o potencial de integração regional e os caminhos para a expansão internacional das indústrias brasileiras.

Durante sua fala, Higor de Menezes apresentou um panorama de mercados emergentes e destacou o papel do MERCOSUL como ponto de partida para empresas que buscam dar seus primeiros passos na internacionalização.

“Vemos países muito promissores para os movimentos iniciais de internacionalização, como Paraguai, Argentina e Uruguai. O Sistema Fiep tem um papel essencial nesse processo, promovendo rodadas de negócios, missões internacionais e programas de apoio para que os industriais possam acessar mercados globais sem precisar sair do estado.”

A fala de Menezes reforçou que o caminho da internacionalização é tanto estratégico quanto colaborativo — e depende da construção de pontes sólidas entre inovação, política e economia.

Após o painel, executivos e especialistas compartilharam suas perspectivas sobre oportunidades globais, reforçando o papel estratégico do Paraná e do Brasil no comércio internacional.

Entre os participantes, André Bandeira, Eros Augusto, Marcelo Grendel, Walderes Bello, Alejandro Ocampo e Andrew Severo destacaram tendências, desafios e caminhos para fortalecer a competitividade nacional, ressaltando a importância de inovação, parcerias internacionais e integração entre indústria, governo e academia.

Encerrando o evento, o economista e diplomata Marcos Troyjo conduziu o painel “Contextualização Econômica Global”, oferecendo uma leitura lúcida sobre as transformações geopolíticas e suas implicações para o Brasil.

“Saímos de um período de globalização intensa para uma era fortemente influenciada pela geopolítica. Embora as oportunidades tendam a diminuir para a maioria das nações, o Brasil apresenta características que o colocam em posição vantajosa — somos um dos quatro maiores produtores agroindustriais do mundo e temos uma das matrizes energéticas mais diversificadas do planet”, explicou.

Segundo ele, os desafios mais urgentes do país estão na própria estrutura interna.

“Aumentar a eficiência governamental e reduzir o peso dos impostos são passos essenciais para liberar o potencial empreendedor. Se avançarmos nesses pontos, o Brasil pode se tornar um dos países mais dinâmicos da economia do século XXI.”

Conectando Curitiba ao Mundo deixou uma mensagem clara: a inovação é mais do que uma fronteira tecnológica — é uma ponte que liga pessoas, ideias e países.

A articulação entre indústria, academia, governo e ecossistemas internacionais mostrou que o Paraná está preparado para ampliar sua presença no cenário global, transformando conhecimento em valor e colaboração em resultados concretos.

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