Depois de altas históricas do Enterprise Value (EV) no período da pandemia de COVD-19, o valor de mercado das empresas de SaaS despencou no Brasil, conforme o relatório SEG Annual SaaS Report 2025, produzido pela Software Equity Group (SEG). Por outro lado, essa baixa tem contribuído para consolidar o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) de empresas techs nos últimos anos.
Entre 2020 e 2021, o EV de empresas de tecnologia chegou a ser negociado 16 vezes o valor da receita, hoje o preço médio está sendo negociado entre três a quatro vezes.
“No período da pandemia os valuation das empresas eram muito esticados com preços muito altos sendo pagos às empresas de tecnologia, mas essa queda nos últimos anos contribuiu para manter o mercado de fusões e aquisições desse setor em alta”, avaliou Gustavo Budziak, sócio-diretor da Quartzo Capital.
Segundo Budziak, o fato de as empresas de SaaS terem receita recorrente torna-se um atrativo a mais para os investidores.
“Também observamos que, além de empresas de tecnologia que são adquiridas por fundos de investimentos, há corporações que não são ligadas diretamente ao setor, mas que estão adquirindo essas techs para entrar no mercado de tecnologia”, destacou Budziak.
No entanto, o especialista destaca que o avanço do M&A em tecnologia exige atenção redobrada ao planejamento financeiro das operações.
“Em muitos casos, o investidor precisa recorrer a empréstimos bancários ou ceder parte das ações da própria empresa para viabilizar a aquisição. Por isso, é fundamental compreender o custo deste crédito e verificar se haverá, de fato, acesso aos recursos”, pontua Budziak.
Techs puxam alta de M&A no 3° trimestre no Brasil
O mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) encerrou o terceiro trimestre de 2025 em ritmo acelerado. O período registrou R$ 208 bilhões movimentados em 1.303 operações, crescimento de 5% em relação ao mesmo intervalo de 2024, segundo o relatório de outubro publicado pelo TTR Data.
O montante investido também avançou 15%, em um cenário de maior confiança dos investidores e busca por setores estratégicos da economia.
O carro-chefe dessa alta segue sendo o setor de tecnologia. No período, foram realizadas 252 operações, alta de 2% na comparação anual.
O setor mantém a dianteira mesmo diante da leve desaceleração no volume global de transações estrangeiras em tecnologia, reforçando sua relevância estrutural no país. Logo atrás aparece o setor de Real Estate, com 129 operações, seguido por Banking & Investment, com 99.