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Sabor premiado: Cervejaria Araucária conquista reconhecimento nacional

Foto: Divulgação

A Cervejaria Araucária, de Maringá, colocou o Paraná no topo da cena cervejeira nacional ao conquistar o prêmio máximo do 13º Concurso Brasileiro de Cervejas, realizado em Blumenau (SC). A cerveja Orvalho do Mar recebeu a medalha de ouro na categoria Best of Show, sendo eleita a melhor do Brasil entre mais de 2.500 amostras avaliadas.

O reconhecimento reforça o crescimento do mercado de cervejas artesanais no estado e a força do empreendedorismo local. Fundada em 2012 por um grupo de amigos apaixonados por cerveja, a Araucária se consolidou como uma das principais referências do setor, equilibrando tradição e inovação.

O Economia PR Drops conversou com Rodrigo Frigo, CEO da marca, e Andressa Modolo, sommelier de cervejas e sócia da Cervejaria Araucária, sobre a trajetória da empresa, os desafios do setor e as oportunidades para o empreendedorismo cervejeiro no Paraná. Confira:

De onde surgiu a ideia de investir no setor cervejeiro?

Andressa: Nós investimos no mercado cervejeiro há 13 anos, em uma época em que a cerveja artesanal ainda era pouco conhecida no Brasil. Havia poucas cidades com produções desse tipo, especialmente na região Sul. Meu companheiro, Rodrigo Frigo, fundador da Cervejaria Araucária e mestre cervejeiro, é formado em engenharia química e tinha a produção caseira de cerveja como hobby. Com o tempo, ele se juntou a alguns sócios – seu irmão e amigos – para adquirir equipamentos que permitissem uma produção maior do que a feita em casa. Assim nasceu a cervejaria. No início, vendíamos para amigos e um de nossos sócios, que tinha experiência com registro de marca e legalização, ajudou a estruturar o negócio. Aos poucos, fomos explorando o mercado, vendendo diretamente ao consumidor e oferecendo cursos sobre produção de cerveja. Esse movimento contribuiu para o crescimento do setor.

Quais são os diferenciais da Araucária?

Andressa: A Cervejaria Araucária é uma marca de Maringá que valoriza a regionalidade do Paraná. Nosso nome e símbolo vêm da araucária, árvore típica do Sul do Brasil. Além disso, somos uma empresa familiar: eu, meu companheiro, meu cunhado, meu sogro e nosso sócio, que é praticamente um irmão, trabalhamos juntos. Esse vínculo fortalece tanto o crescimento da empresa quanto o pessoal de cada um de nós.

Como a cultura empreendedora de Maringá e do Paraná contribuiu para a trajetória da cervejaria?

Rodrigo: A cultura empreendedora da região tem dois lados. Existe um discurso sólido sobre o incentivo ao empreendedorismo, mas, na prática, as ações são muito lentas, especialmente quando falamos do apoio a pequenas e médias empresas como a nossa. Se analisarmos as principais dificuldades desses negócios, veremos que as políticas voltadas ao empreendedorismo ainda estão muito aquém das reais necessidades. Não significa que não existam iniciativas, mas há espaço para um suporte mais eficiente, tanto por parte do setor público quanto da iniciativa privada. Um grande desafio, por exemplo, são as altas taxas de juros, que dificultam o acesso a crédito. Muitas pequenas cervejarias têm produtos de alta qualidade, mas enfrentam barreiras financeiras para crescer. Para termos um ambiente realmente favorável ao empreendedorismo, é necessário um esforço mais contundente, com incentivos financeiros concretos.

Como foi conquistar o título de Melhor Cerveja do Brasil?

Andressa: Foi uma alegria imensa! Nos dedicamos muito, estudamos, apreciamos e cuidamos de cada detalhe da produção. Receber esse reconhecimento é extremamente gratificante. Essa mesma cerveja já havia conquistado uma medalha de ouro no ano passado em outro concurso e, neste ano, foi eleita “Best of Show” no Concurso Brasileiro da Cerveja, realizado em Blumenau (SC). Esse prêmio agrega muito valor à nossa marca e reforça a qualidade do nosso trabalho.

Como vocês equilibram tradição e inovação no desenvolvimento das cervejas?

Andressa: A tradição está diretamente ligada às técnicas de produção e às escolas cervejeiras clássicas, especialmente as europeias. Também valorizamos os ingredientes tradicionais, como malte e levedura. Já a inovação vem da experimentação de novos sabores e combinações que não são tradicionalmente encontradas na cerveja. Nosso objetivo é equilibrar esses elementos, para que não entrem em conflito, mas se complementem. Um exemplo disso é uma de nossas cervejas que leva limão, alecrim e sal, combinando perfeitamente com a base ácida e maltada de uma receita tradicional da escola alemã.

Quais tendências do setor cervejeiro você acredita que serão fundamentais nos próximos anos?

Rodrigo: Uma das principais tendências no Brasil é o uso de frutas na produção de cervejas. Nosso clima quente e a busca por bebidas mais leves e refrescantes impulsionam essa demanda. Essa tendência já é uma realidade e tende a crescer ainda mais nos próximos anos.

Quais são os próximos passos da Cervejaria Araucária?

Rodrigo: Nosso objetivo é democratizar cada vez mais o acesso à cerveja artesanal, especialmente às cervejas especiais, que ainda têm uma penetração limitada no mercado. Para nós, elas não são apenas uma moda passageira, mas sim uma categoria que veio para ficar. A mídia tem um papel fundamental nesse processo, ajudando a mostrar ao consumidor que essas cervejas não são apenas uma tendência, mas sim uma alternativa real e acessível. Queremos que mais pessoas conheçam e apreciem a diversidade do mundo cervejeiro.

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