Às vésperas dos vestibulares de verão, milhares de estudantes brasileiros se deparam com uma dúvida: como será o futuro do mercado de trabalho em cinco anos?
Em plena era da Inteligência Artificial (IA), não basta apenas escolher entre um curso superior ou outro. É preciso entender os novos cenários e traçar estratégias capazes de abarcar as tendências que, aos poucos, começam a se consolidar nas organizações.
De acordo com o Relatório sobre o Futuro do Trabalho 2025, do Fórum Econômico Mundial, a perspectiva é de que aproximadamente dois quintos (39%) das habilidades profissionais atuais sejam transformadas ou se tornem obsoletas até 2030. Em cinco anos, a IA deve eliminar mais de 92 milhões de postos de emprego e reduzir entre 6% e 13% as oportunidades para jovens entre 22 e 25 anos em ocupações expostas à automação tecnológica.
“A inteligência artificial está redesenhando o mercado de trabalho em uma velocidade sem precedentes. Esse cenário produz um misto de desafios e de oportunidades”, destaca o professor doutor Sérgio Czajkowski Junior, docente nos cursos de graduação e pós-graduação do UniCuritiba – instituição que integra o ecossistema Ânima Educação.
Consultor nas áreas de Planejamento Estratégico, Inovação e Gestão de Pessoas, o professor defende que a ascensão da IA é uma realidade que já começou a redefinir carreiras em todo o mundo.
Segundo ele, diversas profissões, principalmente as que envolvem tarefas repetitivas, estão entre as mais vulneráveis à automação. Em contrapartida, o levantamento do Fórum Econômico Mundial mostra que é justamente essa automação que deve gerar 170 milhões de novos postos de trabalho.
“A questão principal não é sobre as profissões que serão extintas, é como se preparar para essa revolução que está a pleno vapor”, avisa o professor.
De acordo com o professor Sérgio Czajkowski Junior, pós-graduado em Filosofia e Sociologia Política, as profissões de baixo risco são aquelas que exigem genuinamente empatia, criatividade, habilidades motoras finas complexas, adaptabilidade, inteligência emocional e julgamento ético apurado.
“As atividades em que a interação humana e a capacidade de lidar com o imprevisto serão insubstituíveis”, resume.
A melhor estratégia para quem vai começar um curso superior, recomenda Sérgio, é combinar habilidades humanas, as chamadas soft skills, com competências técnicas (hard skills).
“Comunicação, empatia, negociação e inteligência emocional combinadas com o domínio de ferramentas técnicas e analíticas é que vão definir os profissionais do futuro. A IA não está aqui apenas para substituir, mas para desenvolver a capacidade humana.”
Para quem está na porta da graduação, o professor dos cursos de Direito, Administração e Negócios avisa:
“Os profissionais do futuro terão uma necessidade contínua de reskilling (requalificação) e upskilling (atualização de habilidades). Ou seja, o aprendizado não vai terminar com a graduação, ele será um processo vitalício. Nesse universo, precisamos estar dispostos a aprender novas ferramentas e aprimorar nossas competências constantemente.”
Na avaliação do professor Sérgio, a ascensão da IA traz uma série de oportunidades empreendedoras.
“Há um imenso ‘gap’ a ser preenchido entre as capacidades da IA e os aspectos insubstituíveis da interação humana. Empreendedores que conseguirem conectar esses dois mundos terão um vasto campo de atuação.”
Recomendações para jovens estudantes
Para os jovens que estão planejando suas carreiras agora, o cenário atual exige uma abordagem proativa. Entre as estratégias sugeridas pelo professor Sérgio Czajkowski Junior estão:
- Focar em habilidades criativas e analíticas combinadas: desenvolver a capacidade de pensar “fora da caixa” sem perder o domínio sobre a análise de dados e a resolução de problemas complexos.
- Desenvolvimento intenso de soft skills: investir em comunicação eficaz, inteligência emocional, colaboração, liderança e adaptabilidade.
- Aprendizado contínuo e reskilling: estar sempre aberto e disposto a adquirir novas competências e a se requalificar para as demandas do mercado.
- Buscar formação em áreas emergentes: considerar cursos e especializações em Big Data, IA, cibersegurança, energias renováveis, bioengenharia e outras frentes de inovação.
- Considerar o empreendedorismo como alternativa: desenvolver a mentalidade empreendedora, identificando lacunas e criando soluções que a tecnologia ainda não oferece.
“O futuro do trabalho na era da inteligência artificial não é um cenário apocalíptico de substituição em massa, mas sim um período de profunda transformação. O segredo não é temer a IA, mas entendê-la, adaptá-la e utilizá-la a seu favor. As oportunidades surgirão para aqueles que estiverem dispostos a aprender, a inovar e a abraçar a mudança”, finaliza o especialista.