Em um breve resumo, um ecossistema de inovação é um ambiente colaborativo e interativo, onde diversas entidades, como empresas, startups, universidades, centros de pesquisa, investidores e órgãos governamentais, interagem para fomentar o desenvolvimento e a aplicação de novas ideias e tecnologias.
Esses ecossistemas são fundamentais para uma região por promoverem a criação de empregos qualificados, o crescimento econômico sustentável e a resolução de desafios sociais através da inovação. Ao integrar recursos financeiros, conhecimento especializado e infraestrutura adequada, eles facilitam a transferência de tecnologia, incentivam o empreendedorismo e fortalecem a competitividade regional no cenário global.
De acordo com o ranking da consultoria Bright Cities, publicado em abril deste ano, o Paraná é o estado mais inovador e sustentável do Brasil. Curitiba, Maringá e Londrina foram eleitas as melhores do país nesse sentido. E nesta semana, a capital voltou a aparecer em um ranking internacional, ao lado do município de Assaí, considerado uma das sete cidades mais inteligentes do mundo.
O Economia PR Drops conversou com o Secretário Estadual de Inovação, Alex Canziani, para saber o cenário atual do ecossistema no estado e como expandi-lo ainda mais pelas cidades paranaenses. Confira:
Como você descreveria o atual cenário de inovação no estado do Paraná?
Alex: O Estado tem uma série de iniciativas muito importantes que promovem a inovação. São vários ecossistemas em todas as regiões do Estado, trabalhando intensamente essa questão, com muita organização e um trabalho de alta qualidade. Ou seja, a sociedade, junto com a academia e o Governo do Estado, estão construindo belas soluções para a inovação no Paraná. O governo também tem se empenhado nesse sentido. Recentemente, o próprio governador Ratinho Júnior lançou um plano de inteligência artificial para o Estado, uma área na qual queremos focar bastante. Estamos com várias iniciativas para fazer com que o governo seja mais ágil, mais próximo do cidadão, e que atenda melhor às necessidades das pessoas. Dentro do próprio governo, estamos trabalhando através da transformação digital, para que a tecnologia nos ajude a desempenhar melhor o papel que o Estado tem. Diversas iniciativas na educação têm realizado um belo trabalho nesse sentido, assim como na saúde e em várias outras áreas.
Quais são as principais áreas de inovação que o estado está focando no momento?
Alex: O Paraná tem a Pecti, que é a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, onde são definidas as principais áreas em que o Estado atua no setor. São 12 eixos estratégicos de trabalho, como por exemplo políticas públicas de educação, subvenção econômica para projetos, investimentos em espaços públicos como laboratórios, aceleradoras, agências de inovação, entre outras. Nós temos um trabalho muito forte, e é importante ressaltar que o Paraná tem investido significativamente nessa área. Há dois anos, o orçamento para ciência, tecnologia e inovação era de menos de R$ 80 milhões. Hoje, temos mais de R$ 800 milhões investidos nessas áreas, seja através das universidades, startups, ou ambientes de inovação. Fizemos um edital e reunimos 188 ambientes de inovação no Estado do Paraná, incluindo coworkings, parques tecnológicos, e diversas outras iniciativas.
Como o Paraná se compara a outros estados brasileiros em termos de inovação e desenvolvimento tecnológico?
Alex: O Estado foi, nos últimos dois anos, reconhecido como o mais inovador do Brasil pela Bright Cities, o que realmente evidencia o momento que o Paraná vive e todas as ações que o Estado tem realizado para alavancar seu desenvolvimento e transformar digitalmente o governo como um todo. Estamos acompanhando de perto o cenário nacional, mas o Paraná quer ser cada vez mais protagonista, sendo um Estado inovador, aberto, próximo do cidadão e que atenda com mais rapidez às demandas da sociedade.
Quais são os maiores desafios que o estado enfrenta para se tornar um polo de inovação no Brasil?
Alex: O Estado se destaca consideravelmente no cenário nacional de inovação. Se você observar um mapa, verá que temos três polos de inovação reconhecidos, o que nos coloca como o Estado com mais polos de inovação no país. Além disso, somos referência em várias outras áreas. Temos parcerias com o Senai, Senac, Instituto Federal, Universidade Tecnológica, Universidade Federal do Paraná, e outras instituições de ensino privadas, com o objetivo de desenvolver nosso ecossistema de inovação. Apesar dos avanços significativos, queremos continuar progredindo e vamos seguir investindo e trazendo novos atores para trabalhar com inovação. Nosso objetivo é levar a inovação para todas as cidades do Paraná. Não adianta focar apenas nas principais cidades que já possuem um ecossistema de inovação fortalecido; queremos expandir isso para os 399 municípios do Estado. Através da educação e de boas práticas adotadas por outros municípios, queremos mostrar que, independentemente do tamanho ou das condições do município, é possível inovar, melhorar os processos, atender melhor a população e gerar novas oportunidades por meio de startups e outras empresas com processos inovadores.
