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Como é o novo turista em Foz do Iguaçu – e o que isso revela sobre o futuro do destino

Turista Foz do Iguaçu Economia PR
Foto: Divulgação

Foz do Iguaçu segue firme em sua missão de se posicionar como um dos destinos turísticos mais estratégicos e sustentáveis do Paraná e do Brasil. Uma nova pesquisa, conduzida pelo Itaipu Parquetec em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo e apoio do Fundo Iguaçu, atualizou o perfil dos visitantes que estiveram na cidade entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025 — trazendo insights valiosos para o setor.

Realizada em três fases, a pesquisa revelou dados relevantes sobre comportamento, motivações e percepções dos turistas que chegam à cidade. O levantamento não apenas confirma a força dos atrativos naturais, como também aponta tendências, como o crescimento do turismo em família e a busca por experiências mais sustentáveis.

Com uma metodologia criteriosa, a análise se baseou em entrevistas com visitantes maiores de 18 anos, em pontos de grande circulação como o aeroporto, a rodoviária e hotéis. Entre os destaques, estão o alto índice de recomendação do destino (acima de 94%) e o tempo médio de permanência na cidade, que gira entre 3 e 5 dias.

Além de subsidiar políticas públicas, os dados fortalecem a atuação de empresas e empreendedores locais, ao permitir decisões mais alinhadas com o perfil real do turista.

Para o diretor de Turismo do Itaipu Parquetec, Yuri Benites, é justamente nessa interseção entre informação qualificada, inovação e planejamento que estão as oportunidades mais promissoras para o setor.

Nesse Economia PR Drops, Yuri detalha os bastidores da pesquisa, comenta os achados mais relevantes e fala sobre os próximos passos para transformar dados em estratégias concretas de desenvolvimento turístico. Confira:

A última pesquisa de demanda turística em Foz do Iguaçu havia sido realizada há 13 anos. O que mudou nesse período e quais descobertas mais surpreenderam com a nova atualização? 

Yuri: Reino Unido e EUA foram registrados como grandes polos emissores na pesquisa de demanda realizada há 13 anos e na atual a maior parte dos turistas internacionais são provenientes da América Latina. Outra alteração foi no percentual de viajantes em família, que foi maior na pesquisa anterior (49,9%) e na fase 3 da pesquisa, período de férias escolares (janeiro de 2025) foi registrado 33% viagens em família e com um percentual bem próximo, o perfil de casais sem filhos (32%), o que demostra um perfil de público mais diversificado. Outra comparação de destaque foi em relação ao número de vezes que os turistas que participaram da pesquisa visitaram Foz do Iguaçu. Houve pouca diferença entre visitas pela primeira vez (41,7 e 38%) respectivamente na pesquisa anterior e nesta e o mesmo para os que já tinham visitado (58,3 e 62%). Todavia, a pesquisa atual aumentou a quantidade de alternativas e obteve o impressionante resultado de que de mais de 33% dos entrevistados já visitaram Foz do Iguaçu mais do que quatro vezes, sugerindo que a cidade possui uma alta taxa de retenção, devido o retorno dos turistas. 

A criação do Observatório Nacional de Turismo Sustentável marca um novo momento para o setor. Quais serão os próximos passos desse observatório e como ele pretende impactar o planejamento turístico da cidade? 

Yuri: O Observatório Nacional de Turismo Sustentável é uma iniciativa estratégica, criado numa parceria entre o Itaipu Parquetec e o Ministério do Turismo, que tem por objetivo suprir a falta de dados precisos e metodologias padronizadas com o objetivo de monitorar as interferências positivas e negativas da atividade turística no Brasil, para que o crescimento do turismo seja planejado de forma sustentável. Com a coleta, centralização, sistematização e disseminação de dados, não só Foz do Iguaçu, mas todo o Brasil poderá compreender o cenário do Turismo para tomar decisões mais assertivas, além de formular políticas públicas e estratégias empresariais para o crescimento sustentável do Turismo. 

A pesquisa revelou que 79% dos visitantes organizam a viagem por conta própria. Como isso influencia o desenvolvimento de serviços turísticos na cidade e o papel da inovação digital nesse processo? 

Yuri: O comportamento dos turistas entrevistados, com expressivos 79% organizando suas viagens de forma autônoma, demonstra a forte influência da capacidade de comparar preços, buscar flexibilidade e otimizar custos através de plataformas digitais. Este cenário não apenas impõe um posicionamento digital estratégico para Foz do Iguaçu como destino, tornando-se visível e relevante nos canais online onde esses viajantes pesquisam e planejam, mas também exige uma análise na forma como a oferta turística interage com este público para verificar se está sendo assertiva, com base nos dados apresentados. Compreender profundamente o perfil completo revelado pela pesquisa é crucial para que hotéis, agências, atrativos e outros serviços planejem campanhas de marketing digital direcionadas e, mais importante, desenvolvam serviços que atendam às necessidades específicas deste viajante autônomo. A inovação digital desempenha um papel central neste processo, permitindo a criação de experiências personalizadas e flexíveis, desde a reserva e o check in online facilitados até aplicativos com roteiros customizáveis, informações em tempo real sobre atrações e suporte digital durante a estadia. 

O Paraguai continua sendo o segundo atrativo mais visitado da região. Como essa integração trinacional é aproveitada no planejamento estratégico do turismo em Foz? 

