A morte do Papa Francisco nos convida não apenas à reflexão sobre a finitude, mas ao legado que provoca a olhar para o outro. Não à toa, reunia admiração em tantas partes do mundo.
Mais do que um líder religioso, Francisco foi um símbolo de escuta genuína, de prestação de serviço ao povo, com uso da empatia e de um discurso que aproximava.
Diante de um cenário corporativo que ainda se debate com as relações humanas, com o convívio de diferentes gerações seu exemplo deixa um recado: olhe para as pessoas não só sob a sua perspectiva.
Esteja aberto para ouvir e interagir.
Uma gestão com escuta, como a de Francisco, é aliada na gestão de colaboradores de qualquer empresa.
Este momento precisa e/ou pode ser provocado pelo gestor – em que líder e liderado sentam para conversar – não só quando as coisas estão ruins (se for só neste momento, alguma coisa está errada, uma vez que o diálogo e os feedbacks precisam ter uma rotina), mas para alinhar processos, ajustar projetos, desenhar planos.
As conversas produtivas (livres de pressão e protocolos) são fonte de ideias, de possibilidades para a solução de pequenos problemas ou ainda, de melhorias para ações da rotina de uma empresa.
No ambiente corporativo, muitas vezes os ruídos não vêm dos dados, mas das relações. Falhas de comunicação criam distância entre os setores, entre filiais e matriz, entre comercial e administrativo e geram lacunas difíceis de serem sanadas em pouco tempo.
Os líderes – e me refiro aqui ao médio escalão de uma empresa (coordenadores, gerentes, encarregados…) possuem um papel vital em conduzir a equipe de forma coesa, fomentando a comunicação horizontal, estimulando o envolvimento com o trabalho e com a marca, a fim de minimizar rupturas e desconfortos causados por uma comunicação ineficiente.
Liderar também é servir quando falamos do amadurecimento da equipe, oportunizando espaço para que o time possa aprender e compartilhar, falar, ser ouvido e respeitado.
Isso não significa aceitar tudo.
Ouço dos empresários “o foco é só o colaborador, tudo é feito pensando neles…e quando eles vão enxergar o que o empresário precisa?”
Pois é, a via é de mão dupla e o caminho é longo. Os dois lados possuem necessidades distintas.
Fato é que, se usarmos as ferramentas da comunicação humana de forma que proporcione mais sinergia entre os membros da empresa, com o alinhamento de expectativas entre as partes envolvidas, mais ciência do andamento dos processos do negócio, com mais “cartas na mesa” e acordos firmados, os diálogos tendem a ser mais transparentes e produtivos e os resultados
Ganha o negócio, ganha o empresário, ganha o colaborador.
Claro que, todas estas variáveis envolvem conexão das partes com os valores e a cultura da empresa (não aquela que está exibida no quadro da parede que ninguém lê, mas o que é vivido na prática, sabe?)
Fica o convite para atitudes simples: comece observando como acontecem as conversas entre os colaboradores, como é a interação entre as equipes, como os líderes se conectam com os seus pares e subordinados. Você não precisa de muito para observar o que pode e precisa ser ajustado.
O papa também ‘abusou’ da simplicidade para acessar o outro, com humildade e gentileza. Faça o mesmo. Tenha um olhar abrangente e use a comunicação humana em prol das relações profissionais e do seu negócio.