Os desafios e oportunidades do mercado externo para designers e fabricantes de móveis foram umas das principais temáticas debatidas no XI Congresso Nacional Moveleiro, que reuniu empresários e entidades do setor nesta terça e quarta em Curitiba.
Para os especialistas, a “brasilidade” está cada vez mais em alta no mundo – e o empresário brasileiro precisa estar atento às oportunidades abertas por esta tendência.
“Esse é o momento do Brasil no mundo. Em um cenário de crises e conflitos, as pessoas querem – e precisam – da criatividade e da alegria brasileiras. A brasilidade está em alta. Mas é preciso que o próprio brasileiro reconheça seu país, para que o mundo lá fora também o faça”, diz o coordenador de Indústria e Serviço da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Paulo Silva.
O mercado global é essencialmente dinâmico, exigindo constante investimento em inovação, na visão de Irineu Munhoz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
“Nossos esforços para integrar design de qualidade e gestão sustentável em cada peça e processo estão definindo novos padrões na indústria moveleira. Dessa forma, a indústria de móveis brasileira não está apenas respondendo, mas ditando tendências internacionais.”
Segundo os dados mais recentes divulgados pela Abimóvel, as exportações brasileiras de móveis e colchões tiveram avanço de 12% no mês de julho, em valores exportados, alcançando US$ 65,6 milhões na receita mensal.
A atividade acumula uma alta de 1,3% entre janeiro e julho de 2024, na comparação com igual período do ano passado. Os números são do levantamento realizado pelo IEMI com exclusividade para o Projeto Setorial Brazilian Furniture, idealizado em parceria com a ApexBrasil.
A diretora geral da organização espanhola Conecta Barcelona, Patrícia Amaral, concorda que há muito espaço para a nossa indústria de móveis ao redor do mundo.
Brasileira, ela mora há quase 20 anos na Espanha trabalhando na internacionalização de empresas espanholas para desenvolvimento de negócios nos Estados Unidos e no Brasil. Patrícia defende o fortalecimento dos ecossistemas para troca de boas práticas e busca de soluções conjuntas:
“As empresas não podem se ver como concorrentes. Quem trabalha sozinho tem muito mais dificuldade de acelerar seus resultados”.
Fabiana Castanha, diretora comercial da P&P Móveis e Madeira, também falou no Congresso sobre a experiência da empresa, que exporta 100% da sua produção para Estados Unidos e Europa.
“Os maiores desafios do exportador são, sem dúvida, as questões cambiais e de logística. Mas existe uma grande oportunidade no mercado externo. Os Estados Unidos, por exemplo, tem um grande poder de compra, com menos inadimplência e ticket médio maior. Mas é preciso estar muito preparado, planejar e entender as questões legais de cada país”, explica.
Com o objetivo de aumentar a visibilidade da indústria brasileira no exterior, foi lançado durante o Congresso o Prêmio Design da Movelaria Nacional, que tem inscrições abertas até 11 de fevereiro de 2025.
A ação é organizada pela Abimóvel com correalização da ApexBrasil, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Fiep, e tem como proposta reconhecer o talento, originalidade, gestão sustentável e potencial inovador dos profissionais e marcas de todos os portes e regiões do país, estando em sintonia com o mote do congresso neste ano.
Para falar sobre a ação, a programação do Congresso Moveleiro contou com um talk exclusivo na manhã desta quarta-feira, 02 de outubro. O bate-papo contou com a moderação de Cândida Cervieri, diretora-executiva da Abimóvel, e participação dos designers Sérgio Matos (jurado), Bruno Faucz (jurado) e Katalin Stammer (curadora).
“Estamos falando de design como um verdadeiro agente de transformação, que vai além da estética, abrangendo soluções funcionais, bem-estar e sustentabilidade, aspectos que se tornaram essenciais diante das rápidas mudanças que presenciamos no cenário atual. O Prêmio celebra esse pensamento inovador, incentivando a criação de uma nova geração de produtos e reforçando a importância do design na construção de um ‘viver’ mais conectado às necessidades contemporâneas.”, fala Cândida.
As criações vencedoras vão participar do Salão Internacional do Móvel de Milão (iSaloni), na Itália, maior e mais prestigiado palco do setor, além de outros importantes eventos nacionais e internacionais, como a ICFF (International Contemporary Furniture Fair), em Nova York, nos Estados Unidos.
Segundo Paulo Silva, da ApexBrasil, o país vem ganhando cada vez mais notoriedade em eventos como esse.
“Há poucos anos, participávamos do Salão em Milão como ‘visitantes’. Hoje, nossa brasilidade é reconhecida e celebrada lá.”
Para fomentar os negócios do setor, foi realizado junto com o Congresso o “Projeto Comprador”, que promoveu encontros diretos entre mais de 50 indústrias brasileiras e 15 compradores internacionais.
Realizadas pela Abimóvel em parceria com a ApexBrasil, por intermédio do Projeto Brazilian Furniture, as rodadas de negócios são projetadas para oferecer um espaço de integração num ambiente totalmente direcionado para o networking e a consolidação de parcerias.
“O Projeto Comprador vai além de um encontro comercial. A ação reflete a evolução do setor moveleiro nacional e sua capacidade de se adaptar às novas exigências de mercado, onde inovação, sustentabilidade e eficiência são mais valorizadas do que nunca. Com foco na geração de negócios internacionais, o evento reforça a posição do Brasil como um importante player global na produção de móveis, promovendo a competitividade das empresas nacionais e integrando-as a uma cadeia produtiva mundial. E o Congresso, claro, é um excelente palco para essa dinâmica”, finaliza Munhoz, presidente da Abimóvel