Quais são os principais programas de incentivo à inovação atualmente em vigor no Paraná?
Alex: Lançamos o Talento Tech-PR, que é um programa fantástico voltado para a formação e capacitação de jovens na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). São R$ 62 milhões de investimento. Vamos ensinar programação para 3 mil jovens dos 50 municípios mais carentes do Paraná, com bolsas remuneradas de até R$ 1.500, entrega de notebooks para os alunos, e cursos com 10 meses de duração, sendo organizados pelas universidades estaduais. Além disso, as grandes empresas de tecnologia que estão firmando acordos com o Paraná, como a Google, se comprometem a contratar esses alunos, desde que eles permaneçam em suas cidades, ajudando no desenvolvimento local.
Também temos o Paraná Anjo Inovador, o maior programa de apoio a startups no Brasil com quase R$ 40 milhões de incentivo para os empreendedores inovadores. Financiamos projetos de inovação de startups paranaenses com recursos diretos. Neste ano, lançamos o segundo edital de R$ 20 milhões para selecionar até 80 projetos, com cada startup recebendo até R$ 250 mil. A segunda fase resulta do sucesso do edital de 2023, que selecionou 68 startups, já desenvolvendo seus projetos com apoio do governo estadual.
Para subsídio do microempresário, temos o Fomento Inova Juro, em parceria com a Fomento Paraná. Este programa oferece financiamento de até R$ 500 mil, com juros subsidiados pela Secretaria da Inovação, para micro e pequenas empresas que desenvolvem projetos de inovação. Ele é voltado para empresas de diferentes setores com faturamento anual de até R$ 4 milhões.
Para os municípios, lançamos o Paraná Negócios, voltado para a promoção do desenvolvimento econômico e empresarial. Ele funciona como uma plataforma de apoio e incentivo à atração de investimentos, expansão de negócios e fortalecimento da economia local. O programa oferece diversos serviços e benefícios para empresários e investidores interessados em estabelecer ou expandir suas operações no Paraná.
Como esses programas têm impactado as startups e empresas de tecnologia no estado?
Alex: Com o Anjo Inovador nós temos exemplos de projetos em diversas áreas, como saúde, educação, agricultura e sustentabilidade. São muitos exemplos, como a startup Hyla Biotech, incubada na Fiocruz em Curitiba, que está desenvolvendo um kit de diagnóstico rápido de câncer de mama, mais rápido e mais barato. Outro exemplo é a Jiantan, de Maringá, que criou uma plataforma para compensar a pegada de carbono, que beneficia tanto o proprietário rural quanto as cooperativas. Esses são apenas dois exemplos de uma série de inovações que estão sendo apoiadas pelo primeiro edital do Anjo Inovador. Neste ano, vamos selecionar mais startups para alavancar projetos.
Como o Estado se sente com a eleição de Assaí e Curitiba como duas das 7 cidades mais inteligentes do mundo e como essa cultura pode ser aplicada em outras cidades paranaenses?
Alex: É um motivo de grande orgulho para o Estado do Paraná. Este reconhecimento destaca o momento de inovação que estamos vivendo, posicionando o Paraná como o estado mais inovador do Brasil. Nosso objetivo é replicar esses exemplos de sucesso em todo o estado. Se Assaí, com seus 13 mil habitantes, alcançou esse feito, imagine o avanço que podemos alcançar em todas as cidades do Paraná. Assaí contou com o apoio da Secretaria da Inovação para inaugurar a Agência de Inovação do Vale do Sol, no ano passado. É nossa missão na Secretaria impulsionar cada vez mais a inovação e, consequentemente, criar mais oportunidades para todos os municípios do Paraná.
Quais são as principais metas e objetivos da Secretaria de Inovação?
Alex: Os principais objetivos da SEI são, primeiramente, a modernização da máquina pública e a promoção da inovação dentro do próprio Estado. Vamos lançar um hub de GovTechs para estimular startups a buscarem soluções para o Estado. Para isso, organizamos um seminário sobre compras públicas em parceria com a ABDI, visando desenvolver compras inovadoras permitidas por lei. Queremos avançar em compras inovadoras no Paraná, dialogando com o Tribunal de Contas, o Tribunal de Justiça e outros órgãos de controle. Também estamos focados na governança dos ecossistemas de inovação, incentivando regiões e municípios a desenvolverem seus próprios ecossistemas, com o apoio do Estado. Vamos dar ênfase às startups do Paraná com iniciativas como o Anjo Inovador, que proporciona recursos para startups. Além disso, temos um foco especial na inteligência artificial, contratando profissionais de todo o Brasil para a transformação digital do Estado. Já temos mais de 100 inscritos e buscamos talentos para nos ajudar nesse desafio. Estamos animados e confiantes de que o Estado do Paraná está no caminho certo para alcançar grandes resultados.