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Sustentabilidade em bairros populares

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Foto: Divulgação

Por Yasmin de Nadai, Gerente de Produto na BairrU

Quando falamos sobre mercado imobiliário e sustentabilidade na mesma frase, costumamos direcionar a conversa para soluções que envolvem um certo nível de tecnologia, como sistemas de geração de energia verdes, sendo as placas solares as fontes mais convencionais, sistemas de reaproveitamento de águas pluviais, soluções construtivas de baixa emissão de carbono, sistemas de ar-condicionado e vedação automatizados. Enfim, soluções que inegavelmente são muito eficientes e de grande impacto.

Mas, quando penso no mercado popular, em especial no de loteamentos, acredito que sustentabilidade, antes de tudo, é fazer o básico bem feito e aproveitar o que a natureza do terreno tem de melhor a oferecer. Não é apenas preservar as áreas molhadas, mas incentivar a boa relação das pessoas com elas ao criar espaços de lazer em seu entorno. É utilizar os maciços vegetais existentes como bolsões de respiro em meio ao extenso número de lotes necessário para viabilizar o negócio. É permitir um certo controle da sensação térmica e embelezar a paisagem ao arborizar as vias.

Esses são os primeiros passos. Os próximos passos vão além do discurso padrão deste mercado, de que sustentabilidade é sinônimo de presença de áreas verdes. Vender um bairro sustentável é, sim, criar um sistema de drenagem perene e preparado para as intempéries futuras, mas também é permitir que as pessoas usufruam de um lazer de qualidade, da conveniência de comprar um pão ou um remédio sem a necessidade de tirar o carro da garagem, ou perder horas do dia em transporte público até o centro mais próximo (ainda assim distante, considerando que empreendimentos populares geralmente se encontram em áreas periféricas e de expansão). É viabilizar a segurança de andar pelas ruas para que ali possa ser uma morada definitiva. É criar um ambiente onde as pessoas se conectem entre si e criem apreço pelo local em que vivem e, por consequência, prezem por ele.

De fato, o alto padrão permite explorar um universo bem maior de possibilidades, mas é preciso que o loteador que está no mercado de lotes que atendem à base da nossa pirâmide social entenda que trabalhar um projeto com essas premissas não significa abrir mão de margem. Significa ganhar valor, tanto para seu produto (valor real e mensurável), quanto para sua marca (intangível até certo ponto, mas valioso para a relação de confiança e credibilidade com o cliente final).

É uma questão de mudança de mentalidade para buscar soluções criativas que caibam na viabilidade do projeto e que, ao mesmo tempo, agreguem às nossas cidades, que estão cada vez mais expandindo seus limites para atender às necessidades de moradia.

Posso citar aqui o empreendimento BairrU das Cerejeiras como um case nesse contexto. O bairro planejado, que ocupa uma área de aproximadamente 539 mil m², foi baseado em um projeto inicial que não correspondia à visão da companhia, que busca impactar a vida de inúmeras famílias, fazendo empreendimentos que proporcionam qualidade de vida no segmento popular. Foram aproveitados os elementos naturais existentes, como cursos d’água e vegetação, para desenvolver uma série de áreas de lazer com infraestrutura e arquitetura de qualidade. Essas áreas foram distribuídas por toda a extensão do bairro, garantindo fácil acesso a todos os residentes, totalizando 10 espaços comunitários interligados por uma rede cicloviária.

Dada a localização afastada do centro, foi criada uma centralidade na entrada para servir de apoio aos 1.396 lotes, incluindo uma praça de boas-vindas, um centro comercial e a sede de uma Associação de Moradores responsável pela gestão das áreas comuns, manutenção do sistema de câmeras de segurança e contrato de ronda 24h, além de programas comunitários. Embora o bairro ainda esteja em fase inicial de ocupação, já demonstra vivacidade e apreço por parte dos futuros moradores, e oferece à comunidade circundante a oportunidade de usufruir do espaço público bem cuidado e dos benefícios que o centro comercial em breve proporcionará.

Em resumo, a sustentabilidade no mercado imobiliário, especialmente no segmento popular, vai além da adoção de tecnologias avançadas. Ela se baseia também em aproveitar e otimizar os recursos naturais do terreno, criar ambientes de convivência saudáveis e proporcionar infraestrutura que valorize a qualidade de vida dos moradores. O BairrU das Cerejeiras exemplifica essa abordagem mais ampla, demonstrando que é possível criar bairros populares que realmente fazem a diferença na vida das pessoas e na comunidade ao redor, e ainda assim se manter dentro da viabilidade econômica.

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