Pode não parecer, mas a tecnologia quântica está presente no cotidiano. Ela passa por performances que vão desde a construção de lasers, por exemplo, até dispositivos para armazenamento de dados.
Pesquisas apontam para um cenário promissor e mostram que a computação quântica pode ser a próxima revolução na transformação digital, adotada em larga escala.
“Neste cenário, o mercado de trabalho é extremamente promissor e precisamos estar preparados para o momento em que o mundo irá atingir a supremacia quântica, ou seja, quando a capacidade computacional de um computador quântico estável será superior à do computador clássico”, afirma o professor Ricardo Fernandes da Silva, da área de Ensino, Extensão e Empreendedorismo da UTFPR, em Curitiba.
Entusiasta do assunto, Silva é um dos organizadores do evento Curitiba Quantum Week, que acontece na capital paranaense até o dia 22 de maio, e tem como foco a promoção de diversos debates sobre o tema.
“Estamos com grande expectativa, de grande público e de intenso aprendizado”, pontua.
Durante uma semana, o evento vai abordar desde a base do tema até a profundidade. Por isso, os inscritos poderão participar de diferentes momentos, iniciando no seminário ‘O que é um fenômeno quântico’ até o mergulho profundo proposto pela mesa-redonda ‘A Era Pós-Quântica’.
Os temas são ministrados por especialistas na área, doutores capacitados nas áreas de Física, Ciência Molecular e Informação Quântica.
“O evento é uma grande oportunidade de conexão com especialistas e entusiastas dessas áreas inovadoras. O mercado de trabalho em quântica está em expansão, impulsionado pela computação quântica e suas aplicações. O evento proporciona uma imersão muito interessante e um networking fantástico”, comenta Adriano Krzyuy, presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR), entidade que também apoia a realização do evento.
Para o executivo, que também é um admirador do tema, a computação quântica precisa ser pensada como alternativa à resolução de problemas complexos e, como consequência, como geradora de novas oportunidades de trabalho, especialmente na área de pesquisa e aplicação.
Seus efeitos já começam a aparecer em áreas que fazem parte da rotina de qualquer pessoa, da segurança das transações bancárias até a forma como remédios são desenvolvidos.
Nos bastidores dos grandes bancos, empresas de logística, farmacêuticas e gigantes da tecnologia, os computadores quânticos já estão sendo usados para resolver problemas que levariam anos em máquinas convencionais. O resultado? Aplicações mais rápidas, seguras e eficientes.
Um exemplo prático vem do setor financeiro: alguns bancos estão testando algoritmos quânticos para detectar fraudes e otimizar carteiras de investimento, o que, para o usuário final, significa transações mais seguras e serviços personalizados.
A mesma lógica se aplica ao setor de logística, onde empresas como a Amazon e a DHL usam simulações quânticas para planejar entregas com mais precisão, reduzindo prazos e erros.
Outro avanço invisível, mas impactante, está no desenvolvimento de medicamentos. Graças à capacidade da computação quântica de simular moléculas com extrema precisão, laboratórios podem identificar compostos mais promissores em menos tempo.
Em alguns anos, isso pode se traduzir em tratamentos mais rápidos e personalizados, inclusive para doenças complexas como câncer ou Alzheimer.
Na área de segurança digital, os primeiros testes com criptografia quântica já estão sendo realizados por operadoras de telecomunicações e serviços em nuvem. Isso significa que, em breve, aplicativos e serviços online poderão se tornar praticamente invioláveis.
“É verdade que ainda estamos longe de ter um ‘computador quântico de bolso’, mas os efeitos dessa tecnologia já estão sendo incorporados por meio de parcerias entre empresas tradicionais e startups quânticas, que desenvolvem soluções aplicáveis às máquinas clássicas que usamos hoje”, finaliza.