Pesquisar

Biometano é vetor para a transição energética da indústria brasileira

cibiogas economiapr
Foto: Divulgação

A competitividade industrial e a descarbonização caminham juntas com o avanço do biogás e do biometano no Brasil. Essa foi a principal mensagem do CIBiogás Conecta Indústria, evento realizado na última terça-feira (28) na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba.

Com realização do Centro Internacional de Energias Renováveis e Biogás (CIBiogás), apoio institucional da Fiep e patrocínio do Sistema Faep, Compagas e BRDE, o encontro reuniu lideranças públicas, especialistas, empresários e representantes de instituições do setor para discutir como transformar resíduos em energia, inovação e economia circular.

Para o presidente do CIBiogás, Felipe Marques, o biogás deve ser encarado como fator estratégico e de geração de valor: 

As indústrias estão entendendo que o biogás fortalece o negócio principal, gera segurança energética e contribui para metas ambientais”.

Ele destacou que a indústria nacional concentra 167 plantas de biogás em operação, com uma produção total de 974 milhões de Nm³ por ano, sendo que 26 unidades de grande porte respondem por mais de 75% do volume gerado. A distribuição por porte mostra ainda que 87 plantas de médio porte produzem 214 milhões de Nm³/ano (22%), enquanto 54 unidades de pequeno porte geram apenas 2,6% do total.

“Esses dados reforçam a maturidade do setor e o papel central que o biogás já ocupa na transição energética e na competitividade da indústria brasileira”, afirmou.

Na abertura, o presidente do Conselho de Administração do CIBiogás e conselheiro da Compagas, Rafael Lamastra, destacou o novo posicionamento da instituição diante das demandas do mercado:

“Somos uma entidade com mais de 15 anos de atuação, historicamente voltada à pesquisa e à inovação. A partir de 2023 passamos a olhar de forma ainda mais próxima para o mercado, fortalecendo parcerias e nos posicionando como protagonistas no avanço do biogás e do biometano no país”.

O coordenador do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Fiep, Nilo Cini Júnior, reforçou a relevância estratégica do tema: 7

“Este encontro promove conexões relevantes em prol do desenvolvimento tecnológico e da sustentabilidade industrial, tratando de um tema que já é um diferencial competitivo. Eficiência energética, inovação e geração de novos negócios no Paraná estão no centro dessa pauta”.

Representando o governo do Estado, o secretário de Desenvolvimento Sustentável (Sedest), Rafael Greca, defendeu a transição para uma nova matriz industrial:

“É hora de consolidar uma bioindústria que promova economia circular, preserve nossos solos e mova as cidades com energia limpa. Precisamos substituir as máquinas do século XIX por soluções éticas e sustentáveis, capazes de garantir um futuro mais saudável e competitivo para o Paraná e o Brasil”.

Gustavo Possetti, gerente de pesquisa e inovação da Sanepar, apresentou o potencial energético do setor de saneamento no Paraná, que já opera com três plantas e terá outras sete até 2027.

“O biogás é uma oportunidade concreta para transformar resíduos urbanos em energia limpa, contribuindo para metas de descarbonização e para uma economia mais circular”, afirmou.

Segundo a ABEGÁS, atualmente o Brasil possui 45 mil quilômetros de rede de distribuição para integrar o biometano/gás natural à demanda. Marcelo Mendonça, presidente da associação, defendeu a integração entre gás natural e biometano na rede de gás como estratégia de transição:

“A criação de uma bioindústria regeneradora depende da interconexão entre redes e da complementaridade entre gás natural e biometano. Essa integração é o caminho para a descarbonização, a segurança energética e o fortalecimento da indústria nacional”.

Mendonça afirma que é possível aproveitar a infraestrutura com mais de 1.700 postos instalados (criação de programas de descarbonização para veículos pesados e leves), e que o gás natural será o indutor dessa mudança, permitindo o desenvolvimento imediato do mercado para a chegada do biometano.

Daiana Gotardo, diretora técnica do CIBiogás, afirmou que o autoconsumo seguirá sendo essencial para reduzir custos e emissões, especialmente em regiões sem rede de gás.

“O biometano tende a ganhar ainda mais espaço nos próximos anos, ampliando as oportunidades de uso, desde o abastecimento de frotas até a substituição de combustíveis fósseis em processos industriais”.

O painel “Abordagens para Autoconsumo” apresentou experiências de grandes indústrias com geração e uso interno de biogás, com é o caso da Cooperativa Copacol que desde 2015 faz o uso de biodigestores, alimentados por dejetos suínos, lodo de frigorífico e carcaças trituradas, e permitiu alcançar 80% de autossuficiência elétrica nas granjas.

“Biogás é um ser vivo. Exige cuidado, técnica e acompanhamento diário. Quando funciona bem, gera economia e reduz custos de resíduos”, explicou Celso Brasil, gerente de Meio Ambiente da cooperativa.

Na Frimesa, o projeto de Medianeira substitui GLP por biogás no processo de chamuscagem dos suínos, gerando uma economia de R$ 1,7 milhão por ano.

“Um projeto verde precisa fechar no verde, e o da Frimesa fecha. Além do retorno econômico, ele traz ganhos ambientais e inspira novos investimentos”, afirmou Flávio Gross, analista ambiental da empresa.

A diretora de Estratégias de Mercado e Inovação do CIBiogás, Aline Scarpetta, foi enfática ao afirmar que “o biometano é o combustível do presente, e não apenas do futuro”. Para ela, a valorização ambiental do biometano é chave para impulsionar o setor: “Os benefícios fiscais aplicados aos combustíveis fósseis não podem ser superiores aos dos combustíveis renováveis”. 

Durante o debate sobre aquisição de biometano, especialistas abordaram temas como a  logística, contratos, certificações e tributação. Wanius Medeiros Camargo, da Logás, chamou a atenção para a importância da logística:

“É com planejamento e integração que o setor vai conseguir escalar a oferta e consolidar o biometano como energia de baixo carbono”.

Compartilhe

Leia também

whatsapp negócios

Como gatilhos mentais potencializam vendas via WhatsApp

senior living economiapr

Senior living em Curitiba ganha prêmio mundial 

turismo sustentavel itaipu economiapr

Retrospectiva Economia PR: As matérias mais lidas de maio