O Seguro Garantia tem se destacado no Brasil, com o mercado alcançando R$ 4,3 bilhões em prêmios em 2023, um aumento de 24,3% em relação ao ano anterior, segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados). Essa modalidade oferecida por seguradoras garante o cumprimento de obrigações contratuais em transações como obras e licitações, oferecendo proteção às partes envolvidas e garantindo ressarcimento em caso de inadimplência.
Além de promover segurança jurídica, o Seguro Garantia estimula a concorrência, atrai investimentos e protege contra perdas financeiras, refletindo seu papel fundamental no crescimento do setor. Os prêmios diretos correspondem ao total arrecadado pelas seguradoras com a venda dessas apólices.
O Economia PR Drops conversou com o CEO da Junto Seguros, Roque de Holanda Melo, para saber como a inovação e a tecnologia vem transformando o setor. Além disso, a paranaense foi a primeira seguradora do Brasil a ultrapassar os R$700 milhões em prêmios diretos. Nesta entrevista exclusiva, Roque compartilha um pouco desta jornada, ensinamentos e planos da empresa. Confira:
Quais são os principais desafios regulatórios enfrentados pelo mercado de Seguro Garantia, e como as empresas estão respondendo a esses desafios?
Roque: Ao longo dos últimos anos o órgão regulador tem promovido alterações relevantes que impactam diretamente o produto, desde a revisão completa do normativo que estabelece as regras para comercialização do seguro garantia até a implantação do Sistema de Registros de Operação – SRO que, diga-se de passagem, poderá passar por nova revisão sobre o escopo de dados (processo atualmente em fase de consulta pública pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP). Aliado a este fato, a nova Lei de Licitações traz alteração substancial para o seguro garantia, tratando o produto como a única forma capaz de garantir a retomada e conclusão da obra por parte do agente garantidor, sem a necessidade de um novo processo de licitação ou custos adicionais para o Estado, salvo o quanto previsto no orçamento original. O mercado segurador vem trabalhando intensamente no sentido de contribuir com todas as discussões, apresentando a necessidade de aprimoramento dos respectivos textos, sobretudo no tocante ao Sistema de Registros de Operações e à Nova Lei de Licitações e, paralelamente, investindo em tecnologia e pessoas para cumprimento da regulamentação vigente.
Qual é a importância da inovação tecnológica no setor de Seguro Garantia, e como as novas tecnologias estão sendo aplicadas para melhorar eficiência e experiência do cliente?
Roque: Tecnologia é, sem dúvida, a palavra da vez e diria que é um investimento inexorável para quem quer estar presente nos próximos anos, nos mais diferentes mercados, incluindo o mercado segurador. No segmento de seguro garantia, as ferramentas tecnológicas já estão sendo aplicadas, não apenas para facilitar a vida dos parceiros de negócio, de modo a trazer mais agilidade e eficiência operacional, mas também auxiliando nos processos de subscrição de risco; regulação de sinistros; acompanhamento de projetos; captura de leads, dentre outros. Trata-se de um processo de inovação em constante transformação e com benefícios para todas as partes envolvidas.
Como a conscientização sobre a importância do Seguro Garantia está crescendo entre os diferentes setores da economia brasileira e quais são os próximos passos para ampliar sua adoção?
Roque: Apesar de cada vez mais empresas se utilizarem do seguro garantia, assim como os números divulgados pela SUSEP indicarem um crescimento constante do produto (24% quando comparamos os números de 2022 e 2023), ainda há muito espaço para crescimento do mercado segurador no país. O fato é que, infelizmente, no Brasil o seguro ainda é visto como um custo e não como investimento. De toda forma, os benefícios trazidos pelo seguro garantia judicial para as empresas que utilizam o produto, aliado a uma demanda crescente para obras públicas, deixa o mercado otimista e na expectativa de que o crescimento do produto continuará constante nos próximos anos.
Quais foram os principais fatores que impulsionaram a Junto Seguros a ultrapassar R$ 700 milhões em prêmios diretos, e que lições podem ser compartilhadas com outros empresários do setor?
Roque: Eu poderia citar diversos fatores que contribuíram para o atingimento dessa expressiva marca, porém me limitarei a citar três fatores que reputo como fundamentais.
- Primeiro: Uma empresa formada por profissionais altamente capacitados, dispostos a pensar nas melhores soluções para nossos clientes e parceiros;
- Segundo: Desde 2018, a seguradora vem investindo em tecnologia e, atualmente, podemos dizer que disponibilizamos aos nossos colaboradores, clientes e parceiros as melhores ferramentas tecnológicas;
- Terceiro: Temos como um dos nossos pilares estratégicos sempre desafiar o status quo, de modo que utilizamos de todos os nossos recursos e ferramentas para promovermos um processo constantes de transformação dentro e fora de nossa empresa.
Por fim, uma das lições que temos aprendido no nosso dia a dia é que se você investe, genuinamente, no desenvolvimento e qualificação das pessoas colaboradoras e possui um propósito maior, no nosso caso, de transformar o mercado de seguro garantia brasileiro, os resultados virão naturalmente.
Quais os próximos passos da empresa?
Roque: Continuaremos investindo no processo de evolução, inovação e transformação da nossa empresa, bem como participando ativamente de todas as discussões relevantes do nosso mercado. Sem perder o foco no nosso core business, estamos atentos a todas as oportunidades de negócio. Aliás, já iniciamos nossas operações em Fiança Locatícia e estamos otimistas com as projeções de crescimento para os próximos anos. Para o seguro garantia, além do melhor time de mercado e as melhores ferramentas de tecnologia, reinventar-se a cada dia será fundamental para continuarmos liderando um mercado cada vez mais competitivo.