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A fronteira faz seu próprio marketing

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Foto: Alexandre Marchetti / Itaipu Binacional

Uma linha.

De um lado o Brasil e do outro o Paraguai. A legenda da foto é: “Ao mesmo tempo, posso estar em dois países!“. Na visita técnica à Itaipu Binacional (usina hidrelétrica que pertence a Brasil e Paraguai), o visitante pode ficar com um pé em cada território.

Em outro ponto da fronteira, Brasil e Uruguai são divididos pelas cidades Chuí (Brasil) e Chuy (Uruguai). No Brasil, a avenida que une os dois países chama-se Avenida Uruguai. No Uruguai, a avenida que une os dois países chama-se: Avenida Brasil. Dá um nó na cabeça, né?

Essas dualidades ou até mesmo triplicidades (Só no Brasil, há 9 tríplices fronteiras) são comuns e muito curiosas. Uma das mais distintas é a fronteira entre Baarle-Nassau (Holanda) e Baarle-Hertog (Bélgica). Há casas, mercados e outros pontos comerciais que localizam-se nos dois países.

Com tudo isso, o cenário desta coluna mensal está posto: vamos falar sobre economia, negócios e inovação em regiões de fronteira! No marketing, quando se quer divulgar um produto ou serviço, o primeiro passo é buscar um argumento. Então, as curiosidades, dados e riquezas das fronteiras são nosso argumento de marketing.

Em geral, as fronteiras são definidas a partir de características naturais da paisagem, como rios e montanhas. Somente quando não há possibilidade de se aplicar esse recurso demarcatório é que são utilizadas as chamadas linhas geodésicas, que são calculadas a partir de fórmulas matemáticas que levam em consideração a curvatura da Terra e a variação da gravidade para determinar a trajetória mais curta entre dois pontos. Historicamente, essas demarcações são definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a partir dos anos 1990, passaram a ser realizados por meio de Sistema de Posicionamento Global (GPS).

E veja como se constitui nosso cenário. Os principais definidores das fronteiras brasileiras, segundo o Ministério de Relações Exteriores, são: rios (50%), serras (25%), linhas geodésicas (20%) e lagos (5%).

E o que esperar do conteúdo destes cenários? Vamos a alguns exemplos:

As Cataratas do Iguaçu (Rio Iguaçu), em Foz do Iguaçu (PR), juntam os territórios do Brasil e da Argentina. É um dos atrativos turísticos mais visitados do Brasil. Já chegou a receber mais de 2 milhões de turistas em um ano.

No Rio Grande do Sul, na região da Campanha Gaúcha, nas linhas de passo com a Argentina e também com o Uruguai, até 1990 a região era mais conhecida pela produção de grãos como arroz e soja e pela pecuária. Hoje, é referência na vitivinicultura. É dali que tem saído rótulos premiados – especialmente de espumantes – e verifica-se expansão no enoturismo, com passeios guiados, lojas de vinhos e hotéis/spas.

No centro-oeste, temos o bioma Pantanal. Além dos aspectos naturais, uma nova ponte está sendo construída na fronteira entre Brasil e Paraguai: a Ponte Bioceânica, que interligará Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (Alto Paraguai – Paraguai).

A região Norte faz fronteira com Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Entre Brasil e Venezuela, está o Pico da Neblina, a montanha mais alta do nosso país. Na tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela, está o Monte Roraima, outra grande elevação. O Rio Javari une Brasil e Peru. E ainda há muitos rios que serão citados aqui, como o Paraná e o Paraguai. Ainda no Norte, há novos negócios e inovação a partir de produtos da Floresta Amazônica. 

É a partir de toda essa efervescência que mensalmente vamos usar um GPS e desembarcar nas nossas fronteiras.

Linhas geodésicas, rios e montanhas: Múltiplos usos e significados.

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Jornalista, Doutora em desenvolvimento regional e Pós doutoranda em políticas públicas e desenvolvimento.

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