O setor de franquias no Brasil registra expansão em 2024. Só no acumulado do primeiro semestre, o faturamento chegou a R$ 121,8 bilhões, ou 15% mais que em igual período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Para 2025, o mercado está em alerta. Além das condições econômicas internas, o resultado das eleições nos Estados Unidos e o novo governo por lá, a partir de janeiro, tendem a ter efeitos no setor por aqui.
Isso porque o mercado brasileiro de franquias é caracterizado pela presença de grandes redes estadunidenses.
São marcas em vários segmentos: Pizza Hut, Domino’s, Subway, Burger King e McDonald’s, no food service; Laundromat e Dryclean, no ramo de lavanderias; e ainda NYS Collection (óculos), Maybelline New York (cosméticos) e School of Rock (escola de música) são alguns exemplos.
O aquecimento do mercado de franquias reverbera em atividades correlatas, de fornecimento ou de prestadores de serviço.
O CTO de uma startup que integra essa cadeia, a Zinz, o engenheiro civil Gustavo Pahl, entende que a conjuntura política nos Estados Unidos precisa ser observada atentamente pelo setor no Brasil.
A Zinz é um marketplace que conecta franqueados e prestadores de serviços de obras e reformas (é conhecida como o “Mercado Livre” para obras de franquia).
Duas das marcas do presidente eleito, Donald Trump, e de seu projeto são o protecionismo às empresas norte-americanas e a desregulamentação do mercado.
Sendo assim, o setor no Brasil deverá estar atento a como se dará esse movimento: se haverá estímulo à expansão externa ou se o foco será o mercado interno, conforme pontua o CTO da Zinz.
“O governo de Trump pode aumentar a confiança entre os proprietários de franquias e investidores potenciais, impulsionando o crescimento do mercado. A abordagem empresarial de Trump e as políticas de desregulamentação podem simplificar o setor de franquias, tornando-o mais acessível”, afirma.
Gustavo acrescenta: “O estampido de Trump como figura de um ensino global de política empresarial possivelmente motivaria o governo brasileiro a adotar medidas semelhantes, criando um ambiente mais propício ao crescimento do negócio de franquias. Isso atrairia investidores e ampliaria as oportunidades de entrada de marcas globais e startups brasileiras no mercado”.
Para o engenheiro, caso o Brasil adote políticas protecionistas como as propostas por Trump, o preço de materiais de construção importados deve subir, resultando em aumento em toda a cadeia.
“Essas políticas podem também mudar o foco das franquias de marcas e produtos importados, como o McDonald’s, para marcas e produtos brasileiros”, pondera.
Por outro lado, segue: “Caso o Brasil comece a utilizar a mentalidade de Trump para a desregulamentação de mercado, todos os setores da economia, o de franquias incluído, tendem a se beneficiar, com a facilidade de fazer negócios, contratar e vender”.
O CTO da Zinz arremata: “Em resumo, a eleição americana traz um nível de volatilidade para o mercado de obras brasileiro que deve ser medido já nos primeiros meses de 2025”.
A esses aspectos externos, soma-se a conjuntura interna. Gustavo compartilha da análise da ABF, a qual indica que o setor de franquias experimenta o melhor momento desde a pandemia de covid-19.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de 2,5% no primeiro trimestre de 2024 (frente ao igual período de 2023), a queda no desemprego e o aumento real dos salários têm favorecido o setor neste ano.