Todos os anos, o dicionário Oxford elege uma palavra do ano, baseado em quanto o termo escolhido movimentou a cultura atual. Em 2024, a expressão escolhida foi “brain rot”.
Segundo a Oxford, “Brain rot” é definido como “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material (atualmente, particularmente conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador.
Vale ressaltar que, por ser uma instituição inglesa, a Oxford avalia apenas termos em inglês – por isso, para nós, brasileiros, “brain rot” pode ser uma novidade, mas, na verdade, o uso da expressão aumentou em frequência em 230% entre 2023 e 2024.
O primeiro uso registrado de “brain rot” foi encontrado em 1854 no livro Walden, de Henry David Thoreau, que relata suas experiências de viver um estilo de vida simples em meio à natureza.
Como parte de suas conclusões, Thoreau critica a tendência da sociedade de desvalorizar ideias complexas, ou aquelas que podem ser interpretadas de várias maneiras, em favor de ideias simples, e vê isso como indicativo de um declínio geral no esforço mental e intelectual.
Conforme pesquisa da We Are Social e da Hootsuite, os brasileiros estão entre os que mais gastam tempo nas redes sociais globalmente. Em média, são 3 horas e 46 minutos por dia nas plataformas digitais, superando a média global de 2 horas e 31 minutos
Plataformas como TikTok, Instagram e WhatsApp lideram em tempo de uso, com os usuários brasileiros utilizando essas ferramentas tanto para entretenimento quanto para acessar informações e buscar produtos.
Os principais motivos para acessar as redes incluem manter contato com amigos e familiares (64,8%), consumir notícias (57,2%) e buscar produtos para comprar (46,5%). No entanto, grande parte desse consumo é dominado por conteúdos curtos, muitas vezes de baixa complexidade, que reforçam o ciclo de “brain rot”.
Impacto do Brain Rot na decisão de compra
O consumo constante de conteúdos triviais não afeta apenas a saúde mental, mas também o comportamento do consumidor.
Segundo especialistas em comportamento digital, a exposição contínua a estímulos rápidos pode reduzir a capacidade de análise e decisão informada.
Para as empresas, isso apresenta um desafio considerável. O público-alvo, saturado de informações, exige estratégias inovadoras para captar atenção.
Conforme apontam estudos de mercado, campanhas personalizadas e conteúdos mais profundos têm maior probabilidade de engajamento. No entanto, essas abordagens demandam maior investimento e criatividade.
Esse cenário destaca a necessidade de equilíbrio entre atratividade visual e entrega de valor real. Em tempos de saturação digital, conquistar consumidores dispersos exige mais do que simples visibilidade; é essencial oferecer experiências relevantes e memoráveis, capazes de atravessar e vencer quaisquer mentes em estado de putrefação.