Yuri: O fato de o Paraguai ter sido indicado como o segundo atrativo mais visitado nas três fases da pesquisa, mesmo sem ser o principal motivador da viagem para muitos, demonstra uma forte sinergia entre os destinos da Tríplice Fronteira, ao lado dos atrativos de Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú (Argentina). A integração pode se dar a partir de um planejamento estratégico integrado para desenvolver produtos, infraestrutura e estratégias de marketing que ampliem a promoção da região como um destino único e diversificado. Com relação ao chamariz das compras, sugere-se o foco como complemento, uma vez que este não é um motivador declarado para a maioria dos turistas, mas não deve ser relegado, uma vez que atrai muitos turistas quando em estada no destino. Outras estratégias podem envolver a reiteração da gastronomia e cultura trinacional e criação de produtos segmentados, dentre outros. 

O dado de que 40% dos visitantes já vieram mais de quatro vezes mostra um alto índice de fidelização. Quais são os diferenciais de Foz que explicam esse retorno recorrente?

Yuri: O notável índice de fidelização de 40% dos visitantes, retornando a Foz do Iguaçu mais de quatro vezes, é um testemunho de um conjunto de diferenciais que cativam e atraem os turistas repetidamente. Primeiramente, os atrativos naturais icônicos e diversificados, com as majestosas Cataratas do Iguaçu como principal atrativo e chamariz, a experiência única de Itaipu, as compras no comércio paraguaio, a gastronomia argentina e outras belezas naturais, oferecem um leque de experiências que motivam múltiplas visitas. Em segundo lugar, a infraestrutura turística em constante aprimoramento, evidenciada pela recente reforma do aeroporto e as obras em andamento, aliada à qualidade da rede hoteleira, à diversidade gastronômica e aos serviços de transporte eficientes, proporciona um conforto crescente aos visitantes a cada retorno. A acessibilidade regional é outro fator crucial, facilitando o retorno frequente de turistas provenientes dos estados vizinhos, para os quais Foz do Iguaçu se configura como um destino de fácil alcance, evidenciado pela pesquisa, em que os turistas são provenientes de estados mais próximos. Além disso, a variedade de experiências e a constante adição de novos atrativos, como o consolidado Dreams Park Show e os mais recentes Wonder Foz e Yup Star, e ainda o complemento de novas experiências oferecidas dentro do Parque Nacional do Iguaçu (Amanhecer nas Cataratas, por exemplo), demonstram a dinâmica da cidade em se reinventar e oferecer novidades, incentivando os visitantes a explorar o que há de novo. A ampla gama de atividades, do ecoturismo às compras e ao lazer, garante que cada visita possa ser única. 

Em termos de negócios e desenvolvimento regional, quais oportunidades o turismo sustentável pode gerar para empreendedores locais? 

Yuri: Uma das oportunidades demonstrada na análise dos dados da pesquisa, foi a possibilidade de aumento do número de estrangeiros, que se ampliadas as estratégias de marketing voltadas para mercados internacionais, seja na América Latina, em que há a predominância de público de estrangeiros atualmente, mas igualmente para mercados de outros continentes pode gerar efeitos positivos para o desenvolvimento regional e, consequentemente para os empreendedores locais. Podem ser realizadas estratégias relacionadas ao ecoturismo, hospedagens, transportes e gastronomia sustentáveis, produção artesanal local, turismo cultural. Estas estratégias tendem a atrair diversos públicos, dentre eles o público estrangeiro, devido à crescente conscientização sobre questões ambientais, sociais, culturais, impulsionando a demanda por experiências mais responsáveis e conectadas com a cultural local. 

A pesquisa foi realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo e o Fundo Iguaçu. Como essas articulações institucionais fortalecem a governança do turismo local?

Yuri: A parceria com instituições como a Secretaria Municipal de Turismo e o Fundo Iguaçu fortalece a governança do turismo local ao otimizar recursos e expertise, alinhando estratégias de forma colaborativa e conferindo maior legitimidade à pesquisa. A abrangência da coleta de dados é ampliada, e a continuidade das ações é assegurada pela participação de ambos. Similarmente ao conhecimento da Secretaria, o financiamento do Fundo Iguaçu robustece a governança ao viabilizar estudos e estratégias de longo prazo, complementando recursos públicos. Essa união gera informações confiáveis, essenciais para decisões eficazes e o crescimento sustentável do turismo em Foz do Iguaçu. 

Qual é a visão de futuro para o turismo em Foz do Iguaçu nos próximos anos, especialmente com o apoio de dados e inovação? 

Yuri: A visão de futuro para o turismo em Foz do Iguaçu, impulsionada pelo uso estratégico dos dados do perfil da demanda turística atualizada (ausente desde 2012) e pela incorporação da inovação, reside na capacidade de um planejamento mais assertivo em todos os níveis. Se as informações detalhadas sobre os visitantes atuais, juntamente com os insights e sugestões emergentes da pesquisa, guiarem as ações do destino, de investidores e, principalmente, da oferta turística, campanhas e outras iniciativas poderão ser precisamente direcionadas ao público-alvo. Além disso, o aproveitamento das oportunidades identificadas nos dados, como aprimoramento da infraestrutura e conectividade (incluindo maior oferta de voos), e a atenção aos alertas sobre preços e acessibilidade, permitirão a Foz do Iguaçu não apenas manter sua alta taxa de retenção de visitantes, mas também expandir significativamente seu público e aumentar o tempo médio de permanência na cidade, consolidando-se como um destino ainda mais competitivo e desejado. 

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