A Chavi, startup curitibana residente do ecossistema de inovação HOTMILK, da PUCPR, comemora o recente aporte de R$ 1,5 milhão no programa Shark Tank Brasil. A investidora Carol Paiffer fez a proposta em troca de 15% da empresa, além de 10% de royalties sobre o crescimento gerado por sua participação.
A empresa, fundada por Gustavo de Paula (CEO), opera com o modelo HaaS (Hardware as a Service) e oferece soluções de fechaduras digitais e sistemas inteligentes de controle de acesso, voltados para empresas de diversos segmentos. O diferencial da Chavi é a possibilidade de aluguel de hardware, permitindo às empresas a implementação de tecnologia de ponta sem a necessidade de grandes investimentos iniciais.
O mercado imobiliário tem sido um dos principais alvos da Chavi, que oferece uma solução para o controle de acessos em imóveis à venda. Incorporadoras podem enviar chaves digitais temporárias diretamente a compradores potenciais, eliminando a necessidade de deslocamento para retirada de chaves físicas. Atualmente, a startup conta com mais de mil fechaduras em operação em várias capitais brasileiras e mais de 500 mil portas abertas por meio de sua tecnologia.
O Economia PR Drops conversou com Gustavo de Paula para saber os próximos passos da Chavi após a captação milionária no programa. Confira:
Como surgiu o insight para a criação da Chavi?
Gustavo: Um dia, eu estava numa imobiliária, em uma reunião com o proprietário, e de repente houve uma confusão no salão de vendas. Fomos ver o que estava acontecendo e vimos dois corretores brigando, literalmente, chegaram às vias de fato. Ambos tinham levado o mesmo cliente para o mesmo imóvel, e o cliente havia prometido que compraria o imóvel, mas ainda não tinha feito a compra. O segundo corretor tinha uma visita agendada para o mesmo imóvel, mas o primeiro escondeu a chave, sumindo com ela para evitar que o outro fizesse a visita e, eventualmente, vendesse o imóvel. Fui para casa pensando: “Com tanta tecnologia disponível hoje, não existe uma solução para gerenciar o acesso às portas nas visitas de imóveis à venda?”. Naquela mesma noite, comecei a estudar o mercado e percebi que todas as fechaduras disponíveis eram invasivas, ou seja, exigiam a troca da fechadura da porta. Para imobiliárias ou construtoras com apartamentos já prontos, isso não fazia sentido. Foi aí que tive o insight: eu não precisava trocar a fechadura, só precisava girar a chave. Então, veio a ideia de desenvolver um equipamento que pudesse fazer isso. Essa foi a ideia inicial.
Quais são as soluções oferecidas e seus diferenciais?
Gustavo: Hoje, nos posicionamos como uma empresa de gerenciamento de acesso, oferecendo várias soluções que envolvem hardware e software para a abertura de portas e diversas funcionalidades associadas a isso. Temos um conjunto de equipamentos para a abertura de portas comuns e portas elétricas, atuando em algumas verticais como o mercado imobiliário, com soluções para visitas a imóveis, e o mercado de co-working, onde oferecemos desde o gerenciamento de acesso até o agendamento de salas de reunião. O usuário consegue visualizar os horários disponíveis, fazer a reserva e receber uma chave digital pelo WhatsApp para abrir a porta. Essa solução também pode ser aplicada em condomínios, escolas, e no mercado de hospedagem, como hotéis, pousadas e Airbnb. São diversas soluções que usam alta tecnologia para facilitar o acesso. Um dos nossos diferenciais é a única fechadura no Brasil que transforma uma fechadura mecânica em uma digital, inteligente, sem danificar a porta. Instalamos o equipamento e, ao removê-lo, a porta permanece como era originalmente. Além disso, nosso modelo de negócios é focado no B2B e na assinatura, ou seja, o cliente não precisa comprar o equipamento; cobramos uma mensalidade pelo uso da solução completa. O cliente tem acesso a um painel administrativo de gestão, onde pode enviar chaves digitais e acessar o histórico de acessos, entre outras funcionalidades que são nossos grandes diferenciais.
Como foi o processo de participação no Shark Tank?
Gustavo: Foi fantástico! Eu acompanho o Shark Tank há muitos anos e já queria ter levado a Chavi ao programa antes, mas senti que ainda não estávamos prontos. Sabia que, se participássemos no ano passado ou retrasado, não teríamos a maturidade necessária. Então, esperei o momento certo, e este ano senti que estávamos preparados. O processo é longo: você se inscreve, preenche vários formulários, faz entrevistas, testes de vídeo, enfim, é um funil bem grande, com milhares de inscritos. Felizmente, fomos aprovados em todas as etapas até chegarmos ao programa, onde conseguimos conquistar um Shark. Todo o processo foi muito bacana, desde a inscrição até o programa em si. Cada etapa foi uma grande emoção.
Como vocês planejam usar o aporte de R$ 1,5 milhão da Shark Carol Paiffer?
Gustavo: Temos um plano de negócios bem definido, e nossa solicitação de investimento foi baseada nele. Pretendemos alocar 20% no desenvolvimento de produtos, 20% na estruturação e ampliação da equipe, 30% na área de vendas e 30% no marketing. Além disso, planejamos a expansão nacional, já que atualmente temos clientes em algumas cidades, mas queremos atender todo o Brasil.
Quais são os próximos passos da empresa?
Gustavo: Nossa ideia agora é estar muito próximos da Carol e aproveitar toda a visibilidade e apoio que ela oferece. Ela montou uma aceleradora chamada Dinastia, voltada para as startups em que investe, e estamos muito animados com as possibilidades que essa parceria vai nos proporcionar. No nosso roadmap, temos o desenvolvimento de novos produtos, tanto de hardware quanto de software, com soluções específicas para cada uma das verticais em que atuamos. A expansão nacional também está em nosso radar. Quanto a novas rodadas de investimento, estamos sempre abertos a conversas, mas, com a entrada da Carol, nosso foco agora é fazer a empresa crescer e, talvez daqui a um ano ou um ano e meio, considerar uma nova rodada.